Donald Trump voa depois do atentado, enquanto Joe Biden está isolado tanto em casa, diagnosticado com Covid, como entre os democratas. Essa é a síntese da semana nos Estados Unidos.
A convenção republicana em Milwaukee foi a consagração de Donald Trump não apenas como candidato à Casa Branca, mas também como dono do partido. Ninguém lhe faz sombra, todos lhe são vassalos, os republicanos marcham em ordem unida.
Na primeira parte do discurso de aceitação da candidatura, ele parecia ser outro Donald Trump. Relatou, emocionado, a cena do atentado, homenageou o bombeiro morto pelo atirador, disse que seria o presidente de todos os americanos, não apenas da metade deles, e pregou a unidade do país.
Na segunda parte, ele voltou a ser o Donald Trump de sempre. Condicionou a volta da civilidade política ao arquivamento de todos os processos contra ele, chamou a líder democrata Nancy Pelosi de “louca” e disse que a vitória de Joe Biden, em 2020, foi uma fraude.
Não importa a versão de Donald Trump que se apresente ao eleitor, ele lidera as pesquisas nos sete maiores estados pêndulos americanos — aqueles cuja maioria dos eleitores costuma alternar a preferência por democratas ou republicanos.
Essas pesquisas foram feitas depois do primeiro debate com Joe Biden, no qual ficou claro que o Partido Democrata e a imprensa amiga já não conseguiriam mais esconder a decrepitude do presidente, e antes do atentado ao republicano. Ou seja, é provável que Donald Trump tenha aumentado ainda mais a sua vantagem sobre o democrata.
Os caciques do do partido se movem para forçar o teimoso Joe Biden a cair fora, e se avolumam as defecções de parlamentares que apoiavam a reeleição. O presidente está irritado especialmente com Barack Obama. Passou o recado, via New York Times, que o considera o mentor do movimento para que ele se retire da disputa.
O imbróglio é enorme. Ainda que Joe Biden desista de tentar reeleger-se, os problemas não acabariam para os democratas. A questão é: quem poderia sucedê-lo como candidato a poucos meses da eleição?
A substituta natural é Kamala Harris. Como vice-presidente, porém, ela é indissociável dos erros e culpas atribuídos a Joe Biden. Não pode se colocar como voz discordante do atual presidente em temas definidores como a imigração ilegal, até porque Joe Biden delegou a Kamala Harris cuidar do assunto.
A imigração ilegal, é bom que se diga, não preocupa apenas brancos de classe média. Negros e latinos consideram que imigrantes ilegais são mão-de-obra barata que pode lhes tirar empregos. Realidade ou não, essa é a percepção.
Os republicanos já exploram antecipadamente o passivo da vice-presidente. “Se ela falhou miseravelmente no único assunto lhe foi confiado, imagine se tivesse de governar tudo o resto, da economia aos destinos do mundo”, diz a propaganda republicana.
A cúpula democrata torce o nariz para Kamala Harris, mas não é fácil para os democratas tirá-la do páreo. Como ela é mulher e negra, o partido seria inevitavelmente acusado de sexismo e racismo, provocando mais divisão dentro do seu próprio campo ideológico.
Ontem, Nancy Pelosi disse que, uma vez afastado Joe Biden, o partido deveria ter um processo aberto de escolha do seu substituto. O tempo urge. A convenção nacional do Partido Democrata ocorrerá em meados de agosto, em Chicago. O ideal seria obter, antes disso, o consenso em torno de um nome para que o partido mostrasse união, assim como ocorreu na convenção republicana.
Essas dificuldades no campo democrata não significam, contudo, que Donald Trump já venceu a eleição. Tudo fica mais tranquilo para ele se o candidato for Joe Biden, Kamala Harris parecer ser fraca para enfrentá-lo, mas até novembro muita coisa pode acontecer, para além da mudança de oponente: as redes sociais são capazes de subverter a dinâmica das campanhas, e ninguém deve subestimar a eficiência da máquina democrata em moer reputações, embora Donald Trump já não tenha mais nenhuma, aparentemente, a não ser a que o atirador lhe deu, e reputação já tenha deixado de ser algo importante na política.
Leia também: “Ódio é amor”, artigo de Alexandre Garcia publicado na Edição 226 da Revista Oeste
Kamala não é negra, é mestiça de indiana com caribenha.
Impressionante!
Sabino conseguiu escrever um texto sem fazer uma conexão com Bolsonaro!
Que bom! De volta para o uso da razão!
No rally de hoje em Grand Rapids no Michigan D J Trump mostrou toda sua capacidade. Rápido, sagaz, mordaz, satírico e sarcástico. Com 78 anos tem uma energia e resiliência absurdas. Fala sem parar e parece q nunca pausa para respirar fundo. Passa toda a mensagem com contos, gozação e fazendo muita analogia. Goste-se ou não dele, os Democratas e todo seu aparato nas mídias mainstream terão muita dificuldade este ano de derrotá-lo. Biden está ancião e já não concatena mais as ideias direito e Kamala é uma porta de ideias. Se os Democratas não derem um cavalo de pau girando 180 graus e com isso achando um contendor à altura, a eleição estará praticamente ganha para o laranjão. Muita gente q é democrata light ou independente vai acabar votando no Trump, pois se sente enganada pelo fato q os políticos democratas e a imprensa esconderam a real situação cognitiva de Biden. Essa gente não é de esquerda o suficiente para apoiar uma pessoa tão despreparada como Kamala Harris. Sem mais, mesmo com toda a pandemia durante o governo Trump, não houve nem de perto a tal destruição dos EUA como a imprensa propagandeia agora caso Trump vença. Esse argumento não cola, pois a turma já viveu sob um governo Trump.
Woke D +.
Seria tiro no pé.
Inimiga dos Obamas.
Também não querem queimar Michele nesse momento perdedor inoportuno.