Apesar de a CPMI do 8 de Janeiro estar próxima ao fim, a CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) — que apura os mesmos atos de vandalismo — vai na contramão e prossegue com as investigações até 8 de dezembro deste ano.
Na terça-feira 17, a sessão da CPMI servirá para que a relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), leia o relatório final da investigação. A oposição também vai ter a oportunidade de apresentar um “voto separado” — relatório paralelo.
Em contrapartida, nesta segunda-feira, 9, a CPI do DF ouviu o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, ex-integrante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foi flagrado servindo água aos vândalos no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro.
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Ainda hoje a comissão do DF aprovou a convocação do coronel Sandro Augusto Sales Queiroz, comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança (FNS) no 8 de janeiro.
O deputado distrital Thiago Manzoni (PL) foi quem apresentou o pedido, que foi aprovado por unanimidade. Conforme o parlamentar, Queiroz precisa explicar o motivo de a FNS “não ter agido para conter” os vândalos que destruíram os prédios públicos.
“A Força Nacional estava parada em frente ao Ministério da Justiça com o efetivo de aproximadamente 200 homens”, explicou Manzoni a Oeste. “Então há muitas dúvidas quanto à atuação do ministro da Justiça, há muitas dúvidas quanto à inércia e à inoperância da Força Nacional, e a oitiva do Sandro pode esclarecer o porquê de aquela omissão ter acontecido.”
Um requerimento para ouvir Queiroz chegou a ser apreciado, na semana passada, pela CPMI. Contudo, o documento foi vencido por 14 votos contra dez. Membros da ala governista não queriam ouvir Queiroz, pois, segundo eles, o coronel seria alinhado ideologicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Na ocasião, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) ressaltou que a comissão deveria ouvir, na verdade, Edson Gondim Silvestre, então diretor interino da FNS em 8 de janeiro. “Ele era o responsável por tudo, inclusive, pelos atos do Sandro”, lembrou a senadora.
Conforme apurou a reportagem, Manzoni pretende protocolar um pedido para ouvir Silvestre em breve. “Quem determinou que a Força Nacional se omitisse?”, questionou o deputado.
“Quem determinou que os homens da Força Nacional nada fizessem? Por que não fizeram? Qual a justificativa se tem para isso?”, concluiu. Até o momento, a oitiva de Queiroz não foi marcada.
CPMI obtém imagens da atuação da Força Nacional
Uma gravação do Palácio da Justiça, obtida pela CPMI, mostra alguns agentes da FNS na recepção do prédio enquanto manifestantes estão ao lado de fora. No vídeo ainda aparecem alguns policiais fazendo uma espécie de “cinturão” nos entornos do prédio.
A Oeste, o Ministério da Justiça informou que a ação da Força Nacional em proteger o Palácio da Justiça estava prevista no Plano de Ações Integradas (PAI) — feito com a aprovação do governo do Distrito Federal para prevenir as invasões do 8 de janeiro.
O PAI previa que os prédios do ministério e da Polícia Federal seriam de responsabilidade da Força Nacional. Já as demais áreas ficariam sobre os cuidados das forças estaduais e demais instituições. A informação foi oficializada hoje à CPMI.
Documentos enviados ao colegiado mostram que a FNS foi auxiliar na contenção dos manifestantes na Praça dos Três Poderes, quando o presidente Lula decretou uma intervenção federal.
A Força Nacional acionou dois pelotões da Companhia de Pronta Resposta (CPR). O batalhão foi até a Praça dos Três Poderes para “auxiliar na retirada de invasores e repelir” a multidão.
Depoimentos à CPI do DF
Instalada em 7 de fevereiro deste ano, até o momento, a comissão da Câmara Legislativa já ouviu 27 pessoas. Entre elas estão: o cacique Sererê Xavante, o hacker Walter Delgatti Neto e os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), general Augusto Heleno (GSI) e o general Gonçalves Dias (GSI).
Em outubro, o colegiado vai ouvir outras duas pessoas, sendo: o major Cláudio Mendes dos Santos (19/10), que é acusado de liderar o acampamento em frente ao quartel-general em Brasília; e o coronel Reginaldo Leitão (26/10).