Deputados evangélicos se sentem abandonados por Bolsonaro. Impacto pode chegar a quase 54% dos votos do Centrão
O governo federal precisará ser cirúrgico para evitar que o desconforto da bancada evangélica se amplie demais. Os mais incomodados com o presidente Jair Bolsonaro falam em deixar a base, independentemente da orientação dos líderes do Centrão. A intenção é deixar claro o descontentamento para que o Executivo volte a apoiá-los no Congresso.
O recado será dado por meio dos responsáveis pela articulação política do governo e ao próprio presidente, em videoconferência buscada pela bancada nos próximos dias. Os parlamentares da bancada evangélica reclamam que não vem sendo recebidos por Jair Bolsonaro, nem que o presidente tem atendido a pleitos como o apoio à agenda conservadora ou indicações à cargos estratégicos.
“Estamos abandonados, literalmente. Os interesses do povo cristão não estão sendo devidamente tratados, principalmente pelo Bolsonaro, que não nos consulta para nada”, critica uma liderança da frente parlamentar em caráter reservado.
Um eventual desembarque dos evangélicos da base governista pode causar um impacto substancial. Isso porque, a chamada bancada da Bíblia é composta por 189 deputados com mandato vigente. Desses, apenas 15 são os deputados “bolsonaristas” da base de apoio incondicional ao presidente. Sem os 15 deputados bolsonaristas, os evangélicos têm 174 votos na Câmara. E um desembarque em massa, caso ocorra, pode significar um impacto considerável na base de Bolsonaro.
Recado
É importante lembrar que boa parte dos deputados da bancada da Bíblia integra os partidos do chamado Centrão. São pelo menos 137 votos de deputados filiados a partidos como Republicanos, Progressistas, PL e entre outros que passaram a fazer parte oficialmente da base do governo. “Estamos falando de 53,9% dos votos do Centrão”, alerta um deputado evangélico. O processo, na prática, significa rachar o Blocão de dentro para fora e favorecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que observa esse tipo de movimentação para voltar a ganhar fôlego dentro da Casa.
A conta não leva em consideração, no entanto, a particularidade de deputados atendidos pelo governo. Ou seja, é impossível garantir que eles conseguem retirar quase 50% dos votos do governo. Mas é um cálculo considerável, analisam evangélicos. Eles lembram que, na primeira fase da gestão Bolsonaro, foram a principal base de sustentação do Poder Executivo.
Parece conversa fiada isso aí.
Só pra ganhar mais cargo.
No início do governo foi a mesma coisa.