O ambulante Paulo da Silveira e Silva, de 40 anos, chegou a Brasília em 8 de janeiro de 2023, por volta de 21 horas.
Ele viajou de Abadiânia (GO) até a capital federal para vender dez bandeiras que havia comprado em sua cidade. Com o dinheiro, pretendia pagar a pensão do filho e garantir o próprio sustento.
Durante a noite, Silva dormiu sob uma árvore nas cercanias do Estádio Mané Garrincha. Às 5 horas do dia seguinte, sem pretensões políticas, levantou-se para ir até o Quartel-General (QG) de Brasília, onde soube que havia gente acampada que poderia comprar seus produtos.
Ao chegar ao QG, vendeu apenas três unidades, pois acabou preso pela polícia junto dos demais manifestantes.
Prisão do vendedor de bandeiras do 8 de janeiro
Detido na Papuda por três meses, Silva ganhou a “meia liberdade”, em março daquele ano, em virtude da tornozeleira eletrônica e outras medidas restritivas estabelecidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Embora solto, a vida continuou difícil. Isso porque Silva tem hora para voltar para casa e não pode sair aos fins de semana. Dessa forma, as cautelares dificultam que ele tenha empregos com carteira.
Para complementar a renda que ganha fazendo bicos de pedreiro e capinagem, Silva conta com a ajuda do irmão, que também o auxilia no pagamento da pensão do menino de 11 anos.
“O denunciado nunca foi para a Praça dos Três Poderes, como pode provar pelo rastreamento de seu celular, muito depois da ocorrência dos atos criminosos a ele imputados”, observou a defesa, na ação. “Nunca se associou a práticas criminosas nem corroborou com práticas criminosas.” Assim como centenas de presos do 8 de janeiro, Silva luta para provar que é inocente.
Leia também: “Três injustiças supremas”, reportagem publicada na Edição 239 da Revista Oeste
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Quem tinha que estar preso é o faraó de toga