O vice-presidente do Irã, Mohammad Javad Zarif, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, 12. O ex-chefe da diplomacia iraniana e arquiteto do acordo nuclear de 2015 tinha sido nomeado pelo presidente reformista Masoud Pezeshkian no início de agosto.
Pelas redes sociais, Javad Zarif anunciou sua decisão para “evitar quaisquer suspeitas ou desculpas por perturbar o trabalho do governo”. Também disse que um dos motivos para renunciar foi a “dúvida sobre minha utilidade na posição” de vice-presidente do Irã.
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Próximo dos reformistas, Zarif não tem afiliação política específica e foi chefe da diplomacia do Irã entre 2013 e 2021, sob a administração do moderado Hasan Rohani. Ele desempenhou um papel crucial na campanha eleitoral de Pezeshkian, contribuindo para sua vitória.
Depois da eleição, Pezeshkian confiou a Zarif a tarefa de formar uma comissão para propor candidatos ao conselho de ministros. Durante a campanha, o ex-chefe da diplomacia prometeu aumentar a representação de mulheres, jovens e minorias étnicas e religiosas, especialmente sunitas, no governo.
No último domingo, 11, Pezeshkian submeteu a lista de membros do governo ao Parlamento. No entanto, a lista não incluiu mulheres, jovens ou membros de minorias. “Lamento não ter conseguido implementar o aviso dos especialistas da comissão e conseguir a inclusão de mulheres, jovens e grupos étnicos, o que prometi”, declarou Zarif.
Pressão no Irã em decorrência da nacionalidade dos filhos
Zarif também explicou que enfrentou pressões depois da sua nomeação, devido ao fato de seus filhos terem nacionalidade norte-americana. Uma lei do Irã proíbe a nomeação de pessoas com dupla nacionalidade, ou cujos filhos ou cônjuges a possuam, para cargos sensíveis.
Ao anunciar sua renúncia ao cargo, Javad Zarif afirmou que sua mulher e filhos “vivem no querido Irã”. Acrescentou que tem “dois embargos dos EUA e um embargo canadense. Eu e minha mulher nem sequer somos capazes de viajar como turistas para os Estados Unidos, Canadá e alguns outros países”.
Zarif foi o arquiteto do acordo nuclear de 2015 entre Teerã e a comunidade internacional, que visava a reduzir as sanções contra o Irã em troca da limitação do programa nuclear do país. No entanto, o acordo estagnou em 2018, quando o ex-presidente dos EUA Donald Trump retirou o país e reinstaurou as sanções.
Durante sua campanha, Pezeshkian defendeu um Irã mais aberto ao mundo para tirar o país do isolamento e prometeu relançar o acordo nuclear.
É bom mesmo que ele caia fora deste governo. Principalmente para preservar o que fez de bom.