O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) apresentou uma questão de ordem contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na noite da quarta-feira 4. O motivo foi um requerimento de autoria do emedebista, que pediu a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem.
“O senador Renan está ligado a empresa [Braskem], o que desvirtuaria a CPI”, disse Cunha ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “O senador vai usar a comissão para reaver seus interesses pessoais. Minha dúvida é: é possível que um senador, que tem interesse pessoal, possa ser o autor principal do requerimento, ser membro, presidente ou relator da CPI?”
A fim de sustentar a questão de ordem, Cunha destacou que Renan foi presidente da empresa Salgema entre 1993 e 1994. Em 1996, a empresa passou a se chamar Trikem e, em 2002, se tornou a Braskem.
Além disso, a Novonor, antiga Odebrecht, possui pouco mais de 50% do capital votante da petroquímica. “Além de ter presido a empresa, Renan é acusado de receber suborno do setor de propinas da Odebrech para favorecer esquemas de corrupção”, continuou Cunha.
Procurado por Oeste, Renan disse que Cunha “é defensor da Braskem”. Ao ser interpelado se a questão de ordem poderia atrapalhar os planos de Pacheco ler o requerimento da CPI da Braskem, Renan negou.
“O presidente vai ler e o requerimento seguirá o curso regimental”, declarou.
CPI da Braskem
Em 14 de setembro, o senador emedebista protocolou um pedido para instalar a comissão. A solicitação conseguiu 45 assinaturas, apesar de o governo orientar os parlamentares a não assinarem o requerimento.
“Em Maceió, tivemos o maior crime ambiental do mundo”, disse Renan. “Em função de uma mineração irresponsável, ditada pela necessidade de lucro selvagem, tivemos o afundamento de vários bairros de Maceió. Isso é inacreditável, pois o afundamento continua e 18 mil imóveis de vários bairros já foram indenizados, mas as vítimas não receberam nada além da indenização desses imóveis, ou seja, pela posse dos imóveis.”
Em Maceió, os trabalhos da Braskem causaram movimentações no solo, que levaram ao afundamento de cinco bairros.
Em 21 de julho, a empresa anunciou que fechou um acordo de R$ 1,7 bilhão com a prefeitura. A ideia é fazer uma compensação e ressarcimento integral em relação a qualquer dano causado pelas operações.
Segundo Calheiros, o acordo é “duvidoso” e mais de 200 mil pessoas foram afetadas diretamente. “Queremos que eles resolvam com as vítimas, que foram afetadas”, concluiu o senador.
Onde tem Renan, tem maracutaia e patifaria.