Em mais uma reportagem sobre ilegalidades cometidas pelo ministro Alexandre de Moraes, a Folha de S.Paulo mostrou que o magistrado escolhia os alvos a serem investigados. As mensagens trocadas entre auxiliares de Moraes revelam que o ministro mandou investigar a Revista Oeste.
As conversas envolviam Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF; Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE; e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão que era subordinado a Moraes na Corte Eleitoral.
Editorial | A verdade prevaleceu
Na terça-feira 13, a Folha começou a publicar uma série de reportagens sobre o tema, informando que o ministro usou a estrutura do TSE para investigar e abastecer o STF com relatórios, muitas vezes sem o registro oficial. Nesta quarta-feira, 14, a Folha contou que Moraes mandou investigar todas as “revistas golpistas”, incluindo Oeste.
Em mensagem enviada em 6 dezembro de 2022, Airton Vieira mandou uma mensagem a Tagliaferro com um pedido específico e medida já determinada. “Vamos levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes.” Vieira enviou, com o pedido, um link do Twitter/X de Oeste. “Essa e outras do mesmo estilo”, escreveu o juiz instrutor do gabinete de Moraes a Tagliaferro.
No dia seguinte, a conversa prosseguiu em um grupo de WhatsApp, integrado por Vieira, Tagliaferro e Marco Antônio. O assessor, então, avisou que encontrou apenas “publicações jornalísticas” em Oeste e perguntou o que deveria colocar no relatório.
“Use a sua criatividade… rsrsrs”, respondeu Vieira. “Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou… ” O assessor respondeu: “Vou dar um jeito rsrsrs”.
Segundo a Folha, o material não deixa claro quais reportagens de Oeste foram enviadas pelo ministro e qual a destinação do relatório produzido por Tagliaferro.
Moraes diz que não houve ilegalidades
O gabinete de Moraes disse que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República”.
Tagliaferro afirmou que não se manifestará, mas que “cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade”.
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