Votos contrários à constitucionalização do Fundeb dividiu a base mais fiel. Presidente se manifestou a favor da matéria aprovada na Câmara
A constitucionalização do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) causou um racha na base “bolsonarista”. Neste momento, entretanto, ainda não é possível dimensionar o tamanho do estrago. Mas essa divisão interna entre os aliados do presidente Jair Bolsonaro ligou um sinal de alerta no Palácio do Planalto.
Dos 25 deputados que entraram em litígio com o PSL e são, assim, informais integrantes do Aliança pelo Brasil — os chamados “bolsonaristas” —, seis votaram contra a orientação do governo: Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG), Luiz Philippe Bragança (PSL-SP) e Márcio Labre (PSL-RJ). Um sétimo voto contrário foi do deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-RJ), também fiel às ideias do governo.
O resultado final criou um desconforto e desagradou Bolsonaro. O presidente da República é defensor da educação básica desde quando era deputado federal e ficou satisfeito com o resultado final da votação. O projeto aprovado pela Câmara prevê que a União contribua com 23% dos recursos do fundo em 2026, sendo que 5% será destinado para a educação básica. Um acordo que teve aval de Bolsonaro
Incômodo
Os sete votos contrários criaram, assim, um incômodo ao próprio presidente. Oeste conversou com alguns dos 19 “bolsonaristas” do Aliança que votaram a favor do Fundeb e com responsáveis pela articulação no Planalto. E ouviu,em caráter reservado, que a dissidência mostrou que os deputados que votaram contra o Fundeb “jogaram para a plateia”.
Outros alegaram que estes deputados se mostraram “menos Bolsonaro do que se imaginava”. Do outro lado, os deputados do PSL que votaram contra o governo se designaram da falta de comunicação entre a articulação governista e os deputados da base.
As fontes ouvidas avaliam, contudo, que isso não é um racha completo. Comentam que uma rachadura pode ser restaurante internamente, não sendo, assim, uma ruptura definitiva. Entretanto, não negam o incômodo com a cobrança em de suas bases por seguirem orientações de Bolsonaro. Questionados se o próprio presidente da República promoveria uma articulação interna para botar panos quentes, afirmam que ele próprio não gostou do resultado.
“Eles devem responder”
Dois comentários feitos por Bolsonaro a questionamentos de apoiadores no Facebook dá uma dimensão do problema. Em uma postagem sobre o Fundeb na rede social, Bolsonaro foi questionado em duas ocasiões sobre os sete votos contrários ao texto. A resposta às duas foi semelhante. “Sete deputados votaram contra. Eles devem responder”, declarou.
Na mesma rede social, Bolsonaro também publicou uma outra postagem, com uma foto ao lado do líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO). Nos bastidores, isso é tratado como um claro apoio e afago a seu representante direto na Casa, e uma resposta aos que votaram contrariamente.
Confira, abaixo, as postagens de Bolsonaro que, segundo apurou Oeste, mostram o descontentamento do presidente
https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/posts/2024354364380206