(J.R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 5 de abril de 2023)
A Justiça de São Paulo tomou uma decisão exemplar: autorizou a prefeitura da capital a remover para abrigos municipais moradores de rua que ocupam calçadas destinadas ao trânsito das pessoas, jardins, praças e outros lugares públicos. É uma questão de decência elementar. As pessoas que montam suas barracas de plástico na rua vivem em condições abjetas. Não têm água corrente, nem luz, nem proteção de qualquer tipo. Produzem lixo e vivem no meio dele. Não têm banheiros, nem higiene. Têm problemas de saúde. Estão sujeitos, o tempo todo, ao crime e à violência. Impedem, direta ou indiretamente, que a população paulistana exerça o seu direito de frequentar áreas inteiras da cidade. Não há nenhuma hipótese de se encontrar qualquer coisa de positivo nisso tudo.
Também não é inevitável que seja assim. A prefeitura, para a surpresa de quem está habituado à qualidade do serviço público em geral, tem meios concretos para lidar com o problema — uma rede de abrigos, extensa e de boa qualidade, onde os moradores de rua podem viver, com certeza, em condições incomparavelmente melhores às que têm nas suas barracas. Existem a alternativa de moradia, portanto, e os meios para devolver as calçadas públicas à população — mas para isso é indispensável que as autoridades municipais e estaduais tenham a autorização legal de remover quem não quer liberar os espaços que pertencem a todos. A Justiça acaba de dar essa autorização — só que há uma enfurecida ofensiva para sabotar a decisão judicial. E quem está fazendo isso? A extrema esquerda, padres que se profissionalizaram na promoção da miséria pública e aproveitadores do “problema social”.
O que os políticos do Psol e seus parceiros estão fazendo é indecente. Estão exigindo, pura e simplesmente, que os miseráveis que moram nas ruas continuem ali, em condições cada vez mais sórdidas; querem impedir sua ida para o ambiente muito mais saudável, mais seguro e mais humano dos abrigos municipais. É a depravação, na frente de todos, da ideia de trabalho social — o propósito do partido, no mundo das realidades concretas, é manter as pessoas na miséria, e não aliviar o seu sofrimento. Estão pouco ligando para os pobres e sua tragédia diária. Querem que eles continuem na rua para servir de manequins na vitrine da miséria que a esquerda insiste em impor à cidade — para mostrar que “o sistema atual”, o “capitalismo”, etc. etc. etc. produzem moradores de rua, desigualdade e injustiça social.
É uma fraude maciça, o tempo todo, e agora ela fica provada mais uma vez. Os fabricantes de desgraça do Psol e das organizações que vivem ao seu redor não só brigam para impedir que as pessoas deixem de morar no meio do lixo; chegam a dar barracas de graça a quem queira viver na rua, e fornecem todo o apoio material que podem para que ninguém saia de lá. Seu objetivo é aumentar, e não diminuir, a quantidade de gente em situação de miséria pública. É esse o tipo de trapaceiros que pretendem ser eleitos para a prefeitura de São Paulo nas eleições do próximo ano. Em matéria de hipocrisia, já estão disparados na frente.