De acordo com delação de Edmar Santos, Pastor Everaldo teria feito pressões e ameaças contra ele enquanto estava preso no Rio
Em delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-secretário estadual de Saúde do Rio, Edmar Santos, afirmou ter sofrido pressões e ameaças enquanto esteve preso em Niterói, região metropolitana do Estado.
Santos deixou a prisão na última semana por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) depois de ter a delação homologada.
De acordo com trechos do documento obtidos pelo RJ1, da Rede Globo, o ex-secretário foi pressionado por um ex-sargento, que estava preso com ele, para saber se delataria o esquema de desvios de verbas do combate à covid-19, que o levou a ser preso. O homem afirmava ser próximo do deputado estadual Marcio Canella (MDB) e outros políticos.
Em outro momento, Edmar Santos narrou que um policial local avisou que ele deveria trocar de advogados e que, se o fizesse, “o grupo não o abandonaria”. Segundo o delator, o grupo a que se referia é o do pastor Everaldo, presidente Nacional do PSC, partido do governador Wilson Witzel, que colocou Santos como secretário.
Indicações
Na delação, Santos afirmou que o Instituto Diva Alves Brasil (Idab) emprega funcionários indicados por parlamentares e, por isso, conseguiu administrar sete unidades de atendimento do Estado, além do Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, e Anchieta, na capital, que foram destinados a atender pacientes com coronavírus.
Segundo conta, houve um choque de interesses na Secretaria de Saúde, já que Mariana Scardua, ex-subsecretária que cuidava da gestão das Organizações Sociais (OSs), foi indicada por Ramon de Paula Neves.
Este, por sua vez, foi subsecretário de Desenvolvimento Rural da Secretaria Estadual de Agricultura e era “muito ligado ao governador e ao grupo do empresário Mario Peixoto” — que está preso, suspeito de desviar mais de R$ 500 milhões dos cofres públicos há mais de dez anos.
Santos declarou que Ramon Neves pressionava para contratação dos serviços de Mario Peixoto e reclamava do controle da secretaria pelo grupo do Pastor Everaldo.
Habeas corpus negado
Ainda nessa sexta-feira, 14, o empresário Mário Peixoto teve seu quinto pedido de habeas corpus negado pela Justiça.
Na decisão, o desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), indicou que a ‘imprescindibilidade da segregação’ de Peixoto foi reafirmada cada vez que os outros pedidos de liberdade foram negados em diferentes decisões e pontuou ainda não havia ‘razoabilidade’ para a mesma.