A pessoas próximas, Bolsonaro admite o desejo de nomear Vitor Hugo, líder do governo na Câmara. Deputado defende uma profunda reforma no ensino fundamental
Se o presidente Jair Bolsonaro tivesse que escolher livremente com o coração o próximo ministro da Educação, ele ficaria com o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO). Essa é uma avaliação feita pelos mais próximos interlocutores de Bolsonaro a Oeste.
O problema, contudo, é que a indicação do deputado federal enfrenta resistências fora e dentro do governo. A bancada evangélica, por exemplo, pressiona Bolsonaro a escolher seu candidato, Ricardo Caldas, para o Ministério da Educação.
Dentro do governo, há pressões distintas. Uns defendem a escolha de um nome técnico e com capacidade de articulação com o Congresso, outros sustentam alguém técnico, mas alinhado aos ideais conservadores. Alguns militares sugerem o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
O líder do governo, contudo, faz sua parte. Segue focado em seu trabalho na Câmara. Os assessores mais próximos dizem que Vitor Hugo está tranquilo. Confiante e na expectativa da confirmação por parte do presidente.
Oeste conversou não apenas com interlocutores de Bolsonaro, mas, também, com os mais próximos assessores de Vitor Hugo e vice-líderes do governo sobre sua indicação ao Ministério da Educação. E ouviu que toda a conversa começou no domingo, 5.
Pente-fino
Eram 11h de domingo quando Bolsonaro telefonou a Vitor Hugo. Os dois conversaram brevemente, marcando um almoço para segunda-feira, 6. Antes da reunião, o líder mostrou por que tem uma carreira de “primeiros lugares” no Exército (leia abaixo).
Para o encontro com Bolsonaro, Vitor Hugo se dedicou a estudar a fundo o sistema educacional brasileiro. Leu a parte da Constituição que fala sobre educação, a lei de diretrizes bases, o plano nacional de educação, o planejamento estratégico do Ministério da Educação,a base nacional comum curricular e as mensagens presidenciais de 2019 e 2020 sobre o tema.
O líder também fez um pente-fino no relatório da comissão externa que avalia as ações do Ministério da Educação contra a pandemia. Estudou, também, o plano de governo de Bolsonaro para o setor, analisou a estrutura atual da pasta, tanto os órgãos quanto as autarquias vinculadas, e como é distribuído o Orçamento.
Tantos estudos tomaram horas de Vitor Hugo. O líder ficou das 12h de domingo às 1h de segunda estudando, segundo revelou a vice-líderes e assessores. Eles o ajudaram a prepará-lo com orientações a respeito das críticas feitas aos últimos dois ministros e a atuação dos últimos quatro ministros anteriores da gestão Bolsonaro.
Reforma
Após o profundo pente-fino, Vitor Hugo traçou o esboço de um plano para o Ministério da Educação. “Se o presidente indicá-lo ao ministério, ele vai defender uma reforma no ensino fundamental”, afirma um interlocutor. A ideia é se espelhar na política conduzida pelo ex-ministro Mendonça Filho, da gestão Temer, que promoveu a reforma do ensino médio.
O foco de Vitor Hugo é trabalhar o sistema educacional em dois eixos. Um deles, a educação básica. O outro é o ensino profissional e tecnológico, unindo as políticas públicas com as da equipe econômica, de tirar o brasileiro do colchão social e levá-lo da informalidade para a formalidade a partir de uma educação profissional acessível, viável e de qualidade.
Os dois eixos trabalhados por Vitor Hugo são o desejo de Bolsonaro. O presidente quer foco desde agora, afinal, em maio de 2021, tem o próximo exame do Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em português. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o planejamento da volta às aulas foram outros assuntos debatidos no almoço com Bolsonaro.
Apoio
Apoio não falta a Vitor Hugo. Se, por um lado, alguns atuam contra sua indicação dentro do governo, outros, trabalham a favor. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, é um dos que o apoia.
No Congresso, o apoio se estende entre os governistas. O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, pondera que Vitor Hugo tem preparo e capacidade de ouvir lideranças.
Confiança e preparo, capacidade de ouvir lideranças setoriais e sentimento patriótico fazem do lider @MajorVitorHugo um quadro preparado para qualquer missão.
— Eduardo Gomes (@EduardoGomesTO) July 7, 2020
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) foi outro a apoiá-lo nas redes. “Temos, enfim, um candidato ao cargo que, além de possuir um excelente currículo, tem 100% de confiança da base do governo”, destacou.
Como o próprio Presidente @jairbolsonaro disse na entrevista, não é um nome confirmado, já que outros estão sendo estudados. Mas temos enfim, um candidato ao cargo que, além de possuir um excelente currículo (?https://t.co/AxyzzPMyPI), tem 100% de confiança da base do Governo! pic.twitter.com/bZocp4UEs4
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) July 7, 2020
Histórico
O líder do governo tem um histórico de sucesso. Em 1995, passou com a 1ª colocação geral no curso básico da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Em 1996, também foi o primeiro colocado geral no país no curso avançado da Aman.
Em 1998, Vitor Hugo obteve a a primeira colocação geral no Curso de Infantaria da Aman. O ex-presidente general Ernesto Geisel foi outro a passar na posição geral, mas no Curso de Artilharia.
Também concluiu os três cursos de carreira que um oficial combatente faz para se chegar ao generalato. Ou seja, a Aman, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e a Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Serio?
Meu Deus!
Tá muito difícil viu,Bolsonaro pensa que o Brasil e o quintal dele!
E o Reitor do ITA, o que aconteceu com ele?
SOU CONTRA!! Sem currículo para o cargo, que deve ser TÉCNICO. Gestão, conhecimento e preparo em educação ZERO! Sem condições.
Ele é mais necessário como líder na Câmara, do que como suposto ministro da educação.