(J.R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 18 de janeiro de 2020)
A eleição presidencial de 2022 ainda está longe, e tentativas de adivinhar hoje o que vai acontecer daqui a dois anos são ótimas candidatas a quebrarem a cara. Apesar dessas evidências, o noticiário político está carregado de previsões sobre quem está ganhando e quem está perdendo. Tudo bem: eleição é assim mesmo, com muita fumaça e pouco fogo até a hora em que as coisas começam a ficar sérias de verdade. Não adianta brigar com isso.
Imagina-se, no momento, que as vacinas contra a covid — a “vacina do Doria” de um lado do ringue, e a “vacina do Bolsonaro” no canto oposto — vão ser a chave de tudo. Ganha a eleição quem der ao eleitorado a impressão de que vacinou mais que o outro, ou que a sua vacina “pegou mais” que a do inimigo, e outros despropósitos da mesma ordem.
É um retrato da qualidade miserável em que afundou o debate político no Brasil nos dias de hoje. Não há a mais remota possibilidade de se debater com seriedade as questões reais que a sociedade brasileira tem pela frente. É o bom encaminhamento que se der a elas, para começo de conversa, que vai determinar a eficácia da vacinação e de qualquer outra decisão do poder público.
Mas o que se tem no momento é uma operação de marketing para um lado fazer melhor figura que o outro junto aos eleitores — e uma briga de foice entre dois políticos que estavam juntos dois anos atrás, e são agora inimigos de morte por razões que não têm absolutamente nada a ver com nenhum princípio.
Nenhum país bem-sucedido do mundo, em termos de vacinação, está fazendo nada remotamente parecido com o que se faz hoje no Brasil. Alguém já imaginou na Inglaterra, por exemplo, faixas, discurseira de político e propaganda grosseira sobre a vacina? Tipo: “A Rainha, o Duque de Edimburgo e você só estão tomando esta vacina porque o governo resolveu tudo, e a oposição não fez nada”. Não dá mesmo para imaginar.
Além da palhaçada, da vigarice e da perversidade de se transformar um desastroso problema de saúde pública em briga política pessoal, a guerra das vacinas ainda não provou nada — nem qual o seu exato efeito sobre a evolução da epidemia e, muito menos, qual o peso que a vacinação de hoje terá em 2022. Quais as lembranças que ainda estarão de pé, daqui a dois anos? É isso o que vai realmente contar, no fim de todas as contas.
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Sinceramente, dá nojo ver essa situação em que chegou o país. Lamentável ainda mais, é ter que debater/esclarecer fatos distorcidos pela mídia suja que temos. Essa, está formando um grande exército de gente sem senso crítico diante do exposto. Engolem o que eles empurram, comem como verdade absoluta e pronto. Pior que a miséria financeira e social, é a que estamos vendo, a mental.
“VápraMiami” transformou-se no “Vacine”.
Não é que eu deseje isso, mas quando começar a aparecer casos estranhos ligados a essas vacinas, que podem aparecer desde pequeno, médio e longo prazos, eu vou querer saber quem assumirá a paternidade disso. Ainda tem dois anos para aparecer algo escabroso ligado a essas vacinas. Mas como já disse no início, francamente espero que tudo dê certo.
A guerra foi montada e feita apenas por um lado que tenta ganhar palco para disputar as eleições e, para isso , é importante estar sempre em evidência na mídia desgastando o governo. A outra questão é que Bolsonaro e Dória nunca estiveram juntos, apenas o Dória queria uma aproximação para ganhar votos para o governo de São Paulo, e essa aproximação foi rechaçada por Bolsonaro.
Pois é Guzzo. O QUE NÃO EXISTE NA POLÍTICA É A FRATERNIDADE E A SOLIDARIEDADE NOS MOMENTOS MAIS DRAMÁTICOS DA HUMANIDADE.