Governo defende timing político para enviar a matéria, mas representantes da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa, lançada nesta segunda, 29, rebatem
O governo aponta o timing político como a entrave responsável por não ter encaminhado a reforma administrativa ao Congresso. É o que afirmou, em evento de lançamento da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa, o secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel.
A própria disseminação do coronavírus jogou contra o governo. Uebel garante que a reforma administrativa é desejada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas sustenta, contudo, que a covid-19 atrapalhou os planos do governo. “Estávamos com a reforma pronta no início deste ano, mas, com a vinda da covid, mudou toda a situação”, justificou.
O enfrentamento ao coronavírus obrigou, portanto, o governo federal se debruçar sobre questões emergenciais em detrimento das agendas estruturais. “Temos que ponderar sobre o quanto é o melhor momento. O principal ponto é o timing político”, frisou. O secretário citou as eleições municipais e as para as presidências da Câmara e do Senado como desafios.
Sensibilização
A narrativa sustentada por Uebel foi respeitada, mas rebatida pelos representantes da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa. O deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG), presidente da bancada, lembrou que, mesmo antes da pandemia, não havia indícios de o governo apresentar sua proposta. “O assunto já estava ali ocupando as páginas dos jornais e das revistas antes da pandemia”, lembrou.
O senador Antonio Anastasia (PSD-MG), vice-presidente do Senado e da bancada, defendeu que o governo se sensibilize o mais rápido possível. “Se demorarmos demais, daqui a pouco estamos em ano eleitoral de 2022 e aí fica mais difícil ainda [aprovar a reforma]. Ela tem sua complexidade normativa, jurídica, política e precisamos de certo tempo para debatê-la e aprová-la o mais rápido possível”, destacou.
A senadora Katia Abreu (PP-TO), vice-presidente da frente, foi outra a rebater Uebel. Ela concorda que o timing político precisa ser gerado, porém, não aguardar o momento de o assunto ser esquentado para iniciar o debate. “Pois esse esquentamento depende de nós, da imprensa, dos formadores de opinião. Ela não vai vir de fora para dentro”, avisou.