Ex-ministro chama de 'política' decisão da Anvisa sobre a Sputnik V

O coordenador do comitê científico do Consórcio Nordeste, Sérgio Machado Rezende, criticou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de negar o pedido de importação da Sputnik V, vacina russa contra a covid-19. Ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Rezende afirmou que os argumentos técnicos mencionados pela autarquia foram falhos. “A interpretação do nosso comitê científico é a de que a decisão teve uma conotação política grande porque as objeções técnicas que a Anvisa levantou não fazem muito sentido. O Instituto Gamaleya tem um controle de qualidade rigorosíssimo e que faz análises em enorme quantidade de doses. A Anvisa falou em adenovírus replicante, mas a Rússia nunca o encontrou”, disse, em entrevista ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, nesta quinta-feira, 29, ao defender a segurança do imunizante.

Até o momento, a mercadoria russa não foi aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos e pela Administração Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA), dos Estados Unidos. Na América Latina, países como Argentina, México, Bolívia e Venezuela usam a Sputnik V. Conforme noticiou Oeste, a Anvisa identificou a presença de adenovírus replicantes no produto, que são prejudiciais à saúde. Portanto, negou o pedido de importação dos lotes comprados por governadores de oposição. “Jamais permitiremos que milhões de brasileiros sejam expostos a produtos sem a devida comprovação de qualidade, segurança e eficácia ou, minimamente, diante da grave situação que atravessamos, que haja uma relação favorável risco-benefício”, declarou Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, na noite da segunda-feira 26, ao salientar a competência dos profissionais da agência. O Consórcio Nordeste estuda recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

Leia também: “Sputnik V: os 5 pontos que fizeram Anvisa negar importação da vacina russa”