Um evento recente num restaurante de São Paulo deu uma mostra de como anda o mercado de luxo no país: 25 mulheres de diferentes perfis — de médicas a esposas de grandes empresários, todas com uma conta-corrente recheada — se encontraram para ver, provar e comprar uma coleção de produtos de luxo. Saldo do dia: foram vendidas 14 peças, sendo uma delas uma bolsa Hermès no valor de… R$ 115 mil. A publicitária paulistana Kaká Ravagnani e a sócia Stella Beyruti Pacini foram as anfitriãs do evento, através do brechó de luxo Vendi Comprei, espécie de intermediação de produtos de luxo, em geral seminovos, junto aos clientes, fundado por elas em 2018. No portfólio das sócias, há um mix das marcas mais valiosas do planeta: Chanel, Rolex, Hermès, Gucci, Fendi e Yves Saint Laurent. “Chanel e Hermès são imbatíveis no desejo das mulheres”, define Ravagnani. Desde a fundação, a peça mais cara vendida pela dupla foi uma bolsa Birkin, modelo 30 crocodilo. Valor: R$ 270 mil.
Sem crise na Tiffany
Se há um setor que passou imune à pandemia e até mesmo à crise econômica de muitos países foi o de luxo. Em balanço anunciado nesta semana, o conglomerado Louis Vuitton viu todas as divisões do grupo — com marcas como Tiffany, Bulgari, Givenchy, Moët & Chandon e Sephora — terem alta de dois dígitos nas receitas do primeiro semestre. O lucro líquido do grupo nos primeiros seis meses do ano foi de € 5,2 bilhões, alta de 62%, comparado com o mesmo período de 2019 e mais de dez vezes o registrado em 2020.
A ironia das bolsas
Um fenômeno ocorreu nesse mercado nos últimos três anos: artigos de luxo registraram altas vultosas. Uma bolsa clássica Chanel custa R$ 69 mil atualmente em uma loja da marca em São Paulo. Antes da pandemia, custava R$ 42 mil. Segundo a Front Row, plataforma de artigos de moda de luxo novos e seminovos, a Chanel modelo médio couro registrou alta de 32% entre junho de 2021 e o mesmo mês de 2022. Ironia das bolsas no mundo: enquanto a bolsa Chanel valorizou 15% nos seis primeiros meses deste ano, a bolsa brasileira, B3, caiu 5,86%, o dólar recuou 6,22% e o bitcoin desabou 57,8%.
Quem tem tem
Nos três últimos anos, quem lidou com luxo se deu bem. A Vendi Comprei, das intermediadoras (como gostam de se definir) Kaká e Stella, registrou um crescimento de 208% entre 2019 e 2022. “A verdade é que na pandemia ninguém viajou, ninguém saiu, as lojas estavam fechadas, sem produto, e a mulherada queria gastar. Quem tem dinheiro tem, não ficou sem”, diz Ravagnani. Com a valorização recente, de relógios a bolsas, ela percebeu o crescimento do interesse de venda de uma série de donos de artigos de luxo. “Os produtos da Rolex estão em falta. Tenho um cliente que comprou um por R$ 64 mil em dezembro e me procurou para ver se eu conseguia vender por R$ 70 mil e poucos em maio. Qual aplicação hoje rende R$ 10 mil tão rápido?” As vendas no brechó ocorrem através de cinco grupos lotados de WhatsApp, cada um com 250 membros, cujo pré-requisito é ser indicado por alguém da turma.
A humilhação por uma Hermès
No seleto e extravagante mundo do luxo, há uma particularidade: há poucas opções de produtos em determinadas marcas, justamente para dar a ideia da exclusividade. “A gente se humilha para ter uma bolsa Hermès. E Chanel não era tão difícil, mas está mudando”, diz Ravagnani. A Chanel tem limitado o número de bolsas para se tornar ainda mais desejada no mercado.
