(J.R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 14 de julho de 2022)
De tudo o que Lula promete que vai fazer de ruim para o Brasil e para os brasileiros, caso seja eleito para a Presidência da República na próxima eleição, nada está tão claro, desde hoje, como a censura à imprensa. Lula faz questão de dizer isso em público; na verdade, garante que a guerra oficial contra a liberdade de expressão será uma das “prioridades” do seu governo. Ele e o PT não dizem que querem a censura, é claro — falam em “controle social da mídia”, mas é exatamente a mesma coisa, em termos práticos. Trata-se aí, unicamente, de impedir a circulação de notícias, de opiniões ou de qualquer coisa que o governo não queira que se publique. Fazer isso é censurar.
Na verdade, a esquerda organizada em torno do ex-presidente já está dando uma prévia de como seu governo vai agir nesta área. Um grupo que se apresenta como “movimento dos sem teto”, em São Paulo, fez um comício de protesto nas portas da rádio Jovem Pan; não admitem que a emissora, onde Lula é abertamente criticado, diga as coisas que está dizendo. Inventaram que estavam protestando contra o “machismo” do noticiário da Jovem Pan — por conta da cobertura sobre um episódio de estupro. Conversa. O que eles, a esquerda em geral e o PT não toleram na Jovem Pan é a sua postura de independência. Ao contrário do que faz quase toda a mídia brasileira, Lula é tratado ali não como o santo que vai “salvar o Brasil”, mas como quem ele realmente é: um condenado na Justiça pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes.
Lula quer proibir que se diga isso; quer proibir, na verdade, que se diga um monte de coisas, do passado e do presente. Hoje ele manda militantes profissionais às portas dos veículos de comunicação, tentando calar a voz de quem discorda do PT e dele mesmo. Amanhã, vai usar o “controle social da mídia” e a força do governo para fazer isso. Vai ter o apoio do Supremo Tribunal Federal, das elites e da maioria dos próprios jornalistas e donos dos órgãos de imprensa — que, no Brasil, por razões ideológicas e de outras naturezas, são contra a liberdade de expressão, em vez de serem a favor. Vão receber de Lula, com certeza, a censura que estão pedindo.
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