Depois de ficar seis meses encarcerado, Jean de Brito da Silva, o autista preso em virtude das manifestações do 8 de janeiro, foi absolvido, nesta quarta-feira, 5. A decisão veio depois de Oeste revelar a história do catador de material reciclado, de 28 anos.
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Apesar de agora ele poder tentar restabelecer a vida em Juara (MT), a pouco mais de 650 quilômetros de Cuiabá, medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, ainda o impedem de ter a liberdade completa. Além disso, Silvia Giraldelli, advogada de Jean, afirmou que será difícil fazê-lo esquecer os sofrimentos e a solidão que passou no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
“Moraes ignora os advogados que atuam na defesa dos presos do 8 de janeiro”, afirma advogada
Em entrevista à edição desta quinta-feira, 6, do Jornal da Oeste, Silvia afirmou que o “autista ficou esquecido durante todo tempo que ficou na prisão”. De acordo com a advogada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ignorou todos os pedidos da defesa em relação à condição de Jean.
Desde o começo do processo, a defesa do catador de material reciclado informou o estado de saúde do jovem e chegou a anexar laudos médicos que atestam a condição de autismo. No entanto, somente em fevereiro de 2024 é que a Procuradoria-Geral da República se manifestou pela impunidade de Jean. O parecer, contudo, ainda não havia sido apreciado por Moraes no STF.
Silva afirma que o autista foi maltratado na prisão
Silvia afirma que esse esquecimento não deixa de ser um maltrato. “Ele ficou 6 meses encarcerado, longe da família, de atendimento médico.”

Além disso, Jean ficou impedido por dois anos de visitar os familiares. O avô do jovem morreu no mês passado, e ele não pôde visitá-lo. Em razão dessas situações, Silvia afirmou que as atitudes de Moraes não condizem com os direitos humanos. “O processo é um absurdo”, afirmou. “Foge a tudo que está no ordenamento jurídico.”
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Esse torturador vai sofrer muito antes desencarnar