Depois de deixar cargos estratégicos no governo federal, ex-ministros de Jair Bolsonaro foram autorizados a atuar na iniciativa privada, depois que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República liberou os ex-integrantes da quarentena — período de afastamento do cargo público para atuar em empresas do setor privado. Pela lei, eles poderiam receber salários pelos próximos seis meses sem trabalhar, para evitar situações de conflito de interesse.
Até agora, a Comissão de Ética já liberou da quarentena o ex-deputado Fábio Faria (PP-RN), que comandou o estratégico Ministério das Comunicações no governo Bolsonaro, e Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União (AGU). Os dois vão trabalhar no BTG Pactual.
Faria começa em março, na área de Relações Institucionais do banco. Sem ver problemas no cargo a ser ocupado por Faria, a Comissão de Ética vetou apenas o trabalho em empresas de telecomunicação e de radiodifusão.
O ex-AGU Bruno Bianco também foi liberado para trabalhar no BTG Pactual, embora o colegiado tenha determinado que ele “deverá se abster, a qualquer tempo, de fazer uso de informação privilegiada”. Com isso, Bianco ficará proibido de atuar no Departamento Jurídico do banco por seis meses.
Em nota, o BTG Pactual informou que está sempre em busca dos “melhores profissionais para integrar a instituição” e que as contratações ocorrem “conforme a legislação”.
Outro chefe de pasta estratégica do governo Bolsonaro que não precisou cumprir quarentena foi Marcelo Sampaio. O ex-ministro da Infraestrutura informou ao órgão consultivo que foi convidado para trabalhar na Vale, gigante da mineração e logística. O conselho liberou o ex-ministro da quarentena sob a justificativa de que há “impedimento do consulente a qualquer tempo, e não apenas nos seis meses posteriores ao desligamento do cargo público, de divulgar ou fazer uso de informações privilegiadas”.
Também dispensado de cumprir quarentena, o ex-presidente da Petrobras Caio Paes de Andrade já está até empregado. Três dias depois de deixar a estatal, ele foi para a Secretaria de Gestão do governo Tarcísio de Freitas, em São Paulo. A comissão avaliou que Andrade continuaria em cargo de interesse público.