O deputado Felício Laterça (RJ) discorda das suspeitas políticas criadas acerca das buscas realizadas pela Polícia Federal contra Witzel. O parlamentar é delegado de carreira da PF e, em 2018, foi indicado para ser superintendente da corporação no Rio
O deputado federal Felício Laterça (PSL-RJ), primeiro-vice-líder do partido na Câmara, comemora as investigações feitas pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 26. O parlamentar defende que é mais do que necessário investigar possíveis e supostos desmandos em compras pelo governo estadual de insumos usados no combate à covid-19.
A investigação desperta por parte dos críticos do governo federal suspeitas políticas sobre o vazamento de informações sigilosas por uma suposta influência e interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. “A interferência anunciada pelo presidente da República está oficializada”, declarou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, no Twitter.
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Mas Laterça, que é delegado da PF de carreira e, em 2018, foi indicado para ser superintendente da corporação no Rio, minimiza a suspeita de interferência política e desqualifica a politização sobre a investigação. “A corrupção não pode ser politizada. Pegaram o enredo de uma insatisfação do presidente da República e aí querem dizer que ele está manipulando a PF. Isso não é verdade”, sustentou o deputado.
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A opinião de Laterça é politicamente imparcial. O deputado não é da base de apoio direta do PSL ao presidente, dos parlamentares que estão na Justiça eleitoral pleiteando a desfiliação partidária. “Ele [Bolsonaro] pode colocar um ou outro diretor, um ou outro superintendente, como pode ter um policial na sua segurança que você é simpático ou não. Agora, cada um tem sua missão”, sustenta.
Vazamentos
O vice-líder do PSL não nega a possibilidade de se haver vazamentos, mas não associa isso a uma interferência do governo sobre a PF. “Eu não vou dizer que vazamento não pode acontecer. Agora, cada um tem sua missão. O trabalho de investigação não se faz sozinho. Não se esqueçam que a PF não é o único ator. Tem o Ministério Público estadual, o Judiciário. Mas todos só apontam o dedo para a polícia”, protesta.
O deputado também sustenta que não concorda com retóricas de um lado ou outro de perseguição. Para ele, a operação é fruto de “desmandos que acontecem sempre”. “As pessoas não querem caminhar da forma correta, da forma idônea. Onde há fumaça, há fogo. Isso aí é desvio e mais desvio. É vantagem daqui e vantagem dali. Eu ando saturado disso. Fico indignado mesmo, revoltado. Falo sempre. Tem muito bandido para pouco mocinho”, critica.
Corrupção
A correlação da investigação com o chamado Covidão é outra área que Laterça acompanha na Câmara com lupa. Ele é membro da Comissão Mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária durante a pandemia. Para ele, não há dúvidas dos desmandos com o dinheiro público. “As pessoas nessa questão do covidão, ou como quiserem chamar, perderam tudo. O Estado deve continuar tendo os cuidados que uma licitação prevê”, observa Laterça.
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Para o deputado, os governantes devem manter critérios habituais. “Uma licitação prevê tomada de preço, compras com empresa idônea. Como sair comprando em uma de fundo de quintal? Não tem cabimento. E o pior, no Rio, vale para todo o estado, principalmente na capital. Eles não reativaram leitos de hospitais que existem, é uma vergonha. E aí começa a falar de fazer hospital de campanha, comprar isso, aquilo. Que legado querem deixar? Só se for o legado da corrupção”, critica.
A Impunidade, com a soltura de presos, estimula a corrupção.