“Assumimos o avião com ele em movimento”, resumiu o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), sobre ser líder da oposição na Câmara, em substituição a Carlos Jordy (PL-RJ), cuja saída do cargo se deu por causa da pré-candidatura dele à Prefeitura de Niterói.
Em menos de um mês, ele participou de uma investida de peso da oposição no Parlamento, nesta semana: acionar as Procuradorias do Congresso Nacional, a fim de levantar os sigilos dos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os procedimentos já têm aproximadamente 20 congressistas na mira, que desconhecem as acusações às quais respondem, e pedem o fim do segredo, para, dessa forma, os parlamentares montarem a própria defesa perante o STF.
“Estamos há mais de mil dias de inquérito das fake news, aberto de ofício, sem conclusão e em sigilo”, disse Barros. “E o inquérito das milícias digitais, sem indiciamento, sem que os advogados tenham acesso e sem que passem pelo crivo da opinião pública.”
A seguir, os principais trechos da entrevista com o deputado Filipe Barros.
Quais os principais desafios da oposição hoje?
Assumimos a liderança no pior momento do governo Lula. As mais recentes pesquisas eleitorais dão conta de que, se a eleição presidencial fosse hoje, o petista perderia em qualquer cenário para candidatos de direita. Explorar esse fato será um dos nossos eixos. Do lado da articulação política, penso ser necessário fortalecer a liderança da oposição. Essa estratégia consiste em arregimentar parlamentares de outros partidos que estejam descontentes com Lula, para, dessa forma, aumentar nosso campo de ação. Além disso, vamos encorajar nossos deputados a assumirem os seus papéis de oposição ao Planalto.
O senhor tem algum receio de ser perseguido, em virtude do cargo, como ocorreu com Jordy e outros parlamentares de direita?
Não. Esse medo, inclusive, não deveria existir, porque a oposição é fundamental e necessária em uma democracia. Faremos o nosso trabalho institucional pela democracia. Ressalto que nossos atos serão sempre dentro da Constituição.
E as estratégias a partir de agora?
Uma delas é a união com os demais parlamentares, como antecipei anteriormente. Tenho procurado partidos que têm afinidade com a oposição, entre eles, o União Brasil e o Podemos. Apesar de algumas siglas estarem na base do governo, há gente que discorda da condução do nosso país, e acredito que pode vir para o lado da nossa liderança. Portanto, é preciso ampliar o diálogo com legendas de centro-direita.
Quais projetos a oposição deve encampar com mais afinco? A anistia é bastante discutida.
Os projetos estão sendo discutidos internamente pelos membros da oposição. Eu os vejo como pautas inevitáveis de serem discutidas. Destaco a que trata do foro privilegiado. Eu, pessoalmente, sou a favor do fim dessa prerrogativa. De todo modo, temos de conversar com os demais para definirmos com mais cautela as prioridades no momento.
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