Durante a administração petista de Dilma Rousseff, as estatais federais deram um prejuízo de R$ 32 bilhões. Isso foi consequência de má administração, empreguismo, malversação de dinheiro das estatais, desvios, compras com sobrepreço, gastos em publicidade e patrocínios, corrupção e toda sorte de abusos possíveis. Os Correios e a Petrobras foram os mais claros e incontestáveis exemplos.
Em 2019, o lucro das estatais federais foi de R$ 109 bilhões. Em 2020, com o impacto da pandemia, caiu para R$ 59,2 bilhões e em 2021 atingiu R$ 184 bilhões. Por outro lado, isso foi devido à melhor administração, a cortes nos gastos de publicidade e patrocínios, à ausência de desvios e à eliminação de corrupção e sobrepreços. Com estatais apresentando um lucro dessa magnitude, surgem vozes questionando por que privatizar empresas tão lucrativas. Este raciocínio é natural e compreensível, mas carece de melhor análise.
Três razões para privatizar
Primeiro: o Estado não deveria possuir empresas estatais, ainda que lucrativas. O Estado não pode e não deve competir com a iniciativa privada, pois é ineficiente na administração dos negócios e acaba fazendo uso político dessas estatais. Não é papel do Estado administrar empresas, mas, sim, prover o país de infraestrutura, zelar pela segurança de seus cidadãos e buscar melhores sistemas de saúde e educação para a população. Há um desvio de finalidade do governo ao operar negócios, contrariando o Art. 173 da Constituição Federal.
O Estado não pode e não deve competir com a iniciativa privada pois é ineficiente na administração dos negócios
Segundo: existem governos e governos. A democracia é um sistema com alternância de poder. Assim, um dia, partidos que não são eticamente cuidadosos, não zelam pelo bem da coisa pública, colocam seus interesses acima dos interesses dos cidadãos, corrompem e usam das estatais para fins não republicanos estarão no poder e farão o uso político dessas empresas. Como proteção do patrimônio do povo, melhor seria vender essas estatais e, assim, eliminar de vez o mal uso dessas empresas, em benefício de alguns quando certos tipos de partidos assumirem o poder.
Terceiro: o melhor momento para privatizar as estatais é exatamente quando possuem bons resultados. Obtêm-se melhor valorização da empresa e mais grupos interessados, proporcionando uma disputa competitiva na venda de um ativo rentável. Pena não haver clima nem atitude política para vendas das estatais neste momento de elevados lucros. Estamos perdendo o timing das privatizações. Há, de fato, uma mentalidade contrária à privatização na cabeça de nossos principais líderes, na maioria dos partidos políticos e até mesmo no establishment.
Alguns dizem ser estratégica a Petrobras, o que é um absurdo. Estratégico é alfabetizar 11 milhões de analfabetos, é erradicar a pobreza
Estratégico seria vender as estatais
Estatais não são estratégicas. Estratégico num país é educação de qualidade, segurança para o cidadão e um sistema de saúde que funcione. Os governos insistem, mantendo cinco ineficientes bancos públicos, quando deveríamos deixar o mercado suprir, de forma melhor e sem ônus para o cidadão, essas lacunas. Alguns dizem ser estratégica a Petrobras, o que é um absurdo. Desde quando gasolina e diesel são estratégicos? Estratégico é alfabetizar 11 milhões de analfabetos, é erradicar a pobreza e a extrema pobreza. Estratégico é alocar os recursos de venda das estatais na construção de moradias para os 6 milhões de brasileiros sem teto.
Estratégico mesmo seria vender todas as nossas estatais. Neste momento de elevados lucros, seria uma oportunidade única. Nossas estatais valem mais de R$ 1 trilhão, dinheiro suficiente para erradicar totalmente a pobreza no país e doar uma casa para cada brasileiro sem teto. Assim teríamos uma nação com menos desigualdades cuidando daqueles nossos compatriotas mais vulneráveis. Não existe melhor política social para o país do que vender estatais e alocar os recursos obtidos em prol dos mais pobres!
