Em uma de suas postagens mais populares — e populistas — nas redes sociais, um Lula de fala embargada e olhos mareados por lágrimas de crocodilo responde à pergunta de uma plateia amestrada em tom de desabafo:
“Eu morei num quarto e cozinha com 13 pessoas, então eu tenho consciência do que esse povo está passando. Então, eu não posso mentir [sic], eu não posso ganhar aos 76 anos e falar: ‘Gente, olha, eu ganhei, mas não dá pra fazer as coisas; desculpa, eu tenho que atender o mercado, eu preciso atender a Faria Lima, eu preciso ter responsabilidade fiscal, eu preciso manter o teto de gastos’.”
Em seu tour na Europa, onde a má reputação ainda não o impede de circular pelas ruas, Lula honrou o estereótipo sindicalista e compartilhou, via tuíte, a notícia de que a Espanha, capitaneada pelo seu primeiro-ministro — do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) —, estava revogando uma reforma trabalhista que, segundo fonte duvidosa, ‘precarizou o trabalho e não gerou empregos’. A legenda de Lula foi a seguinte:
“É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o Presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”.
Ato contínuo, a infiel escudeira Gleisi Hoffmann, presidenta [sic] do PT, também se manifestou pelo Twitter:
“Notícias alvissareiras desse período: Argentina revoga privatização de empresas de energia e Espanha reforma trabalhista q retirou direitos. A reforma espanhola serviu de modelo p/ a brasileira e ambas ñ criaram empregos, só precarizaram os direitos. Já temos o caminho”.
Lula não está escondendo nada de ninguém — sim, é um mentiroso, mas sobre economia Lula mente às claras
Nesta quinta-feira, 17, Lula explicitou, numa entrevista, sua visão sobre os preços do combustível: “Eu quero dizer aqui em alto e bom som, eu sei que o mercado fica nervoso quando eu falo, mas eu quero que eles pensem o seguinte: nós vamos abrasileirar o preço da gasolina. O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em reais”.
O plano do petista é ‘investir’ em mais refinarias estatais, para subsidiar ao ‘povo’ derivados de petróleo desatrelados dos preços internacionais.
“Então, meu caro, é o seguinte: nós temos que fazer mais refinaria, porque hoje as nossas refinarias foram vendidas, estão algumas para ser privatizadas […] nós precisamos então refinar mais gasolina, com preço brasileiro, para que o povo não precise pagar o preço em dólar. É isso que vai acontecer.”
Lula não está escondendo nada de ninguém — sim, é um mentiroso, mas sobre economia Lula mente às claras. Em síntese, o petista tem defendido uma política econômica intervencionista e antiliberal, que envolve o descompromisso com a responsabilidade fiscal e a expansão de gastos governamentais sem lastro em receitas públicas, a (re)nacionalização de empresas de energia e a construção de plantas estatais, o subsídio de combustível para a população e a revogação da modernização trabalhista, que libertou trabalhadores do imposto sindical, permitiu a repartição das férias ao longo do ano, criou a figura do trabalho intermitente e mitigou a indústria da ação trabalhista na Justiça, reduzindo o custo Brasil. Em outras palavras, fazendo jus à demagogia que lhe é característica, Lula propõe soluções simples para problemas complexos, sempre envolvendo gastar mais do que o governo tem e buscando satisfação de curto prazo em prejuízo do longo, por meio de intervenção estatal. Já deu errado antes, quando quem pagou a conta foi o Brasil sob Dilma, dará errado novamente.
Como ensina a sabedoria popular: “O golpe está aí, cai quem quer”. O que impressiona é justamente quem parece disposto a mergulhar de cabeça no engodo, seja por cumplicidade seja por inércia. Na largada do ano, a Folha de S.Paulo alegou que, sob condição de anonimato, havia entrevistado ‘banqueiros, gestores de fundos e representantes da indústria, do agronegócio e do comércio’. Segundo o jornal, o ‘comando de bancos e grandes empresas’ já descartava a hipótese de uma terceira via nas eleições presidenciais, uma conclusão matematicamente plausível. Contudo, estes mesmos executivos e empresários consideravam “que os ganhos financeiros para o país e para os negócios serão maiores com Lula do que com Bolsonaro”, uma avaliação improvável, considerando que a justificativa para esse entendimento era baseada na suposta ‘deterioração nas contas públicas’ nos últimos tempos e na alegada sabotagem de políticas liberais pelo atual presidente da República. Certamente, Jair Bolsonaro — com reforma da previdência, autonomia do Banco Central, congelamento de aumento a servidores, programas de concessões de infraestrutura e flexibilização trabalhista na pandemia — é percebido como mais liberal e fiscalmente mais responsável que seu antecessor, cujas declarações mais recentes põem por terra a narrativa faria-limer de um Lula pró-business vestindo um coletrader.
