Três dias antes do depoimento do general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI, à CPMI do 8 de Janeiro, o filho do general, Gabriel Dias, negociou um encontro entre um assessor da relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o general.
Nas mensagens entregues à comissão — e obtidas por Oeste –, Gabriel diz ao pai que o “Júlio” e o “Binho” (não foi possível identificar quem seriam essas pessoas) entraram em contato com Eliziane e que ela teria dito para o assessor conversar com G. Dias.
“Você vai trazer ele [assessor] aqui?”, perguntou o ex-ministro ao filho em 28 de agosto. “É o chefe [de gabinete] mesmo?” Então, Gabriel confirma ao pai que, de fato, seria o chefe de gabinete da senadora.
“O Júlio e o Binho entraram em contato com a senadora”, explicou Gabriel. “Aí ela [Eliziane] disse para ele ir conversar com você. O Júlio vai me passar o nome da pessoa.”
+ Troca de mensagens confirma que G. Dias pediu fraude em relatório da Abin
Segundo o deputado federal Filipe Barros (PL-SP), o encontro entre G. Dias e o assessor aconteceu em 29 de agosto. Além disso, que, logo após a reunião, o general teria recebido um documento com perguntas e respostas a serem feitas durante o depoimento do general.
“No documento, contém, basicamente, as mesmas perguntas feitas pela relatora ao general”, acusou Barros durante uma sessão da CPMI desta terça-feira, 12. “À esquerda, temos a pergunta do documento e, à direita, o questionamento da relatora. Politicamente falando, o relatório da senadora está regado de um vício. Ela, como relatora, não poderia mandar seu chefe de gabinete se encontrar com um depoente investigado às escondidas. Ela macula o relatório da CPMI.”
Confira algumas das perguntas mencionadas por Barros: Arraste para o lado para ler
Em outro momento, em 13 de junho, G. Dias mandou uma mensagem a João Paulo, um de seus advogados, informando que uma pessoa próxima esteve com Eliziane e que, depois, essa pessoa teria conversado com Gabriel. “[Ele] não quis falar o conteúdo por telefone”, escreveu o ex-ministro.
Em sua defesa, Eliziane explicou que nunca viu o filho de G. Dias e negou ter trocado qualquer contato com o general ou com aliados dele.
“Se o Gabriel falou com alguém do meu gabinete, ele deve ter ligado como liga qualquer pessoa”, disse a relatora da CPMI. “Sobre a repetição de perguntas, o que mais tem nessa CPMI é a repetição. Perguntar se ele fraudou [um documento da Abin], é a grande pergunta do debate. Se eu não fizesse essa pergunta, seria uma prevaricação da minha parte. Faço todas as perguntas que deveram ser feitas. Minhas perguntas foram repetidas por outros parlamentares aqui.”
Deputados da oposição teriam articulado encontro com filho do G. Dias
Em 24 de agosto, Gonçalves Dias encaminhou a seu advogado uma mensagem que recebeu de seu filho. Na conversa, Gabriel diz ao pai que os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Filipe Barros e André Fernandes (PL-CE) o procuraram para “conversar”.
O advogado então perguntou ao general se a conversa teria sido “boa”. “Muito boa”, respondeu G. Dias. Procurados por Oeste, Barros e Fernandes negaram qualquer contato ou encontro com Gabriel. Já a equipe de Nikolas não retornou até a publicação desta reportagem.
Leia também: “O mosaico do 8 de janeiro”, reportagem publicada na Edição 179 da Revista Oeste.
A coluna No Ponto analisa e traz informações diárias sobre tudo o que acontece nos bastidores do poder no Brasil e que podem influenciar nos rumos da política e da economia. Para envio de sugestões de pautas e reportagens, entre em contato com a nossa equipe pelo e-mail [email protected].
Maranhão deveria ser defenestado do mapa do Brasil um estado arcaico que só produz politico corrupto.
Alguma coisa boa vem do Maranhão ?
Parece a Cloaca do Brasil.