(J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 22 de fevereiro de 2023)
A agropecuária é o maior sucesso que já houve na história econômica do Brasil. Há 30 ou 40 anos, a produção rural brasileira não era praticamente nada — não dava para competir nem com a Argentina e, no resto do mundo, não passava pela cabeça de ninguém ligar a palavra “Brasil” a qualquer ideia de agricultura moderna, produtiva ou eficaz. Hoje, o Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo, e está entre os três maiores produtores — ao lado dos Estados Unidos e China. É um fenômeno de impacto global.
Em 2022 o país teve mais uma safra de grãos recorde; o mesmo aconteceu com a carne e demais produtos de origem animal. O agronegócio brasileiro exportou US$ 160 bilhões no ano passado, ou quase 50% de todas as exportações nacionais — um número absolutamente vital para fortalecer as reservas em divisas do país, garantia contra quaisquer problemas cambiais e elemento chave para a independência econômica do Brasil. Em 2023, como resultado do trabalho de 2022, a produção de grãos deverá passar das 300 milhões de toneladas — de novo, um recorde.
Esse sucesso extraordinário tem uma razão objetiva, e uma só: é exatamente o contrário de tudo o que a esquerda, os “movimentos sociais” e os padres pregam para a área rural. O êxito do Brasil é resultado direto da aplicação do capitalismo no campo; é a negação da “reforma agrária”, da agricultura de “pequenos lotes” e outras ideias mortas que encantam as cabeças coletivistas há mais de 100 anos.
O PT, fora do governo, tem feito questão de se apresentar como o inimigo número 1 do agronegócio. Agora, de volta pela terceira vez à Presidência da República — e ao contrário do que fez entre 2003 e 2010 — declarou guerra ao campo brasileiro tal como ele é hoje. O BNDES suspendeu linhas de crédito vitais para a atividade rural. Foi extinto o departamento do Itamaraty que dava apoio ao agro brasileiro nas nossas embaixadas através do mundo. O Ministério da Agricultura, peça essencial para a produção no campo, foi esvaziado; inventaram, para tomar suas funções, um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”, entregue ao MST, e encarregado de sabotar tudo o que está dando certo na área.
O MST, que faz invasões de terras e pratica atos de terrorismo no campo, prega abertamente a destruição do sistema de propriedade rural no Brasil. O que vai fazer, agora que está no poder?
É um caso único de governo que tem como meta substituir o sucesso pelo fracasso — querem que o agronegócio brasileiro produza, exporte e cresça menos do que hoje, pois não admitem que exista no país uma área rural capitalista e bem-sucedida. Um dos marechais-de-campo da “equipe econômica” já disse que o Brasil não pode ser “a fazenda do mundo”; acha ruim o que seria um sonho para qualquer outro país. Os demais argumentos contra o agro são do mesmo nível de qualidade. Alegam que a soja “não alimenta”. É falso, pois a soja é hoje essencial para a alimentação humana, inclusive como geradora de proteínas. Também é integralmente estúpido. Não se pode comer petróleo, por exemplo — e nem por isso os países deixam de explorar as suas reservas. Dizem que a produção rural brasileira vai para o “estrangeiro” e não alimenta o “povo”. É o oposto dos fatos. O Brasil só exporta o que não é consumido aqui dentro; se exporta muito é porque produz muito. Falam, até, que o agronegócio é o culpado pela “fome” — quando, ao contrário, ele é hoje o principal responsável pela segurança alimentar do país.
O governo Lula está trocando os interesses do Brasil pelos interesses do MST e de outros grupos privados. Os concorrentes do agro brasileiro no mercado internacional de alimentos agradecem ao céu.
Leia também: “Mentiras alimentam a fome no Brasil”, reportagem de Joice Maffezzolli publicada na Edição 152 da Revista Oeste