Oeste monitorou que a hashtag “BolsonaroEstavaCerto” colecionou 174 mil engajamentos apenas no Twitter
Depois de o cardiologista Roberto Kalil Filho admitir numa entrevista ter sido medicado com a hidroxicloroquina para tratar a covid-19 e defender o uso do remédio no combate à doença, as redes sociais se movimentaram para levantar uma hashtag de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ferrenho defensor da substância química. “Se há evidências de que a cloroquina funciona, o médico pode discutir o uso com o seu paciente. Vamos esperar que os estudos científicos sejam concluídos daqui a um ano?”, indagou Kalil.
Oeste monitorou que, por volta das 16h00 de ontem, “BolsonaroEstavaCerto” já ocupava a 3ª posição dos trending topics do Twitter. Rapidamente alcançou o 2° lugar e lá permaneceu por quatro horas, porém sem seguir adiante. A hashtag, que colecionou 174 mil engajamentos naquela rede social, é um alerta para as autoridades de saúde ainda reticentes quanto à administração da cloroquina, sobretudo em casos cujo avanço da covid-19 se encontra no estágio inicial.
Confira algumas publicações
https://twitter.com/chrizdinniz/status/1248068823544213505
https://twitter.com/FabianoLebre/status/1248068644946542598
Na página de Bolsonaro, no Facebook, uma postagem da fala do doutor Roberto Kalil recebeu cerca de 95 mil engajamentos (sendo a maioria positivos), 8,5 mil comentários e 32.970 compartilhamentos. O mesmo efeito se repetiu numa postagem semelhante do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que obteve 15 mil curtidas, entre diversas reações positivas, 1.000 comentários e 1.400 compartilhamentos. A campanha, porém, não deslanchou no Instagram, onde recebeu apenas aproximadamente 100 engajamentos.
Todavia, a pesquisa pelo termo “cloroquina” aumentou exponencialmente no Brasil. No Google, foi a palavra mais pesquisada, conforme noticiou Oeste — mais de 100 mil pesquisas foram feitas em todos os Estados. São Paulo liderou o interesse pelo termo, seguido do Distrito Federal e do Rio de Janeiro. Entre as buscas relacionadas estava “receita cloroquina David Uip”, numa referência que faz alusão ao coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.
Uip, que é infectologista, testou positivo para o coronavírus em 23 de março. Decidiu entrar em quarentena e, há três dias, recebeu a confirmação de que estava curado da covid-19. Especulou-se quais os procedimentos teriam levado à melhora do especialista, entre eles, o uso da cloroquina. Numa entrevista ao apresentador José Luiz Datena, Uip não respondeu se havia utilizado o medicamento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, o médico chegou a prescrever o remédio para um paciente.
#DoriaMentiroso
Com isto, Uip serviu de tração para outra campanha, que veio à guincho da favorável à cloroquina: “#DoriaMentiroso”. Ontem, por quatro horas, ela ficou entre os assuntos mais comentados da rede social, mas sem ganhar musculatura. Contudo, apesar de ter apenas 25 mil engajamentos no Twitter, significa que o discurso de contestação às políticas restritivas adotadas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vem ganhando o coração da opinião pública. Não só, serve de aviso para as demais unidades da federação.
No Twitter e no Facebook, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi a força motriz da campanha contra o governador paulista, ao publicar um vídeo no qual Doria afirma ter vindo de Uip o conselho para Mandetta distribuir a cloroquina à população. Na primeira rede social, 25 mil pessoas reagiram, 7.000 retuitaram e outras 5.000 comentaram. Enquanto na segunda, 35 mil internautas curtiram, 15,5 mil compartilharam e 20 mil pessoas comentaram a postagem do deputado.
Na imprensa tradicional, prevaleceram as narrativas que recomendam a cautela quanto ao uso da cloroquina, sobretudo no que diz respeito aos seus efeitos colaterais. Por outro lado, veículos alternativos ligados à direita do espectro político fizeram sombra a essa versão, ao publicar manchetes chamativas com trechos da fala do cardiologista Roberto Kail — nessas notícias, as projeções de engajamento futuras indicaram que informações referentes a esse médico teriam mais destaque do que matérias jornalísticas recomendando “cuidados com a cloroquina”.
Sendo assim, é possível concluir que vem ganhando cada vez mais aceitação o discurso favorável ao uso da cloroquina no combate ao coronavírus. Para tanto, nota-se uma intenção cada vez mais crescente dos brasileiros para medidas que tragam o equilíbrio entre o tratamento à covid-19 e a retomada da atividade econômica no país. Portanto, isso vai na contramão do discurso segundo o qual a “quarentena para todos” é a melhor solução. Ademais, é um alerta vermelho para todos aqueles que se opõem a isso.
COMO ESTAMOS DIRIGIDOS POR DEBEIS MENTAIS: A CLOROQUINA É USADA NO NORTE DO PAIS, INTERIOR,PARA CURA DA POPULAR MALEITA,OU MALARIA.NOS GARIMPOS E ZONAS RURAIS,QUALQUER CORRUTELA TEM ISSO NA FARMACIA.ELA É USADA HÁ MAIS DE 70 ANOS.NUNCA FOI PROIBIDA,AGORA VEM OS TAPADOS PROIBIREM.A OMS,DISSE QUE NÃO PASSAVA ENTRE HUMANOS,QUE MASCARA NÃO ERA NECESSARIA E OUTRAS BESTEIRAS.AS FARMACEUTICAS MUNDIAIS QUEREM VENDER SEU FUTURO ANTIVIRAL E COMPRAM ESSES CRETINOS
Texto claro é conclusivo. Parabéns!
Matéria impecável, mostrando passo a passo como se chega a uma conclusão a partir de dados coletados nas redes sociais. Totalmente diferente do que estamos acostumados, quando a mídia chega a conclusão que quer, a partir de dados nem sempre confirmados.