(J. R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 3 de março de 2021)
Antes da chegada da pandemia ao Brasil, há cerca de um ano, pouca gente sabia que existe na galáxia nacional dos corpos oficiais algo chamado “Conass” — que não se perca pelo nome, mas é assim mesmo que a coisa chama oficialmente a si própria. Esse “Conass” é um “conselho” que reúne os secretários de Saúde estaduais; é presidido, acredite se quiser, por um advogado do Maranhão chamado Carlos Lula, e não por um médico ou aquilo que a mídia descreve hoje como “cientista”. Agora, enquanto durar o coronavírus, está tendo os seus quinze minutos de fama. A última realização dos membros dessa entidade é um manifesto em que propõem medidas extremas para reprimir liberdades públicas e individuais. O objetivo, no seu entendimento, é combater a covid.
De uma vez só, e entre outras coisas, os secretários querem a proibição das missas, o fechamento das salas de aula recentemente abertas, o fechamento dos bares, o fechamento das praias, mais barreiras sanitárias e um inédito “toque de recolher nacional”, do Oiapoque ao Chuí. Também querem, é claro, tornar legal o “estado de emergência” — que, como se sabe, tem o extraordinário atrativo (para quem manda nos governos) de permitir compras sem licitação — respiradores artificiais, por exemplo, e você sabe o que mais.
A maior surpresa do pacote todo é essa nova reivindicação de uma “política nacional unificada” de combate à covid — especificamente, estão querendo o tal toque de recolher “nacional”. Como assim, “nacional”? É o exato contrário do que eles mesmos exigiam um ano atrás — autonomia completa, sem interferência de cima, para gerir o tratamento da epidemia. Foram atendidos, nisso, pelo Supremo Tribunal Federal, que, na prática, deu aos governadores e aos prefeitos a responsabilidade exclusiva na área — ao proibir expressamente o governo federal de interferir em decisões sanitárias das autoridades locais.
Hoje, mais de 250 mil mortos depois e com uma quantidade desconhecida de bilhões em dinheiro público gastos para controlar a epidemia, constata-se, pelo que dizem os próprios secretários de saúde, que o sistema entregue à sua gerência está à beira do colapso — após um ano inteiro de autonomia, não conseguiram nem sequer instalar leitos suficientes nas UTIs. Se isso não é a comprovação objetiva do fracasso das autoridades estaduais e municipais, então o que seria? A situação não melhora em nada, obviamente, quando se constata que nem eles estão de acordo entre si. No exato momento em que os secretários da Saúde exigem o fechamento das escolas, os secretários da Educação exigem que as salas de aula continuem parcialmente abertas. Ambos, da Saúde e da Educação, obedecem aos mesmos governos de Estado — quem está com a razão? Os dois não podem estar certos ao mesmo tempo. É um ensaio de caos, mas os governadores dizem que está tudo bem com o seu pedaço; a culpa, garantem todos, não é deles.
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Mestre Guzzo, é por isso que você deve ter mais consideração com Bolsonaro em alguns de teus artigos, apesar das trapalhadas que ele comete. Ao menos não consigo ver aquilo que todos combatemos que existia neste pais, a Corrupção.
Deve existir muita gente ganhando com essa pandemia! Se acaso todos estivessem perdendo a situação agora já seria outra!
Nenhum cidadão de bem, com uma mínima capacidade cognitiva, tinha ou tem dúvidas de que qualquer um da esquerda seja incompetente por natureza, motivo esse que justamente os fazem ser de esquerda!
Incompetência + corrupção é uma fórmula assassina. Assumam seus mortos da pandemia, governadores e prefeitos. O STF lhes presenteou com a autononia tão desejada (leia-se, a grana).
desde o início da pandemia que digo: nada agrada mais um político desonesto e incompetente do que um “estado de emergência ou uma calamidade pública”