O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), criticou a atuação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na adoção de medidas para a reconstrução da capital gaúcha. Durante entrevista à revista Veja, neste domingo, 23, ele disse que o petista “não colocou um centavo” nos abrigos do município e que a reconstrução é uma demanda urgente.
A cidade registrou a maior cheia da história, que deixou cerca de 15 mil desabrigados. Sebastião Melo indagou o governo federal se deseja que as pessoas desabrigadas vivam nas praças. Ele pediu a participação federal no processo de transição, que pode durar dois anos.
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“A gente precisa tratar disso ou o governo quer que essas pessoas vão morar na praça?”, perguntou Melo. “Não vamos permitir e por isso insistimos que o governo federal venha participar do processo de transição, que pode levar dois anos. Acredito na palavra do presidente Lula, que prometeu casa a quem perdeu, mas precisamos dessa governança agora.”
O prefeito da capital gaúcha também criticou a falta de ação efetiva do governo federal no enfrentamento da crise habitacional na cidade. Ele destacou a urgência da situação habitacional na cidade.
“Porto Alegre hoje dispõe de mil imóveis entre novos e usados, que chegam na faixa dos 170 a 200 mil reais”, disse Sebastião Melo. “Para ser contra a cidade acolhedora, acho que o presidente Lula já deveria ter comprado esse lote. Mas não. Não compra imóvel, não apresenta alternativa e ainda não coloca um centavo nos abrigos.”
Prefeito de Porto Alegre pediu união entre os governos
Ele reivindicou a união entre os governos federal, estadual e municipal para enfrentar a crise e criticou a demora na aquisição de imóveis e na recomposição das receitas estaduais e municipais. Sebastião Melo sugeriu que um voucher fosse concedido aos desabrigados para alugar moradia até a compra dos imóveis prometidos pelo governo federal.
“Defendo que seja um salário mínimo dividido entre os três governos”, afirmou o emedebista. “Topo colocar um terço do salário mínimo, já dei minha palavra. O governo estadual botou R$ 400, mas com um corte que atinge poucas pessoas, e o governo federal, nada. Olha, essa transição é tão importante ou mais importante que a moradia no final.”
Sebastião Melo deverá buscar a reeleição em outubro. Ele terá como concorrente a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), apoiada por Lula.