Adrilles: ‘O dinheiro que compra o amor de TVs e escolas de samba por governos corruptos e autoritários’

Dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro, dizia Nelson Rodrigues. Nem tanto. Compra a projeção interessada de um amor. A não ser que a pessoa ame o dinheiro e enxergue a pessoa como meio para amar o seu fim maior: o dinheiro. No caso de uma emissora de televisão, o amor é pela verba publicitária que constrói novas ideias e ideais e princípios e éticas adequadas a quem a paga. Parece ser o caso da Rede Globo, que recebeu R$ 55 milhões do governo lulopetista, voltando a encher as burras de dinheiro. Claro, não é só o dinheiro que move a emissora no ódio persecutório ao que se chama bolsonarismo, nome simplório para traduzir valores conservadores como liberdade de expressão, valores familiares, pátria, religião etc. Aqueles mesmos valores conservadores que Lula disse combater quando se declarou comunista.

O ódio global pelo conservadorismo é o amor pelo progressismo inoculado desde sempre da educação dos universitários estudantes de comunicação que chegam às redações como militantes que querem adequar a realidade à sua ideologia. Mas o dinheiro ajuda. Ajudam R$ 55 milhões pra pagar salários polpudos que mantêm firme a ideologia socialista que demoniza o capital. Ajuda mais ainda a falta de dinheiro: nos anos Bolsonaro, a Globo minguou um quinto das verbas publicitárias que recebem agora. Coincidentemente, fizeram campanha explícita para Lula, o presidente eleito que agora acena sua gratidão com dezenas de milhões aos cofres globais. Tudo pelo valor da coincidência, claro.

O angu de caroço é que o valor do jornalismo vai a zero quando ideologia e grana falam mais alto. Ideologia que cega o jornalista que não vê uma ditadura que tem censurado, prendido, anulado, massacrado pessoas pelo fato de pensarem de maneira não progressista. Ditadura dupla: do Judiciário e do Executivo, com anuência e complacência do poder midiático global, que endossa e apoia a ditadura. Estranho pra uma emissora que até ontem denunciava mensalões e petrolões, maiores esquemas de corrupção da história da humanidade que colocou na cadeia o próprio Lula e toda a cúpula de seu governo. Não se fala mais disso nas redações da Globo. Não se falou disso no processo eleitoral. Só se dizia do potencial golpe de Bolsonaro, que nunca vinha, do genocídio de Bolsonaro, que nunca houve, do fascismo de Bolsonaro, que nunca existiu e das piadas terríveis de Bolsonaro sobre sua potência sexual. Tudo muito terrível, uma ficção bisonha, claro, se comparada aos crimes reais que jogaram Lula na cadeia. Por uma ficção, a Globo ajudou a eleger um condenado e condenou outro presidente por crimes que nunca cometeu. Uma mudança muito rápida de perfil jornalístico, mesmo considerando a ocupação ideológica das redações, não?

Dinheiro, aliás, é o que agora é negado à Jovem Pan, emissora que cometeu o pecado de dar voz aos famigerados e odiados jornalistas conservadores, que ecoavam a voz da maioria da população brasileira. Sim, a elite midiática tupiniquim torce o nariz para valores populares. Quer educar o populacho. Quando não consegue, tenta silenciar as poucas vozes que representam o povo. A Rede Globo deve sorrir desabridamente quando vê o governo estrangulando a Jovem Pan ao não lhe dar um níquel sequer de verba publicitária do governo; ao ver o Judiciário aparelhado por progressistas do coração entrar com dois processos para cassar a emissora. A própria Jovem Pan, apavorada, tenta se adequar ao carrasco, tirando de seus quadros seus maiores nomes, para tentar fazer ponte com Judiciário e o governo que a querem morta. Não tem funcionado muito bem.

Na verdade, verba publicitária de governo pra empresa de comunicação não devia nem existir. A função de um jornalista, de uma empresa jornalística é encher o saco, fiscalizar, criticar o poder. Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados, já dizia Millor Fernandes. Com dinheiro dado do governo que deveria criticar e que a ajuda a sustentar, que raio de liberdade terá este jornalista e esta empresa pra fazer seu dever de crítica? Vai sempre haver um chefinho dizendo no ouvidinho do seu jornalista: “Critique este governante com doçura. É ele, no fundo, quem paga teu salário. É ele o cara do dinheiro…”

Dinheiro compra de uma rede de TV a uma escola de samba. Neste Brasil subvertido que solta ladroes e prende por crime de opinião, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral será homenageado por uma escola de samba. Será amor ou será que alguém pagou para homenagear Cabral por algum favor a se receber no futuro? No fim das contas, meu caro brasileiro, sabe quem paga por toda esta corrupção moral e financeira? Você. Sim, as verbas de dinheiro público que enchem os cofres da Globo veem do teu bolso. As verbas que financiam a escola de samba que homenageia Cabral, o homem que se disse viciado em roubar, vem do teu bolso. A Globo puxa o saquitel de um presidente condenado por roubar teu dinheiro e você paga por este puxa-saquismo. A Globo cobra teu dinheiro para puxar o saco de um governo ditatorial que vai te censurar e prender se você reclamar. Você paga para ver serem celebrados ladrões, corruptos e ditadores que ainda vão te prender se você reclamar. Tudo em nome do legítimo e democrático Estado de Direito.