O Ministério Público solicitou ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) a suspensão temporária de um acordo entre o governo e a Âmbar Energia, pertencente ao grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. O motivo é o descumprimento de prazos na entrega de usinas.
Além disso, o MP pediu a rescisão dos contratos de energia firmados entre a empresa e o governo.
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A Âmbar deveria ter entregado quatro usinas termelétricas depois de um leilão, em 2021, mas não cumpriu os prazos. Essa seria uma razão legal para a rescisão dos contratos.
A companhia tenta renegociar suas obrigações há anos. Em abril, conseguiu um acordo com o Ministério de Minas e Energia, mas sem divulgação pública.
Continuidade do acordo, apesar de ação do TCU
Embora o TCU tenha arquivado o caso, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deram continuidade ao acordo, apesar das rejeições anteriores da área técnica do tribunal.
“Entendo que não há vantagem para a administração – muito pelo contrário – em dar vigência ao acordo em referência”, afirmou o procurador Lucas Rocha Furtado.
Ele solicita ao TCU que suspenda o acordo até que o tribunal decida sobre o mérito. Se nenhuma ação for tomada, os novos termos começam a valer em 22 de julho.
Possíveis irregularidades e reuniões
Furtado também pede ao TCU que avalie possíveis irregularidades nos contratos entre o ministério e a Âmbar. Demanda, além disso, ao órgão que determine a rescisão deles e analise se uma medida provisória recente beneficia indevidamente a empresa.
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O presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, e o diretor Cristiano Souza participaram de reuniões com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), e secretários da pasta fora da agenda oficial, antes da publicação da medida provisória.
Declarações sobre o caso
De acordo com Furtado, “o caso específico dos contratos com a Âmbar guarda particularidades que sinalizam para a necessidade da atuação clássica do controle externo.
“Como guardião da legalidade, da moralidade, da eficiência, da efetividade, da prevalência do interesse público e da modicidade tarifária, em prol da sociedade”, observou Furtado.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o departamento do TCU responsável pela área de energia recomendou, há mais de duas semanas, que se retomasse o caso da Âmbar, que está em pausa.
Pediu ainda ao tribunal que recomendasse a rescisão dos contratos das usinas termelétricas da empresa.
Atrasos e consequências
A unidade de energia do TCU destacou que todas as usinas da Âmbar estavam atrasadas e sem previsão de operação. Isso revela que a manutenção dos contratos não seria vantajosa para a União nem para os consumidores. As cláusulas contratuais preveem a rescisão em caso de atrasos superiores a 90 dias, prazo já ultrapassado.
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O ministro Benjamin Zymler, do TCU, decidiu manter o processo suspenso. Ele afirmou que a área técnica do tribunal não apontou ilegalidade no acordo, mas considerou-o “inconveniente”.
Consequências do acordo
Se o TCU não tomar nenhuma ação, o acordo vai começar a valer ainda neste mês, segundo confirmou o Ministério de Minas e Energia.
“A ausência de despacho do TCU a respeito do acordo firmado […] não altera a previsão de entrada em vigor do contrato”, afirmou a pasta.
Com a repactuação, a Âmbar terá de pagar uma multa de R$ 1,1 bilhão pelo atraso. Além disso, seus contratos vão ficar mais longos, passando de 44 para 88 meses. Já o valor total de receita cairá de R$ 18,7 bilhões para R$ 9,4 bilhões.
Posição da Âmbar
A Âmbar defende a repactuação. A companhia afirma que os novos termos “trazem uma economia de mais de R$ 9 bilhões para os consumidores de energia em relação ao contrato original”.
“As vantagens do acordo eram tantas que a procuradora-geral do MP junto ao TCU, autoridade máxima do órgão, já afirmou no plenário do tribunal que não havia óbice à assinatura do acordo entre a empresa e o Ministério de Minas e Energia”, informou a empresa à Folha. “Além disso, essa matéria já foi decidida […] pelo relator no TCU, que afirmou não existir qualquer ilegalidade no acordo”.
Lógico, governo fazendo acordo com bandidos
Ahhh, tudo circo… os campeões nacionais não cumprirão acordo nenhum, não pagarão nenhuma multa e continuarão exibindo os dentes muito bem clarificados demonstrando toda sua fome por dinheiro fácil.