Expulsão de deputados bolsonaristas que votaram contra o Fundeb reduziria o capital político do PSL para as eleições da presidência da Câmara, em 2021
O PSL não tem planos em expulsar os seis deputados bolsonaristas da legenda que votaram contra o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O motivo: as eleições para a presidência da Câmara em 2021.
A presença dos deputados no partido conta como votos para o PSL vender seu capital político para algum bloco — a chapa presidencial — nas eleições. A legenda conta com 53 deputados, dos quais 12 estão suspensos. Até as eleições, contudo, quase a totalidade das suspensões acabará.
Ou seja, até fevereiro de 2021, quando ocorrem as eleições para a presidência, o PSL contará com quase todos os 53 deputados. Na Câmara, isso significa que o PSL poderá vender a um “bom preço” seu apoio a uma candidatura. Na direita política da Casa, o partido conta com a maior bancada.
Articulação
Isso significa que, se o partido apoiado pelo PSL ganhar as eleições, a legenda terá direito a ficar com uma secretaria da Mesa Diretora e presidir algumas das mais relevantes comissões permanentes da Câmara. Foi o que aconteceu quando o a legenda apoiou o bloco do então presidenciável Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se sagrou vencedor nas eleições de 2019.
Por esse motivo, o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou ao UOL que “motivos têm que ser mais fortes” para cogitar a expulsão dos deputados bolsonaristas. Logo, trata-se do mais puro pragmatismo da política. Não é que ele nutra alguma estima pelos seis que votaram contra o Fundeb — e o mesmo vale dos bolsonaristas em relação a Bivar.
Expulsão
A não expulsão de deputados bolsonaristas vale, contudo, somente até as eleições. Depois delas, a ideia é exclui-los do partido. “Hoje, esquece. Todos já pensam no sucessor do Maia. Não tem comissão, não tem nada, tanto que já tá aí o Capitão Augusto [presidente da bancada da bala] distribuindo anéis de ouro”, diz um interlocutor.
A estratégia do PSL vale, inclusive, para a deputada Bia Kicis (PSL-DF). Como ela foi eleita pelo PRTB, é a única que pode sair do partido a qualquer momento, mas a legenda não cogita se mobilizar para expulsá-la. Ou seja, a ideia é evitar qualquer desgaste e fazer com que ela saia. “Ela tem a prerrogativa de sair a qualquer tempo, mas não sai porque tem interesse no próprio partido. É mais um discurso político do que efetivo”, pondera outro interlocutor.