O senador Sergio Moro (União-PR) pretende identificar quem orquestrou o plano de sequestro que quase o colocou nas mãos do Primeiro Comando da Capital (PCC). Depois de a 9ª Vara Federal de Curitiba sentenciar oito pessoas pelo planejamento do rapto do ex-juiz e de seus familiares, Moro protocolou um pedido para a Polícia Federal (PF) continuar as investigações sobre o caso. O objetivo é descobrir quem deu a ordem para sua captura e possível execução, em um cativeiro próximo a Curitiba.
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O inquérito é extenso, com mais de 7 mil páginas, e reúne provas significativas — incluindo operações de busca, monitoramentos telefônicos dos suspeitos, imagens de vítimas executadas, dados confidenciais do sistema prisional paulista e diligências contra diversos faccionados.
Fuminho, parceiro de Marcola e aliado do PCC
As primeiras evidências que podem levar ao mandante surgiram quando um ex-integrante da cúpula do PCC procurou o Ministério Público de São Paulo (MPSP) em fevereiro de 2023 e revelou que equipes da facção vinham seguindo o senador havia meses. Uma descoberta-chave no inquérito foi um bilhete encontrado em uma conta de e-mail ligada a um dos investigados. A PF acredita que as instruções contidas no bilhete partiram do narcotraficante Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho.
Fuminho está atualmente em um presídio federal de segurança máxima. Ele é o braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e um dos principais fornecedores de cocaína do PCC no Brasil. Teria enviado ordens sobre o “Projeto M (Moro) — Parte I e II”. As instruções de Fuminho foram parar no e-mail de Janeferson Gomes, o Nefo, designado pela cúpula do PCC para levantar informações detalhadas sobre a vida do senador e de seus familiares.
Esse plano, conforme explicou o promotor Lincoln Gakiya, pode ter como objetivo forçar uma troca de prisioneiros. Uma das hipóteses levantadas pela polícia é que Moro poderia ser usado como moeda de troca para a libertação de Marcola, preso há quase 30 anos.