Dois vereadores de São Paulo, Xexéu Tripoli (PSDB) e Thammy Miranda (PL), disseram que vão retirar o apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar organizações não governamentais (ONGs) e pessoas que fazem trabalho social com população carente e usuários de drogas na cracolândia, como o padre Júlio Lancellotti.
Principal alvo da proposta do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), Lancelotti é coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica Apostólica Romana, em São Paulo. A Arquidiocese de São Paulo, órgão máximo da Igreja no Estado, emitiu uma nota de repúdio.
“Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua”, disse a Arquidiocese.
Thammy Miranda diz que Rubinho Nunes “enganou” vereadores
O vereador trans Thammy Miranda disse que ficou “indignado” com o que chamou de “desvirtuamento político” de Rubinho Nunes. A proposta atingiu 23 assinaturas, e foi protocolada em 6 de dezembro.
“Nós fomos enganados e apunhalados pelas costas”, disse Miranda ao portal g1. “O documento de CPI nunca citou o padre Júlio e usou de uma situação séria para angariar apoio: 90% dos vereadores que assinaram esse pedido não sabiam desse direcionamento político desse vereador.”
Thammy Miranda também disse que está “do mesmo lado” do padre Lancellotti e que já pediu para sua assessoria jurídica acionar a Câmara Municipal de São Paulo e retirar seu apoio do projeto. Xexéu Tripoli também disse que não sabia que Lancellotti seria um alvo quando assinou à proposta de CPI.
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“No início, o proponente alegou que se tratava de uma CPI para investigar ONGs que atuavam irregularmente no centro de São Paulo”, disse Tripoli. “Nunca foi dito o nome do padre Júlio, que é uma pessoa idônea que tem um trabalho que eu admiro e apoio. Há um equívoco e anuncio publicamente a retirada do meu apoio a essa propositura.”
Rubinho disse que a CPI visa investigar as ONGs que “fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da cracolândia”.