J. R. Guzzo
Publicado na Gazeta do Povo, em 28 de setembro de 2020
Quando alguém poderia imaginar que a Coca-Cola, por exemplo, fosse virar uma organização de esquerda? É uma piada, realmente, mas é assim — sendo “de esquerda” — que a empresa imagina cumprir uma das suas “missões” hoje em dia. Não está sozinha, é claro, pois uma das certezas que se pode ter nessa vida é que o grande capital anda sempre na segurança das manadas, principalmente quando se fala de multinacionais — para onde vai a vanguarda do bando, o resto vai atrás de olho fechado. Unilever, Fiat, Avon, Ford, Santander — é por aí. Na verdade, vai ser difícil, daqui mais um pouco, encontrar alguma marca de grande porte que não tenha entrado nesse bonde. Nem é preciso dizer para onde estão indo empresas brasileiras ansiosas por imitar o “politicamente correto” do Primeiro Mundo. Vão na mesma direção, é claro: Boticário, Renner, Magazine Luiza etc.
A forma de militância adotada pela maioria é não anunciar seus produtos em publicações excomungadas como “de direita”, sobretudo no mundo digital, pelos grupos de vigilantes políticos ou pelas “agências de verificação de notícias” que se multiplicam por aí afora. Também podem, como no sistema eletrônico PayPal, não aceitar pagamentos em favor de “direitistas” em geral. Redes sociais como o Twitter e o Facebook, igualmente, se juntaram a outros monumentos do capitalismo mundial para censurar mensagens que seus diretores consideram conservadoras demais, ou não suficientemente “progressistas” — e para banir dessas plataformas os participantes que receberam sentenças de condenação pelo delito de “direitismo”.
Talvez ajude, no entendimento desse fenômeno, ter em mente uma realidade dos dias em que vivemos: boa parte dos executivos de hoje têm vergonha das empresas em que trabalham, e do desempenho econômico que elas exibem. Têm vergonha dos seus salários, dos seus SUVs e dos capacetes importados que usam ao pedalar suas bikes. Têm vergonha dos restaurantes que frequentam, e onde nunca encontram um negro. Têm vergonha dos condomínios em que moram, e dos clubes onde fazem esporte. Só que não querem abandonar nada disso, é óbvio — e a saída que encontram para convencer a si mesmos de que estão lutando contra a pobreza, a desigualdade e a injustiça é usar as empresas em que trabalham para “agir contra a direita”. Ou, então, contra o “racismo” e favor de “políticas” que chamam de “identitárias”, “inclusivas” e outras novidades. Sai de graça, e só dá cartaz.
Tempos atrás o Banco Santander, por exigência do então presidente Lula, demitiu uma funcionária que tinha feito críticas a decisões econômicas do seu governo. É o mesmo tipo de coragem que as grandes empresas exibem agora na sua campanha pelos “valores democráticos” — a coragem de quem se esconde no meio de uma turma de linchadores para fazer “justiça” sem correr risco nenhum.
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Modéstia à parte, eu percebo isso ocorrendo claramente desde a década de 90 do século 20. E ainda acho que sei de onde se origina isso. Por que só agora alguns esclarecidos estão percebendo? Os carros da FIAT estão vindo piores que os carros anteriores, e isso quando não são retirados de linha de forma inexplicável. Quem estaria sabotando a FIAT de dentro da própria FIAT?. É só uma pergunta. E lembrando que o que faz a dife-rença é a qualidade do produto feito pela empresa. O resto é conversa pra boi dormir. Além disso, os excelen-tes jornalistas Augusto Nunes e JR Guzzo eram veementemente anti-Trump nas eleições de 2016. O que teria acontecido desde então? Dá pra explicar? Dá pra entender?
Excelente matéria, e através dela vislumbramos toda a jogada de embaralhamento de categorias que avança contra a realidade pura e simples. Gramsci está mais vivo do que nunca. A propósito, a escrita é excelente, e valeria chamar a atenção do redator para um deslize que vai virando regra nas publicações em geral: a supressão da preposição A em comparativos e expressões envolvendo tempo. No caso dessa postagem, aparece um “daqui mais um pouco”. Lamentável pelo que destoa feiamente de todo um texto maduro e cuidadosamente escrito.
A direita tem salvação sim, não se preocupem! Nunca na história do mundo a esquerda se saiu bem e não será agora que acontecerá. Vejam o muro de Berlim, pra que lado os comunistas correram, por acaso deu certo? Quem não sabe que o povo da esquerda vivia alcoolizado, sem condições de assistência médica, alimentos e corrupção adoidada? Temos muitos empresários que “SÃO” de raiz que tem o pé no chão! Não esses bocós que “herdaram” fortunas e “ESTÃO” empresários/ presidentes ! Inúmeros são esses que com sabedoria irão virar o jogo, tudo tem seu tempo…
“… boa parte dos executivos de hoje tem vergonha…”, mas nada faz para inverter essa situação. Vive no seu mundo de conforto e regalias, e o resto que se dane.
O problema é que se Bolsonaro enveredar pelo populismo (de direita), ficaremos todos sem saída! (inclusive diretores dessas empresas).
Análise perfeita, cabe a nós não adquirirmos produtos delas!
As virtudes civilizatórias que aos séculos foram construidas vão rapidamente sendo corroídas pelo barbarismo progressista. Testemunhamos a substituição do homo sapiens pelo homo hipocritus; impõe-se a dissonância cognitiva como condição do estar nesse novo mundo. Ainda podemos expandir a alta cultura ou só nos resta mantê-la minimamente viva para sobrevivermos?
E a população em geral também vai na manada, atrás da mídia e propagandas.
Como sair de ciclo vicioso?
Excelente, Guzzo.
Às mídias “de direita” sobrará tão somente a assinatura de seus leitores.
E esses leitores também, aos poucos, irão se conscientizando de que vale a pena boicotar, de volta, essas mesmas empresas.
Sei que não é o melhor, mas é o mundo dividido que a esquerda está logrando desenhar.
Só não vamos mais nos calar e tampouco aceitar, passivamente, esses absurdos.
Concordo, amigo. Todos os direitos que dizem respeito a qualquer tipo de liberdade são impensáveis se concebidos a um “direitista”. A imbecilidade e falta de conhecimento útil da nova geração está causando um verdadeiro desastre em todos os sentidos.
um comentário desse pode ser descrito como um verdadeiro desastre.
O mundo está mudando e os ultra-esquerda estão reagindo. Muitas empresas estão se submetendo a este tipo de pressão e acabarão suplantadas por empresas mais resistentes.
Como disse Lenin, “Como faremos deles (capitalistas) a corda que irá enforcá-los”. Eles (os empresários)não enxergam que estão cavando a própria sepultura, e ajudando a destruir seu próprio empreendimento?