Este trecho faz parte da entrevista exclusiva que o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, concedeu a Oeste. Acompanhe outros tópicos desta entrevista.
Filiação de deputados bolsonaristas ao PTB
No Congresso, dizem que o senhor busca a filiação de deputados bolsonaristas em litígio com o PSL. É verdade?
Quero todos eles no PTB. Todos os 25 deputados do PSL que foram expulsos por essa atual direção [estão em litígio judicial] que quer lançar o ex-juiz [e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública] Sérgio Moro contra o presidente Jair Messias Bolsonaro. Estão no limbo, foram expulsos. O PSL fez deles meros parlamentares. Porque eles perdem acesso às comissões permanentes, Comissão de Justiça, Comissão de Educação, Comissão de Economia, Comissão de Orçamento. Eles não podem ir para comissões, que é o pulmão da Casa, é o lugar mais importante para o deputado trabalhar. Eu surgi como parlamentar na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Foi ali que eu me destaquei, presidi por quatro anos.
E o que os bolsonaristas ganhariam com a filiação ao PTB?
Aqui no PTB, eles vão ter liderança, horário de liderança para falar, vão ter comissões permanentes para funcionar e relatoria de projeto para se mostrar deputados. Se eles quiserem, neste segundo biênio, recuperar o tempo perdido, estou com o coração aberto, portas abertas. Eu estou conversando com vários. Na semana passada, conversei com onze. Fui para São Paulo e falei com vários.
O senhor fala de deputados bolsonaristas mesmo?
É, estaduais e federais. E estou dizendo o que eles querem ouvir. Tenho, aqui, oito advogados que são remunerados pelo PTB. Advogados contratados, constitucionalistas, especialistas em legislação eleitoral, criminalistas. É o que o pessoal está precisando. Eles vão aí procurar qualquer advogado, [que cobram entre] R$ 800 mil, R$ 1,5 milhão, 2 milhões. Como que um deputado federal que ganha R$ 20 mil de salário pode pagar R$ 1 milhão? Os advogados querem que ele roube para pagar o honorário, né? Ou, se não, se desfazer do patrimônio familiar para pagar em troca do mandato.
E por que essa assessoria jurídica é tão fundamental para eles?
Porque eles perderam a proteção do partido e, no PTB, eu tenho um baita advogado, que é o Luiz Gustavo Pereira da Cunha. Corajoso, estudioso e valente. Porque advogado que entra no Supremo e diz, “máxima permissa vênia, excelência, permissa vênia”, e começa com esse troço sabujo, sevandija, rastaquera, não serve para trabalhar comigo. “Ministro, com todo o respeito, eu represento aqui meu partido”… são iguais, não há diferença do advogado que trabalha no Supremo para o juiz do Supremo. Ambos exercem o múnus público [obrigação imposta por lei, em atendimento ao poder público]. Mas esses sevandijas, esses rastaqueras, eu tenho pavor. Os meus advogados são valentes.
Circulam informações que, para bolsonaristas se filiarem, seriam necessárias mudanças no estatuto e até no nome do partido. Essas condições procedem, são negociáveis?
Isso é impossível, inegociável. O PTB tem um rosto, é PTB. Eu vejo o cara que era PFL e vira DEM, o outro vira Avante, o outro vira Podemos. Nós somos PTB, não temos vergonha da nossa origem. Eu sou filho de Deus, não tenho vergonha na minha origem. No PTB, não temos vergonha da nossa origem. Temos orgulho dela, 75 anos de existência desse partido com esses fundamentos que eu li para você de Alberto Pasqualini. Não trocamos de nome, não mudamos a cara, não vamos fazer cirurgia plástica na cara para mudar de rosto. Quem cospe no túmulo do pai é o pessoal da Rede Globo. Os filhos do Roberto Marinho cuspiram no túmulo do pai, mudaram a ideologia do pai dele, mudaram o pensamento ideológico do jornal. Mudaram o comportamento ideológico da redação de TV. O PTB não muda.
Mas houve alguma sugestão acerca do estatuto?
A única sugestão que recebi foi da [deputada federal] Bia Kicis (PSL-DF). A Bia Kicis falou: “vocês não escreveram claramente a luta contra o aborto, contra o controle de natalidade como método ao aborto”. Isso, sim, o PTB vai fazer. Vai escrever [no estatuto] claramente: “Nós defendemos a vida”. Mas não escrevemos no programa do partido. Houve uma falha nossa. E olha que o PTB Mulher defendeu, mas alguma bobagem houve na hora de escrever horas e horas de escrita a defesa mais clara da vida, contra o aborto, e isso vamos reabrir.
A deputada Bia Kicis está entre os parlamentares que o senhor convidou?
Eu tenho conversado com ela, não sei o caminho que ela quer. Basta ajustar com a Jaqueline Silva, nossa deputada distrital, eu quero a Bia para [candidata] majoritária [em 2022]. Mas ela será o que quiser no PTB. Eu gostaria que ela saísse, principalmente, ao governo do Estado. Ela tem densidade, cultura, formação, honestidade para disputar a eleição de governadora no Distrito Federal. Gostaria de lançar a Bia para governadora, mas, se ela quiser ser senadora, lançamos ela ao Senado. Ela vai ser no PTB o que quiser ser.
‘Ele finge que é liberal, mas é comunista por dentro’, diz Roberto Jefferson sobre Maia. Este é o tema do próximo tópico da série.
Tô gostando desse cara…
E vamos, que vamos!