Mas o fato é que grandes marcas do mundo financeiro começam a dar sinais de apatia e resignação em relação à vitória de Lula nas eleições, na lógica perversa de que um mau negócio previsível (Lula) pode ser ‘menos pior’ que a incerteza do sucesso da hipótese alternativa — melhor é se posicionar do lado vencedor e, quem sabe, auferir algum lucro ou benefício com isso durante o governo do partido-quadrilha conhecido por beneficiar seus aliados (na acepção mais ampla do verbo). E, mesmo que não haja motivações ulteriores ou razões escusas para essa conivência com Lula, o mercado parece preferir antecipar e precificar a arriscar e agir expondo a realidade dos fatos ao grande público, o que pode ser feito por meio de relatórios técnicos, comunicados a investidores ou mesmo declarações de seus responsáveis. O que vemos, hoje, é a principal corretora do país patrocinando pesquisas de metodologia duvidosa, são gestores de grandes fundos de investimento dando a vitória de Lula como certa, são experts das finanças — não da política — apostando num mandato petista avesso à atual retórica do candidato e são relatórios de bancos aliviando o peso da pena e usando todos os eufemismos do vernáculo para se referirem ao ex-presidente e seu projeto de país, que sabemos ser um projeto de perpetuação no poder. Resta torcer para que os magos do mercado estejam todos errados no seu juízo sobre as eleições, na certeza de que o Brasil é mais patriota, generoso e corajoso do que a sua elite financeira.
Caio Coppolla é comentarista político e apresentador do Boletim Coppolla, na TV Jovem Pan News e na Rádio Jovem Pan
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Felizmente o bem vai vencer o mal e esse chefe quadrilheiro ( Luladrão ) não sairá vitorioso. Será o maior massacre que esse vigarista vai ganhar nas urnas. Podem esperar!
Nojo destes gestores canalhas, entreguistas, irresponsaveis. inacreditável sequer cogitarem a aceitar um criminoso que junto com a sua quadrilha destruiu o país. E isso foi ontem!!! pouquissimo tempo depois, acham normal o maior calhorda do país assumir o controle, sabendo o que ele pretende faze.
Essa grande corretora citada por Caio, tem uma diretora que em um programa Roda Viva, que se discutia sobre mercado e corrupção, disse que em nome do mercado, poderíamos fechar um pouco os olhos para a corrupção, eis aí o motivo de querer a volta do ladrão.
esse 9 dedos mais sua quadrinha alinhada com o stf o Brasil esta indo para a UTI
Excelente artigo. Parabéns. Essa dita “elite financeira” só pensa no próprio bolso. Não estão nem aí para o país.
Não existe comparação entre Lula e Bolsonaro.
É o oposto em governar
O comportamento da Maria Alice Setúbal, do Itaú, fez-me encerrar as operações que tinha com o banco desde 1976.
É um misto de irresponsabilidade e burrice, com uma pitada de oportunismo vil, apoiar a hipótese petista.
No último parágrafo, não teria sido melhor “…AUFERIR algum lucro ou benefício”?
Banqueiro e fundos ganham sempre. Agora estão escolhendo o lado em que acreditam ser o mais favorável. Cretinos.
É fácil entender porque a elite financeira prefere Lula, serão os mais beneficiados, como ocorreu na era petista, muito dinheiro para os mais ricos, esmolas para os pobres e a classe média que se exploda
Dá pra torcer para que os atuais banqueiros e donos de grandes empresas se lasquem? Dá sim, desde que se lasquem sozinhos, sem atingir o povo brasileiro.
Gostei do texto. Aborda um tema de difícil compreensão, que é o mercado preferir o passado corrupto, incompetente e irresponsável dessa “liderança” que governou o país a partir de 2002.
Brilhante a exposição desse grande comentarista político, vamos acordar para a realidade gente!
Sou convicto que somos mais patriotas, generosos e corajosos do que a elite financeira do Brasil. Observamos políticos corruptos, juízes corruptos e uma elite financeira pensando em lucros a curto prazo desde nosso saudoso Barão de Mauá. Mas, com afinco, iremos mudar o final da História do nosso Brasil.
O pior é que tem muito imbecil que acredita no este ladrão diz.
Quem mais ganha quando a inflação se instala no País de forma descontrolada ?
E o que acontecerá com as medidas pretendidas pelo Lula ? São inflacionárias ?
Resposta :
Fundos e Bancos.
Antes de abrasileirar o preço da gasolina, que tal americanizar a Justiça brasileira ?
Nunca o setor bancário foi tão exposto de que só importa para eles o curto prazo de grandes lucros com empresários e banqueiros “corruptos”. Nos tempos de PT no poder a tendência era saber qual era a percepção dos banqueiros e empresários corruptos sobre os políticos… corruptos também. No caso do Bolsonaro eles nunca pensaram nele pois nunca esperaram que ele ganhasse.
E desta vez penso que o povo já sabe o que quer. Os empresários e banqueiros que se explodam!