A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do “Arrozão”, que pretende investigar o leilão para a compra de pouco mais de 260 mil toneladas de arroz importado realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), chegou a 110 assinaturas nesta terça-feira, 11.
O documento precisa de 171 assinaturas para ser protocolado. Depois, cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se vai instalar, ou não, a CPI do Arroz.
A informação é da equipe do deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), autor do requerimento do colegiado. Mais cedo, o leilão foi suspenso pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em virtude da desconfiança sobre a capacidade de as empresas vencedoras entregarem o produto. Um novo leilão será realizado.
Além disso, o governo anunciou que o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, colocou o cargo a disposição e foi demitido. Há suspeitas da relação de um ex-assessor dele com sócios das empresas que intermediaram o certame.
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Conforme o deputado, há indícios de possível fraude na condução do processo. Entre as denúncias, está o possível uso de empresas de fachada. O caso que chama mais a atenção é o da principal vencedora do leilão, a empresa Wisley A. de Souza.
Para Zucco, o cancelamento do leilão é uma “confissão de culpa”. “Esse recuo, essa desistência é algo muito negativo para o governo”, ponderou o deputado a jornalistas na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). “Eles verificaram algo de errado e temos que analisar de forma muito clara por meio da CPI.”
No leilão, o governo arrematou 263.730 toneladas de quatro empresas, por R$ 1,3 bilhão. “Não tem como a gente depositar dinheiro público sem termos as reais garantias de que o leilão e esses contratos posteriores serão honrados”, completou o presidente da Conab, Edgar Pretto.
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O governo Lula escolheu importar arroz dias depois do início das enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional do grão. O Estado, no entanto, já havia colhido 80% do cereal. Produtores rurais e especialistas disseram que a compra de arroz era desnecessária, pois não havia risco de desabastecimento.
Em 7 de maio, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o governo decidiu comprar arroz para evitar a alta de preços diante da dificuldade que o Estado passava para transportar o grão para o país.
Depois do leilão do arroz diversas denúncias apareceram. Entre elas, o possível uso de empresas de fachada. O caso que chama mais a atenção é o da principal vencedora do leilão, a empresa Wisley A. de Sousa.
Wisley e o leilão do arroz, que deve ser investigado na CPI
Na última quinta-feira 6, Conab realizou um leilão em que conseguiu firmar a aquisição de cerca de 263 mil toneladas de arroz. Conforme mostrou uma reportagem de Oeste, a Wisley A. de Sousa citada Zucco tem o nome fantasia “Queijo Minas” e atua na região central do Macapá, a capital do Estado do Amapá.
No leilão da Conab, essa empresa que comercializa queijos conseguiu um contrato para importar 147,3 mil e receber em troca R$ 736,3 milhões.
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A Conab firmou contratos para aquisição de quase 264 mil toneladas de arroz no leilão de quinta-feira. Ao todo, quatro empresas conseguiram os lotes. Além da Wisley, também estão nessa lista: Zafira Trading (73,8 mil toneladas), ASR Locação de Veículos e Máquinas (112,15 mil toneladas) e Icefruit (98,7 mil toneladas).
A companhia alega que o leilão é necessário para evitar o desabastecimento e o impacto econômico com o desastre causado com a enchentes no Rio Grande do Sul. Contudo, os números da própria Conab mostram que a maior parte da colheita ocorreu antes das inundações e que a safra gaúcha de arroz será maior que a anterior.