A PricewaterhouseCopers (PwC) e a KPMG, empresas que prestaram serviços de auditoria independente à Americanas no período em que a companhia admitiu fraude que gerou um rombo de R$ 25 bilhões, rebateram as acusações da varejista de conivência com o caso. Representantes das auditorias foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados na terça-feira 1º.
Depois de uma apuração interna, a Americanas admitiu, em 13 de junho, pela primeira vez, que o rombo era decorrente de fraude praticada pela diretoria anterior. No mesmo dia, o presidente da companhia, Leonardo Coelho Pereira, em depoimento à CPI, afirmou que as auditorias e os bancos foram coniventes com as fraudes.
Agora, essa acusação de conivência foi rebatida pelo sócio da PwC, Fábio Cajazeira Mendes, e pela sócia da KPMG, Carla Bellangero. A PwC foi responsável pelas auditorias na Americanas de 2019 a 2022 e a KPMG, de 2016 a 2018.
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Mendes, diante dos resultados da investigação interna da Americanas que apontou uma série de irregularidades nunca registradas pelas auditorias, disse que se tratava de fraude como de “difícil detecção”.
“Em se confirmando a falsificação de documentos, a omissão deliberada no registro de operações, a prestação intencional de falsas representações aos auditores e o conluio de pessoas de diversas áreas da companhia, estará caracterizada uma fraude de gestão de difícil detecção, baseada em má conduta flagrante e intencional por parte da administração, incluindo [as áreas] comercial, financeira, tesouraria e contábil, com participação de, pelo menos, sete diretores-executivos e dezenas de pessoas”, esquivou-se.
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Carla Bellangero afirmou que no período do contrato da KPMG “nada indicava fraude nem atos intencionais por parte da direção da Americanas” e que Pereira, atual presidente da Americanas, fez “insinuações falsas”. “Sobram motivos para repudiar insinuações contra a KPMG.”
Além disso, declarou que a empresa emitiu cartas extraordinárias de controle externo em 2019. “Os riscos estavam divulgados e eram de conhecimento da diretoria, do Conselho Fiscal, do Comitê de Auditoria e da maioria do Conselho de Administração. As auditorias nada têm a ganhar com as fraudes, ao contrário, são vítimas dessa situação.”
As explicações dos auditores não convenceram alguns deputados, como Mendonça Filho (União-PE), Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Tarcísio Motta (Psol-RJ), para quem a atuação das auditorias independentes afetou a saúde financeira da Americanas e ampliou o tamanho da fraude, que afetou os acionistas e os trabalhadores da empresa.
Ex-diretor da Americanas se cala
Amparado por habeas corpus, o ex-diretor financeiro e de relações com investidores da Americanas, Fábio da Silva Abrate, se negou a responder a uma série de perguntas da CPI das Americanas. Ele é apontado pela atual diretoria como um dos responsáveis pelo rombo. Abrate entrou na Americanas como estagiário, em 2003, e acabou demitido em fevereiro deste ano. Aos deputados, ele disse ter convicção na inocência.
“Essas acusações foram feitas de forma genérica, baseadas em fatos fora de contexto e em documentos aos quais nem sequer tivemos acesso até este momento, o que me impede de saber do que estou sendo exatamente acusado e de me defender de maneira adequada”, afirmou.
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Já o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez não compareceu para depor na terça-feira. Ele alegou problemas de saúde, disse que estava fora do Brasil e solicitou novo agendamento à CPI.
Sei.
É razoável admitir que o desaparecimento de um quilo de pregos seja difícil de detetar numa empresa de grande porte, mas 25 toneladas…? No mínimo abala algumas reputações.