Quatro anos depois da morte de Diego Maradona, a Justiça da Argentina inicia nesta terça-feira, 11, o julgamento de sete profissionais da equipe médica do ex-jogador. Eles são acusados de homicídio simples com dolo eventual, sob a alegação de que tinham conhecimento dos riscos fatais para Maradona, mas negligenciaram os cuidados adequados. As penas previstas variam entre 8 e 25 anos de prisão.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
Os réus incluem médicos, enfermeiros e psicólogos, responsabilizados pela assistência ao ex-jogador durante seus últimos dias. A Justiça da província de Buenos Aires sustenta que o atendimento prestado foi inadequado e indiferente, além de ter ocorrido em um ambiente sem condições médicas apropriadas.
Acusações e defesa
Entre os acusados estão:
- Leopoldo Luque, neurocirurgião e médico pessoal de Maradona;
- Agustina Cosachov, psiquiatra responsável pelo tratamento do ex-jogador;
- Ricardo Almirón, enfermeiro encarregado da internação domiciliar;
- Nancy Forlino, médica do plano de saúde Swiss Medical;
- Mariano Perroni, chefe da equipe de enfermagem;
- Carlos Díaz, psicólogo;
- Pedro Di Spagna, clínico-geral.
Uma oitava profissional será julgada separadamente por um júri popular, conforme decisão da defesa.
Os réus negam negligência. Luque, principal acusado, argumenta que Maradona era um paciente difícil e relutante em seguir orientações médicas. Segundo ele, a internação domiciliar foi uma escolha do próprio ex-jogador e sua morte ocorreu de forma súbita, sem sofrimento.
Falhas médicas e histórico clínico de Maradona
Maradona morreu aos 60 anos, em 25 de novembro de 2020, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória em sua casa, na cidade de Tigre, próxima a San Isidro. O inquérito concluiu que sua morte poderia ter sido evitada caso medidas médicas adequadas fossem adotadas.
O relatório judicial detalha falhas no acompanhamento médico, e incluem:
- Falta de exames essenciais para monitoramento do estado de saúde;
- Ausência de especialistas em cardiologia, hepatologia e nefrologia no tratamento;
- Negligência no acompanhamento pós-alta da cirurgia cerebral que o ex-jogador havia realizado.
Antes de sua morte, Maradona havia passado por uma cirurgia para retirada de um hematoma subdural, realizada no início de novembro. Apesar da recomendação médica para internação prolongada, ele foi liberado precocemente. Seu estado de saúde já era delicado, com doença renal crônica, cirrose hepática, insuficiência cardíaca, deterioração neurológica e dependência química.
A promotoria acusa os profissionais de isolarem Maradona de sua família e ocultarem a gravidade de seu estado. Parentes do ex-jogador foram induzidos a acreditar que ele estava com o tratamento adequado.
Julgamento e impacto na Argentina
O processo pode se estender até julho deste ano, com três audiências por semana. A Justiça convocou mais de 190 testemunhas, e as provas incluem laudos médicos, mensagens de celular e áudios trocados entre os profissionais responsáveis.
A morte de Maradona provocou grande comoção na Argentina. Seu velório ocorreu na Casa Rosada, sede do governo argentino, e reuniu milhares de fãs. No dia seguinte, ele foi sepultado em Bella Vista, nos arredores de Buenos Aires.