Arte do desapego
A autenticidade dos produtos de luxo tem um dispositivo norte-americano para medição — o Entrupy, uma máquina que escaneia e, com inteligência artificial, garante 99,1% se a bolsa é ou não falsificada. “É claro que já peguei coisa falsa — zíper que emperra, por exemplo. Há réplicas muito perfeitas, e a responsabilidade é toda minha. Por isso, resolvi importar”, diz Ravagnani. Para quem acha que esse mundo é pura futilidade, ou esses compradores deveriam pensar em doar, Ravagnani tem a resposta: “O luxo gera emprego e é algo sustentável. Você não usa, está embolorado no seu armário, pega o que você não gosta, troca ou vende. Pratique o desapego”.
A três meses das eleições
Daniella Marques, a nova presidente da Caixa Econômica Federal, não pensou duas vezes em aceitar o convite para comandar o terceiro maior banco do país. Mas confessa reservadamente que a missão é pesada: enfrentar a enorme crise de reputação da instituição, depois das denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente Pedro Guimarães, em uma estatal com 90 mil funcionários, muitos deles com famílias ali dentro e que se sentiram envergonhadas com o caso, que ganhou repercussão nacional. “Além disso, assumo a três meses das eleições”, disse Marques.
A rampa da Caixa
Empreendedorismo foi a palavra mais usada por Daniella Marques desde que chegou ao cargo principal da Caixa. Ela quer incentivo do banco com dinheiro na ponta, especialmente aos MEIs, os microempreendedores. “Empreendedorismo é uma das maiores ferramentas de redução de desigualdade social e transformação”, disse, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, apresentado por Augusto Nunes. “As nações que prosperaram e geraram riquezas são aquelas que inseriram pessoas nos mercados. Falam que os liberais não têm coração. Pelo contrário. Quero promover uma rampa financeira para que as pessoas tenham sua dignidade e conquistem a liberdade financeira. Não quero promover programas sociais, pois isso sustenta projetos políticos.”
Pegadas de carbono
O Bradesco abriu os bolsos e colocou uma campanha em todos os principais jornais do país para felicitar o Dia do Agricultor, 28 de julho. “Entre nós, você vem primeiro”, diz o anúncio. No fim de dezembro, o banco causou um enorme mal-estar com o setor agro, ao promover um vídeo publicitário de um aplicativo da instituição que calcula pegadas de carbono. A peça foi tirada do ar e levou o presidente do Bradesco a se retratar.
Alívio mundial
A GM, a Coca-Cola e o McDonald’s destacaram o Brasil em seus balanços trimestrais apresentados aos investidores. A montadora registrou que o país aparece como destaque no volume de vendas, com 32% de alta em 12 meses, enquanto a empresa teve uma queda de 19% nas vendas gerais. O refrigerante mais famoso do mundo disse que o Brasil teve o melhor desempenho entre os mercados emergentes, junto com a Índia. Já a rede de restaurantes escreveu que o Brasil e o Japão compensaram o desempenho ruim da saída da Rússia.
Arena do circo
Quase três anos depois da última passagem, o Cirque du Soleil levantou a arena em São Paulo para a temporada de shows em setembro na capital paulista e no Rio de Janeiro. A companhia trará ao país o espetáculo BAZZAR. Os artistas chegarão em agosto para os ensaios finais.
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Em relação à CAixa, a gestão de Pedro Guimarães foi exemplar e trouxe resultados brilhantes ao Banco. E, até agora, nada se provou contra ele. Grande gestor, espero que volte a ocupar algum cargo no 2o. mandato de Jair Bolsonaro.
Ótima reportagem!!!
Empreendedorismo
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Estou com a Daniella.
Como eu vou me sentir bem com uma reportagem dessa? Eu tomo vinho francês Carreteú 3 reais, tomo cachaça dinamarquesa
Caninha pé de serra 3 reais, bebo vodka da Bielorrússia Slov 5 reais, todas fabricadas em fundo de quintal de favela