O homem que disse a verdade ao STF

Sebastião Coelho, desembargador aposentado, advogado de um dos réus das invasões do oito de janeiro, quebrou a espiral do silêncio e do medo. Disse o óbvio à frente dos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF): os ministros são odiados pela maior parte consciente da população brasileira porque agem de maneira autoritária. Uma verdade simples e óbvia. Repercutiu de maneira avassaladora. Mas por que dizer o óbvio ululante no Brasil virou ato de heroísmo? Vamos lá.

O STF hoje manda no Brasil de maneira ditatorial. Todos sabem disso, inclusive, quem por ideologia endossa a ditadura. Todos sabem que todos temem o Supremo. Por razões óbvias: destruíram o devido processo legal, a individuação de conduta, a defesa justa, criaram crimes que não existem em inquéritos ilegais para perseguirem, censurarem e destruírem o trabalho e a vida de pessoas de espectro conservador. Todos veem, todos sabem, todos temem. Todos sabem que a grande mídia nada diz sobre isso porque também, por ideologia, endossa a ditadura togada com apoio do Executivo e omissão do Congresso. Todos sabem que nossas lideranças políticas, por medo e oportunismo, se calam diante desta ditadura. Todos sabem que sem uma palavra de faísca que incite no povo um sentimento de ação libertadora, dificilmente haverá uma insurreição popular por liberdade e democracia.

Em se sabendo demais sobre a ditadura que nos come vivos, nada fazemos e ficamos à mercê de nossa inação. O protesto do silêncio e da ausência do povo em 7 de setembro de pouco valeu porque de pouco vale o silêncio para ditadores. Todos os ministros do Supremo sabem que agem como ditadores que se travestem de guardiões da democracia; sabem que as pessoas estão acuadas, com medo de dizerem o óbvio, porque a opinião óbvia da ditadura óbvia pode gerar censura, cadeia, perda de conta bancária, de dinheiro, de trabalho, de vida. Todas as ditaduras defecam e andam para protestos silenciosos. Nenhum ditador em Cuba, na Rússia, na China, na Nicarágua, na Venezuela, se ressente da ausência ou silêncio, ou constrangimento reprimido e simbólico do povo. Na verdade, ditadores se alimentam deste silêncio para construírem a narrativa que bem entendem. Alexandre de Moraes sabe disso quando mente conscientemente que o povo ama o STF e que apenas uma minoria extremista odeia o Supremo. O silêncio medroso alimenta a mentira que um ditador quiser criar. Alexandre, Lula, Dino, o ministro da injustiça mentem reiteradamente sobre o caráter extremista, assassino, violento, fascista, golpista, de uma extrema direita que praticamente inexiste no Brasil. Mentem para poder calar todos que se opõem ao regime ditatorial pseudo-progressista. Todos sabem que é mentira. Todos têm medo de dizer que é mentira porque a verdade óbvia dita no Brasil de hoje pode ser considerada fake news pelo Ministério da Verdade de Alexandre de Moraes. Simbolicamente ou não, por protesto ou não, silenciar sempre será um presente para um projeto de ditador.

Por isso, a verdade simples, óbvia e objetiva dita pelo desembargador Coelho é catártica. O desembargador também disse que é perseguido. Mais um entre centenas. Por criticar ministros da Suprema Corte, teve sigilo bancário quebrado. A acusação? Ser mentor intelectual ou financeiro das invasões do 8 de janeiro. Tudo é narrativa para um ditador. Se calar diante da narrativa é endossar a narrativa. O exemplo de Coelho de dizer o óbvio deveria ser seguido por todos. Líderes políticos, jornalistas, influenciadores, cidadãos que simplesmente falarem o óbvio, a verdade, podem impor a obviedade a quem tenta destruir a verdade, a liberdade e a democracia no Brasil, invertendo os fatos e a realidade. Impor a realidade e a verdade de maneira simples se transformou em crime por uma ínfima minoria burocrata que por uma ficção impõe um regime de medo e terror no Brasil. Dizer a verdade óbvia é dever de cada um dos milhões de brasileiros que queiram proteger suas consciências. Duzentos milhões de portadores de uma verdade simples esmaga a mentira autoritária dos onze odiados. 

Um único homem teve a coragem de dizer o que líderes políticos e jornalistas covardemente escondem de suas próprias consciências. Se nossas vozes se unirem à coragem deste homem, derrotamos a ditadura que nos persegue. Medo temos. Enfrentar o medo é que nos separa dos covardes E nos torna dignos de coragem. A coragem é a MÃE de todas as outras virtudes. Sem coragem somos nada. Com coragem salvamos um país e nossas consciências e a nossa humanidade mesma.

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