Frase de Barroso faz ministro se tornar meme na internet

COISAS DO FUTEBOL.

Quem tem mais idade e acompanha futebol se lembra muito bem de um famoso juiz de futebol que se chamava Armando Marques. Ele costumava dizer que jogo não se ganha, se toma. Quem faz o resultado, na verdade, é o juiz. Um time do Rio que usava o vermelho como a cor predominante no seu uniforme e tinha como presidente, na época, um poderoso e temido contraventor, muito íntimo da polícia e da justiça do Rio de Janeiro. Era famoso pela prodigalidade com os jogadores e comissão técnica do seu time, com juízes e dependendo da circunstância, até mesmo com jogadores do time adversário. Em dias de jogos levava para o vestiário malas cheias de dinheiro, comprava tudo e subornava a todos que estavam à sua volta. Armando Marques tinha uma enorme dívida de gratidão com esse dirigente mafioso porque foi ele quem o indicou para o quadro de árbitros da FIFA. Certa vez, numa reunião na Sede do Conselho de Arbitragem, uma torcedora perguntou para Armando Marques: — O que os senhores estão pensando fazer para não deixar o rubro-negro ser campeão novamente. O campeonato agora será mais curto, dura apenas 45 dias, será disputado este ano na modalidade de pontos corridos. Morro de medo só de imaginar ter que entregar essa taça mais uma vez para o Flamengo.
Armando Marques, compenetrado, respondeu à torcedora:
— É preciso mudar essa percepção que nós já perdemos, é preciso mudar! É preciso ter compreensão de que as coisas ruins estão acontecendo. Mas é preciso também não sobrevalorizar o adversário. Somos muito poderosos. Somos os poderes do bem, nós somos o bem, nos somos os donos do apito, não podemos alimentar por antecedência essa sensação de que vamos perder.
Quando o poderoso chefão do futebol carioca foi eleito (numa eleição suspeitíssima) para mais um mandado de quatro anos no seu clube, assim que o resultado das urnas foi confirmado, no dia seguinte ele fez uma visita de cortesia à sede do Supremo Conselho de Arbitragem. Os jornais de esporte da época estamparam manchetes e fotos um tanto comprometedoras de juízes da Suprema Federação descaradamente, num puxa-saquismo explícito, prestando vassalagem e em fila aguardando a vez para beijar a mão do contraventor.
Na final do campeonato carioca daquele ano, com o Maracanã lotado, diante de um público de mais de 143 mil torcedores, Armando Marques cumpriu o que prometera e o time de Moça Bonita derrotou o Flamengo por um placar 3 a 0, com gols de Ocimar, Aladim e Paulo Borges. O capitão do Flamengo, Paulo Henrique, reclamou com o juiz que ele estava deliberadamente prejudicando o seu time, marcando impedimentos inexistentes, invertendo faltas a toda hora e não deixando o time rubro-negro jogar. Foi aí que Armando Marques proferiu a célebre frase que ficou famosa e virou mote da marginalidade do Rio de Janeiro:
— Perdeu Mané!… O jogo não terminou. A imensa torcida do Flamengo se revoltou diante de tanta desfaçatez e roubalheira do juiz. Nessa tarde de domingo nem toda a força policial que trabalhava no Maracanã conseguiu deter a fúria de Almir Pernambuquinho. Transtornado, partiu para cima de todo mundo, botou moral e exigiu respeito ao time do Flamengo na base da porrada. Veio correndo do meio de campo e deu um tiro-de-pé nos peitos de Armando Marques, que caiu, rolou no gramado, levantou e saiu em desabalada carreira, na velocidade que veio, conseguiu até saltar o fosso do Maracanã. Uma parte da galera, furiosa, correu atrás dele, o certo é ficou depois desaparecido por um bom tempo, ninguém sabia informar onde ele se escondeu nesse longo período sabático. Esse é um exemplo do quê fazer para as coisas voltarem à normalidade, quando parece que tudo está perdido, fugindo do controle; infelizmente, é triste, é lamentável constatar, mas no ponto que chegaram as coisas só na base da conversa não resolve. A inércia não quebra paradigma, não inibe esse círculo vicioso e essa falta de confiança nas instituições. Para mudar esse status quo, só depende de cada um de nós, da união e da força da nossa torcida, nós somos a maioria, nós é que lotamos e fazemos tremer o Maracanã, somos nós que gritamos mais alto porque temos amor às nossas cores e à nossa bandeira, a nossa equipe é formada por jogadores de fibra, coragem, e vergonha na cara herança herdada do espírito do saudoso atacante Almir Pernambuquinho.