Salim Mattar é empresário e presidente do Conselho do Instituto Liberal
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Privatiza, Brasil
Concordo com a matéria, mas discordo do ponto sobre o timing. Não é agora, por dois motivos: 1. estamos num ano de eleição, com um partido falacioso como o PT vendendo a imagem do Presidente como “entreguista”. O brasileiro não tem uma cultura política madura ainda, quanto mais uma relativa à necessidade de se privatizar bens públicos e tirar o governo desse papel realmente descabido de agente econômico. Somando dois e dois, quem pode dizer que o PT não vai angariar lucro eleitoral dizendo que o Presidente está “vendendo o País, entregando seus bens, bens do povo” ? 2. É justamente com os lucros que cabem ao governo que os benefícios a caminhoneiros, taxistas e pessoas da baixa renda estão sendo pagos, tirando muitos da vulnerabilidade e ajudando a deflacionar o País. Quando se vende a casa, num dia ensolarado ou no meio de uma ventania ? A resposta parece óbvia. Considerando o Presidente reeleito e a imutabilidade da política econômica do Ministro Paulo Guedes, as estatais continuarão dando lucro e poderão ser vendidas depois do vendaval, em boa parte criado pela esquerda, passar.
Volta Salim para o novo governo Bolsonaro com Paulo Guedes e expressiva composição parlamentar. Tua saída deixou má impressão na população do governo federal, apesar de você mesmo dizer que a culpa é do Congresso.
Sempre lúcido e consistente em suas análises, Salim Mattar é o tipo de homem da iniciativa privada que deveria estar em importantes cargos públicos, com liberdade para propagar e implantar suas ideias que visam tirar o peso do estado das costas dos brasileiros, principalmente dos pagadores de impostos.
privatização no Brasil ainda é “briga contra tigre estando com as mãos amarradas”…mas muito foi feito nesse atual governo…acredito que em um eventual segundo mandato de Bolsonaro algumas outras vão sair, inclusive a Petrobras…eu me lembro que torço abertamente pela privatização da empresa desde os idos de 1990…mas me orgulho e sempre defendi a empresa, principalmente nessa covarde responsabilização equivocada a ela pelos preços dos combustíveis…mas me orgulho como brasileiro, como me orgulho da Embraer…gostaria de ver todas privatizadas para que nunca mais o PT e asseclas tomem elas de assalto (literalmente) de novo…
Também penso que não deveriam existir estatais. E vou além, nem hospitais ou escolas estatais.
Mas achei os argumentos fracos, inclusive a cartada da “desigualdade”.
Artigo objetivo e certeiro. O melhor a fazer seria privatizar todas as estatais e rever o resultado para habitação, segurança, saúde e educação.
Extremamente feliz as análises de Salim Mattar.
Quanto a sua continuação ou não no governo, é de absoluta decisão dele.
Após sua saída, fez preciosas (como esta) análises do que é o stablishiment no Brasil
mais este cabra correu do pau, e agora fica pousando de bom moço, ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Privatizar já!
Salim Mattar,texto maravilhoso.Penso exatamente assim,as grandes estatais não foram corrompidas, portanto como consequência lucros nunca vistos em outros governos.Momento para vender e aplicar na educação,antes que qualquer aventureiro tome posse de nossos bens.
Porque saiu Salim?
Salim Mattar mata a pau, esses estatizantes que só quer se dá bem com dinheiro público
Já vi essa estória. Nada de acabar com a pobreza e o dinheiro é enfiado em qualquer lugar, menos pra isso.
Concordo em gênero, número e grau com a proposta.
Já trabalhei em estatal e sei o tanto que elas miram interesses corporativos em primeiro lugar. E, se sobrar tempo, dão alguma atenção aos interesses do Povo.