Ao longo de 38 páginas, a Polícia Federal elencou os pontos que levaram a realização da busca e apreensão no âmbito da Operação Vigilância Aproximada, que diz respeito a um suposto monitoramento ilegal feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre os alvos da PF, está o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado do ex-chefe do Executivo e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Além do parlamentar, três servidores da Abin e sete policiais federais são alvo da operação, que foi deflagrada nesta manhã. Policiais federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão.
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Ramagem, que é delegado da PF, foi diretor-geral, da Abin entre 2019 e 2022. Nesse período, o suposto programa secreto chamado “First Mile” teria sido usado para monitorar a localização de políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.
No documento da investigação, a qual Oeste teve acesso, a PF diz que identificou a existência de uma “organização criminosa” que tinha o objetivo de “monitorar ilegalmente pessoas e autoridades públicas”, “invadindo equipamentos e computadores, além da infraestrutura telefônica”.
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Conforme a investigação, existiam diversos “núcleos distintos” na organização”. Ramagem, segundo a PF, pertencia ao “núcleo de alta-gestão” da organização.
“Delegados federais que, ao tempo dos fatos investigados, estavam cedidos para Abin exercendo funções de Direção e utilizaram o sistema ‘First mile’ para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como para serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas”, argumentou a PF.
Caso Abin: de Camilo Santana a Marielle
Conforme as investigações, os agentes envolvidos no caso usaram um drone nas proximidades da casa do ministro da Educação, Camilo Santana, à época governador do Ceará.
Segundo a PF, Paulo Magno, que era o gestor do programa de monitoramento do programa “First Mile”, foi flagrado pilotando o equipamento nas proximidades da residência, o que comprovaria a “total ilicitude das condutas”.
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A polícia ainda afirmou que a Abin foi usada ilegalmente para monitorar a promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, que aconteceu em 2018. A promotora deixou o caso em 2021.
“Ficou patente a instrumentalização da Abin, para monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes”, informou a investigação.
Em outro trecho do documento, a PF apontou que a Abin usou, “sob ordens de Alexandre Ramagem”, a ferramenta “First Mile” para monitorar ilegalmente o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Conforme a PF, o monitoramento foi feito pelo agente Felipe Arlotta a pedido de Ramagem.
Arlotta foi levado para a Abin por Ramagem e coordenava a suposta “estrutura paralela” montada durante sua gestão. A PF indicou ainda que a ex-deputada Joice Halssselman e o advogado Roberto Bertholdo também foram monitorados.
Conforme a PF, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação da PF, também foi espionado pela Abin. Se trata da Operação Portaria 157, inicialmente criada para investigar uma ONG supostamente ligada a uma facção criminosa.
Contudo, as investigações indicaram que a agência de inteligência usou a operação para espionar e buscar relações de Moraes com a facção para tentar associá-lo à organização. Para a PF, a tentativa pode ter sido uma reação contra a atuação do magistrado no STF.
O ministro decano Gilmar Mendes, do STF, também seria um dos alvos da mesma operação que mirava Moraes. Conforme a polícia, membros da Abin deflagaram diligências até mesmo no Congresso Nacional para buscar meios de associar parlamentares e ministros do STF à facção criminosa.
PF, Abin e filhos de Bolsonaro
Conforme a PF, a Abin preparou ainda relatórios para a “defesa” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Na ocasião, o responsável pela ação teria sido Marcelo Bormevet, então chefe do Centro de Inteligência Nacional. A PF também cita uma reportagem do portal The Intercept Brasil, que atribuiu a Bormevet a responsabilidade da confecção de relatórios para “subsidiar a defesa” de Flávio no caso conhecido como “rachadinhas”.
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Jair Renan Bolsonaro, outro filho do ex-presidente, também teria sido beneficiado pelas ações da agência de inteligência. Conforme as investigações, a Abin montou uma operação paralela para tentar tirar Renan da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo. Depois, a investigação foi arquivada.
Atualizada em 25/01/2024, às 18h21
quanta bobagem
como se sabe… o Brasil entrará em guerra daqui a algum tempo. A irracionalidade e as perseguições são marcos que determinam mais violência. Os ministros do STF fazem de tudo, tentam tudo para incriminar Bolsonaro e seus aliados. Ou seja, estamos vendo o espião do espião e o delator sendo delatado… Isto tudo vai der merda.
CORJA.