Novo é o único partido que não assinou favoravelmente pela criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Renda Básica. O motivo: a frente parlamentar sugere mais dinheiro do pagador de impostos para bancar um permanente auxilio emergencial
O deputado João Campos (PSB-PE) lançou nesta terça-feira, 21, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Renda Básica. Coordenador da bancada, ele sugere transformar o auxílio emergencial em uma renda permanente para o brasileiro. Fala, ainda, de reforçar o programa Bolsa Família. Um discurso coerente com as bandeiras defendidas por ele, mas que camufla intenções de aumento ou criação de novos impostos.
A pauta não é recente dentro da esquerda. A pandemia do coronavírus só tornou mais evidente o clamor da defesa por uma renda básica, que alguns chamam de salário mínimo universal. O problema é que a pauta sustentada, sobretudo, por parlamentares do PT, PDT, PSB, PCdoB, PSol e Rede, viria às custas do aumento de tributos ou da criação de um imposto.
Por esse motivo, a bancada do Novo não assinou a favor da criação da bancada, explica o líder do partido na Câmara, Paulo Ganime (RJ). “Pedimos até o estatuto da frente, o que eles defendem, e demoraram a responder. Quando responderam, vimos que tinha defesa de projetos de criar novos impostos para compensar a criação da renda básica”, afirma”, afirma.
A frente sugere, ainda, ter o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) como presidente de honra da frente. “Vamos nos associar e vamos ser massa de manobra dentro de um grupo que vai tentar levar uma proposta que é completamente contrária aos nossos valores? Se é isso, não queremos participa”, destaca Ganime.
Grandes fortunas
A criação de um imposto sobre grandes fortunas é uma das suspeitas do Novo. O tributo não é citado diretamente no estatuto, mas alguns parlamentares que lideram a frente defendem a proposta. É algo que Ganime e os outros deputados discordam frontalmente.
O debate de renda básica enquanto um programa assistencial, como o Bolsa Família, não é criticado por Ganime. Pelo contrário. Ele lembra que o modelo segue parâmetros defendidos por Milton Friedman, Nobel fundador da Escola de Chicago. O problema é propor isso como um salário mínimo para todos os brasileiros, a exemplo do que foi votado e rejeitado na Suíça.
Redes
A discussão sobre o tema ganhou as redes sociais. A economista Monica de Bolle, pesquisadora-sênior do Peterson Institute for International Economics, comentou o assunto pelo Twitter, provocando a ausência do Novo da bancada. O comentário foi retrucado pelo deputado Tiago Mitraud (Novo-MG). Leia abaixo:
Vc deve estar acostumada com políticos q não leem o q assinam e só querem sair na foto
O NOVO lê e discorda de pts do estatuto da Frente q refletem ideologia q ñ é a nossa. Repassamos ao @JoaoCampos, pres da Frente.
Se ele torná-la capaz de abarcar outras ideologias, entraremos
— Tiago Mitraud (@TiagoMitraud) July 21, 2020