Diretor jurídico da OS, João Sena, afirma que atrasos nas obras de hospitais de campanha contratados pelo Estado foram provocados para beneficiar empresário Mário Peixoto
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Os atrasos na construção dos hospitais de campanha no Rio de Janeiro foram provocados para beneficiar o empresário Mário Peixoto, em uma conspiração contra o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), organização social responsável pelas unidades.
Foi o que declarou o diretor jurídico da OS, João Sena, em entrevista à CNN Brasil.
O Iabas fechou contrato de R$ 835 milhões para construir sete hospitais de campanha no Estado. Apenas dois ficaram prontos.
Sena culpa a Secretaria Estadual de Saúde do Rio pelos atrasos e exime o Iabas.
“Não posso afirmar que havia corrupção nesse contrato, mas pelo que nós vimos, havia uma conspiração para beneficiar as empresas do Mário Peixoto. O tempo todo ele, Peixoto, tentou derrubar o Iabas”, disse.
Peixoto foi preso em maio e tinha mais de R$ 900 milhões de contratos com a Saúde do Rio. As relações dele com o governador fluminense são investigadas pela operação Placebo, do Ministério Público Federal (MPF), que também investiga os hospitais de campanha.
Para a promotoria, existe “prova robusta de fraudes nos processos que levaram a contratação do Iabas para gerir os hospitais de campanha, tudo com anuência e comando do Executivo”. Além de Witzel, a primeira-dama Helena Witzel e o presidente do Iabas, Carlos França, também estão incluídos na investigação.
Entretanto, Sena afirma que ordens contraditórias eram dadas pelas autoridades nas obras, enquanto o governo insistia em pedir celeridade. O diretor afirma que foi alertado por uma fonte do governo de que havia a intenção deliberada de prejudicar os hospitais de campanha.
“Fui alertado para ter cuidado, porque iriam ‘ferrar’ com o Iabas. A pessoa, que não posso revelar o nome, disse ainda: ‘no Rio de Janeiro eles não querem saber da verdade, querem saber da versão”, conta.
O contrato do Iabas foi repactuado para R$ 770 milhões e a empresa recebeu R$ 256 milhões. Ainda quer cobrar R$ 128 milhões, mesmo tendo deixado de entregar cinco unidades das sete prometidas.
Sena também acusa o ex-secretário Fernando Ferry de ter dito que a intervenção decretada nos hospitais de campanha, anunciada pelo governo do Rio no começo de junho, era para enganar a imprensa. “Ele disse que 15 dias depois, as pessoas iriam esquecer e poderíamos continuar com as obras”. Ferry ficou apenas um mês no cargo.