Quase nunca Yahya Sinwar, de 63 anos, é visto sorrindo. Seus cabelos curtos e grisalhos, a barba bem feita, dão a impressão de uma pessoa tranquila, preocupada em se cuidar. Mas o olhar logo mostra um rancor permanente.
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Ele é o principal líder do Hamas na Faixa de Gaza e o segundo na hierarquia do grupo. Só está atrás do líder geral, Ismail Haniya, que mora entre o Catar e a Turquia. Sinwar foi o mentor dos ataques de 7 de outubro, em que, para as autoridades de Israel, além da crueldade das ações, mostrou mais uma característica: a ingratidão.
Sinwar passou cerca de 22 anos na prisão em Israel, entre detenções e solturas, segundo relatório das Forças Armadas de Israel (FDI).
Considerado terrorista pelos Estados Unidos desde 2015, ele nasceu em 1962, em um campo de refugiados em Khan Yunis, então sob controle do Egito. Lá viveu sua infância, alimentado pelo ódio a Israel imposto pelo regime do ditador Gamal Abdel Nasser (1958-1970).
Fez o colegial na Escola Secundária de Khan Younis, voltada a meninos, antes de ingressar na Universidade Islâmica de Gaza. Tornou-se bacharel em Estudos Árabes. Mas sua maior escola foi a prisão.
A partir dos anos 1980, a ideologia disfarçou seu desejo de matar. Tornou-se um espião, nos anos 1980, dos palestinos que considerava traidores e aliados de Israel.
E acrescentou à revolta laica de Nasser e o seu pan-arabismo, o caráter religioso e obcecado de seu repúdio a Israel. O desejo de destruir Israel estava presente cada vez que ele respirava. Seus sonhos, para uma pessoa normal, eram pesadelos de destruição e morte.
Quatro prisões perpétuas
Não demorou para ele ascender na hierarquia do grupo e já comandar células que realizavam atentados contra civis israelenses.
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Antes mesmo da formação do Hamas, em 1987. Foi preso por subversão em 1982 e, dois anos depois, conheceu o líder das milícias Izz-ad-Din al-Qassam, Salah Shehada, também prisioneiro na ocasião.
Em 1989, foi condenado a quatro prisões perpétuas por organizar atentados que mataram dois soldados israelenses e assassinaram quatro palestinos suspeitos de traição. Sempre tentou, nunca conseguiu escapar.
Soube da morte de Shehada, quando este já estava solto, em 2002, em ação da Inteligência de Israel.
E em 2011, Sinwar só deixou a penitenciária porque foi trocado, entre 1.026 prisioneiros, pelo soldado israelense Gilad Shalit, capturado pelo Hamas cinco anos antes.
Sinwar havia passado por momentos de pânico na prisão. Não exatamente em função do tratamento dos carcereiros. Mas por causa de um tumor cerebral que o levava a ter fortes dores de cabeça. Foi quando precisou ser operado.
Levado a um hospital de ponta em Israel, os médicos israelenses o operaram, por volta de 2006, e salvaram a sua vida, conforme contou à Al Jazeera, Avi Issacharoff, um jornalista israelense especializado em assuntos palestinos.
“Sinwar foi operado, os médicos israelenses retiraram o tumor de sua cabeça”, confirma André Lajst, presidente da organização StandWithUs Brasil. Àquela altura, o extremista já havia aprendido a falar hebraico e mostrava intimidade maior com a cultura do país. A ponto de, no momento em que deixava o hospital, segundo Lajst, ter dito aos médicos: “Todá (obrigado).”
Orit Adato, ex-comissária penitenciária de Israel, falou da cirurgia para o The Times of Israel. Para ela, a operação de Sinwar também contraria a tese de que Israel trata mal os prisioneiros palestinos.
“Quando eles dizem que não estão sendo bem tratados, peço a você e a outros que liguem para uma pessoa específica, Yahya Sinwar, que está vivo hoje apenas por causa da cirurgia que salvou sua vida”, disse.
Retorno à Faixa de Gaza
Lajst afirma que os interrogatórios de Israel são duros, mas não desrespeitam as leis internacionais.
Quando ele deixou a prisão e retornou a Gaza, recomeçou as suas atividades conspiratórias contra Israel. A ambição política o fez buscar a liderança do grupo, o que conseguiu em 2017.
Sinwar até esboçou uma postura mais pacífica para o Hamas. Em setembro de 2017, em nova rodada de negociações com a Autoridade Palestina (AP) no Egito, o radical concordou em dissolver o comitê administrativo do Hamas em Gaza.
O grupo terrorista havia assumido o controle da região em um golpe armado contra a AP anos antes.
Sinwar, no entanto, não colocou em prática a promessa. Assim como, depois de, em 2018, dizer que o Hamas buscaria uma resistência pacífica, impeliu seus seguidores, no dia seguinte, a darem prosseguimento a atos terroristas contra Israel.
Os próprios ataques de 7 de outubro foram mais uma mostra desse lado traiçoeiro deste líder.
Por dois anos, desde que a casa de Sinwar foi bombardeada (e ele não foi atingido), o Hamas deixou de atacar Israel. Isso deu a impressão de que o grupo queria uma trégua.
Com as FDI acomodadas, foi possível fazer o ataque-supresa, que deixou mais de 1,4 mil mortos em Israel.
Mas o país que um dia salvou Sinwar, agora o quer a qualquer custo. Ao defini-lo como o ártifice dos ataques, o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Richard Hecht, recentemente chamou Sinwar de “homem morto andando.” Neste sentido, por mais que tenha sido bem-intencionada, a cirurgia não foi bem-sucedida. O ódio de Sinwar ainda é um tumor incurável.
Este daí tem que morrer, lamentavelmente é a única solução para ele, É O MAL ENCARNADO!!!!
Ódio não tem cura. Só a morte e a eternidade no inferno, quem sabe…
Concordo plenamente o líder do Hamas “Sinwar” esta com os pés na cova. A única cura para o ódio é a morte.