Equipe econômica não admite, mas é a favor da agenda. Setores das Forças Armadas, inclusive ministros militares, são contrários. Sinalização dada por Bolsonaro é manter o debate estagnado
A equipe econômica não assume publicamente que deseja reduzir salários do serviço público durante a pandemia, nem vai. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defende a medida para mitigar o rombo nas contas públicas no fim do ano, mas sabe que é voto vencido no governo. É uma situação que dificilmente sairá do papel, tendo em vista que setores dentro das Forças Armadas, inclusive ministros militares, pressionam pelo contrário.
O posicionamento deve ser acatado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, aos mais próximos, não demonstra sinais de que vá atender aos anseios da equipe econômica nessa pauta. Como ele sempre diz, não escuta apenas um lado, buscando sempre equacionar a economia e o social.
A resignação com a paralisia da pauta de redução de salários vem, sobretudo, da equipe econômica. Comenta-se que integrantes do alto escalão das Forças Armadas são contra a medida. Alegam, segundo fontes ouvidas por Oeste, que, se se mexer nas remunerações de todo mundo, eles sairão impactados.
O argumento dos contrários ao enxugamento nos salários é que renderia uma economia irrisória perto do malefício que poderia trazer às famílias. O dos defensores da manutenção dos salários integrais durante a pandemia é baseado até no estímulo à demanda. No caso dos militares, sustentam, ainda, que muitos da categoria não recebem supersalário. O Ministério da Economia, contudo, usa o critério de que as receitas são insuficientes para bancar a folha de pagamento.
Orçamento
O Orçamento do Ministério da Defesa — incluindo os comandos das Forças Armadas e outros órgãos — prevê para 2020 cerca de R$ 81,1 bilhões de gastos com pessoal e encargos sociais. A pasta ressalta sempre, contudo, que é um custo inerente à Defesa Nacional ter um grande quantitativo de pessoal em todo o país.
A mesma despesa com pessoal e encargos sociais em todo o Executivo prevista para o ano é de R$ 180,7 bilhões. Para o Judiciário, são R$ 39,6 bilhões. O Legislativo custará R$ 10,8 bilhões.
Aí eu já achei especulação demais, implicando em chamar o Ministro Paulo guedes de mentiroso. O que Guedes tem dito publicamente é que não vê sentido em tirar a liquidez do servidor público neste momento e que prefere que a contrapartida seja o congelamento das remunerações por dois anos.
Ora, esta é a visão de um liberal sobre o assunto. Não faz sentido mesmo o Governo aportar por um lado bilhões para que trabalhadores consigam manter alguma liquidez na Economia e, por outro, cortar salários. Ele prefere manter o máximo de liquidez neste momento e cobrar do servidor público a contrapartida posteriormente: sem aumentos por dois anos.
Insinuar o contrário do que ele vem afirmando publicamente é dizer que ele está mentindo.
Para isso as FFAA se manifestam. Abandonaram a missão de proteger a constituição e a liberdade do povo em troca de seus salários e penduricalhos.
Não se deve desprezar um desconto de 10, 20 % nas folhas de pagamentos dos Três Poderes. Seria uma quantia razoável no equilíbrio das contas públicas.