A Polícia Federal (PF) encontrou apenas R$ 12,45 nas contas bancárias de Eurípedes Júnior, ex-presidente do Solidariedade, depois de a Justiça Eleitoral determinar o bloqueio de até R$ 36 milhões do político.
Essa quantia surpreendeu o Ministério Público Eleitoral (MPE) e a PF. A surpresa ocorreu porque, na Operação Fundo do Poço, as autoridades identificaram uma conta bancária nos Estados Unidos sob suspeita de desvio de fundos partidário e eleitoral.
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Na terça-feira 6, o juiz eleitoral Lisandro Garcia Gomes Filho ordenou a soltura de Eurípedes, preso desde 15 de junho como alvo principal da Operação Fundo do Poço. Ele deverá usar tornozeleira eletrônica e não pode frequentar endereços do partido ou movimentar contas no exterior.
A suspeita de desvio de dinheiro
A PF suspeita que Eurípedes utilizou essas contas para ocultar dinheiro ilícito. Além disso, a polícia quer aprofundar a investigação sobre cheques encontrados na residência do ex-presidente do Solidariedade. Os cheques foram emitidos em nome de uma funerária localizada no mesmo endereço da sede do partido em Planaltina, Goiás.
Os detalhes dessas suspeitas estão no parecer do Ministério Público Eleitoral, que defendeu a manutenção da prisão preventiva de Eurípedes. O político se entregou à Justiça em 15 de junho, depois de ficar foragido por alguns dias.
Investigações sobre as contas no exterior
A promotoria argumenta que a permanência de Eurípedes na prisão é necessária para uma investigação mais aprofundada sobre documentos encontrados em sua casa durante a Operação Fundo do Poço. Esses papéis mencionam contas bancárias no exterior em nome do político e de sua atual esposa, uma delas no Regions Bank, nos EUA.
Os investigadores acreditam que essas contas podem ter sido usadas para ocultar valores. Na residência de Eurípedes, também foram encontrados cheques em nome da Funerária PAX Ltd., cujo endereço coincide com o do Partido Solidariedade em Planaltina. Isso sugere que a empresa pode ser uma fachada.
A influência do ex-presidente do Solidariedade
Ao se manifestar pela manutenção da prisão de Eurípedes, o Ministério Público Eleitoral afirmou que ele “é o responsável pela divisão de tarefas da organização criminosa, ex-sócio de diversas empresas de fachada que estão sob investigação, fez uso de laranjas, inclusive suas filhas e sua mãe, e permaneceu foragido por quatro dias, o que pode ter ensejado ações para dificultar as investigações, pois detém influência em toda estrutura funcional da legenda partidária”.
Para a Promotoria Eleitoral, a desfiliação de Eurípedes do partido — do qual renunciou à presidência depois da Operação Fundo do Poço — “não interromperia a perpetração de atos criminosos que ocorrem desde 2006”.
No entanto, o juiz Lisandro Garcia Gomes Filho não acatou o parecer do Ministério Público e aceitou o pedido da defesa de Eurípedes. Segundo o magistrado, outros investigados já estão em liberdade e não há mais razão para manter o ex-presidente do Solidariedade preso.
Na avaliação de Lisandro Garcia, a soltura de Eurípedes não representa “risco à ordem pública e econômica”, que está “mitigado”. O juiz afirmou que as principais provas já foram coletadas e estão sob a análise do Ministério Público e da Polícia Federal.
As acusações contra Eurípedes Júnior, ex-presidente do Solidariedade
Eurípedes responde por supostos crimes de falsidade eleitoral, organização criminosa, apropriação indébita e peculato. O Ministério Público Federal também levantou suspeitas de seu envolvimento em desvios por meio de candidaturas laranja e uso de verbas do Solidariedade para viagens internacionais de seus familiares.
Os investigadores também acusam o ex-presidente do Solidariedade de desmantelar a sede e o parque gráfico do Pros e de participar de um esquema de furto mediante fraude que teria esvaziado as contas do partido.