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Mark Zuckerberg | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 139

Meta em queda, bicicletas elétricas em alta

Com uma estratégia ainda vaga no metaverso, a empresa de Mark Zuckerberg cortou 11 mil profissionais. Twitter e Microsoft seguem no mesmo caminho

Bruno Meyer
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Os dias que sucederam às demissões da Meta foram extremamente amargos, para usar as palavras de uma importante executiva da empresa no Brasil, que passou ilesa pela faca de Mark Zuckerberg. “Foi duro ver tanta gente brilhante partindo”, diz. A empresa é o sonho de destino para uma variedade de profissionais em diferentes áreas pelo peso de uma big tech no currículo e pelas benesses salariais. No pacote de benefícios, por exemplo, os homens têm uma generosa e inédita licença-paternidade de impressionantes seis meses, igual à das mulheres. A licença se estende para adoções, e pode ser usufruído só seis meses após o nascimento do filho para que o pai reveze com a mãe.

Dias amargos

A operação brasileira da Meta foi atingida duramente: o principal escritório da empresa, instalado desde 2012 em São Paulo, será desativado e dezenas de profissionais foram demitidos. Uma lista com os nomes e os contatos da maior parte dos desligados circulou entre empresas e em redes sociais, como o LinkedIn, para recolocação profissional. Ao todo, o chefão Zuckerberg cortou 13% da força de trabalho, o equivalente a 11 mil profissionais. Analistas ouvidos pela coluna acreditam que os desafios no curto prazo são enormes para a Meta. “Não sou otimista. Acredito que demora um tempo para fazerem efeito as mudanças anunciadas por Mark”, avalia Alberto Amparo, head internacional da Suno.

O gigante das redes sociais

Fundada nos campi da Universidade de Harvard, por Zuckerberg e o brasileiro Eduardo Saverin, o Facebook vinha de uma década dourada, com um crescimento de 30% a 40% ao ano, sobretudo em 2020 e 2021. No último trimestre de 2020, o então Facebook — antes de virar Meta — faturou mais de US$ 28 bilhões, em sua maior parte com publicidade, e teve um lucro líquido de US$ 11,2 bilhões, valor 53% maior que no mesmo período do ano anterior.

Eduardo Saverin (esq.) e Mark Zuckerberg (dir.) aparecem juntos com colegas de Harvard | Foto: Reprodução

Fábrica de cérebros

Com dinheiro abundante em caixa, a empresa passou a contratar centenas de profissionais no mundo, até bater numa folha de pagamentos com 87 mil pessoas. “Uma empresa convencional, quando tem demanda pelos produtos dela, se prepara, compra mais estoque, aumenta a capacidade de produção fabril. Se vem uma crise, ela acaba ficando com estoque demais, o que é um problema”, analisa Amparo. “No caso da Meta, é uma empresa que não tem estoque. É uma empresa de cérebros. No meio do caminho, houve eventos contrários, como a competição com o TikTok, e teve de demitir.”

Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, donos do Twitter, da Amazon e da Meta: onda de demissões impressiona o público, mas não o mercado | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Wikimedia Common

A faca de Zuckerberg

A onda de demissões nos gigantes de tecnologia — como Meta (11 mil), Twitter (3,7 mil), Microsoft (1 mil) e possivelmente  Amazon — dominou os noticiários e pegou muita gente de surpresa, mas não quem acompanha de perto o mercado financeiro. Exceto a Apple, dona do iPhone, que apenas no último trimestre rendeu US$ 42,6 bilhões (alta de 9,7%) só com a venda dos aparelhos, todas as empresas dependentes de receitas publicitárias foram golpeadas, na medida em que as companhias reduzem orçamentos no atual cenário de alta inflação norte-americana e alto custo de captação de capital. Mas a Meta — dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp — foi quem mais sentiu os ventos desfavoráveis: a receita caiu, os usuários diminuíram e não se renovam, especialmente no Facebook. A despesa sobe e há incerteza sobre o futuro do metaverso.

Nova dimensão 

A Meta, no entanto, tem um número poderoso a favor: ela possui a atenção de 3,7 bilhões de usuários no mundo, número do ecossistema da empresa. Antevendo uma fuga dessa multidão, Zuckerberg passou a ter uma obsessão nos últimos tempos, o Metaverso. A tese do empresário é que uma mudança ocorre a cada 15 anos no mundo da computação: houve o computador, a revolução da internet e a praticidade do celular (mobile). A próxima etapa seria ter uma nova dimensão. “Parece meio futurista, mas ele não está pensando em entregar ou vender óculos de realidade aumentada”, diz Alberto Amparo. “Ele quer ser e vender um novo sistema operacional dessa realidade virtual. É difícil julgar o potencial desses investimentos, porque é algo que pode evoluir exponencialmente”. No longo prazo, Amparo, aliás, é otimista com as ações da Meta.

*   *   *

Explorando o Rio com as laranjinhas | Foto: Tembici/Divulgação

As bikes elétricas… 

As bicicletas elétricas compartilhadas — conhecidas como “laranjinhas” — da Tembici, fundada em 2010 pelos brasileiros Tomás Martins e Mauricio Avillar, bateram 75 milhões de deslocamentos em 13 cidades da América Latina. São nove no Brasil e quatro no exterior, como Bogotá, Buenos Aires, Nordelta e Santiago. Segundo a Tembici, um dado ilustra o crescimento das bikes elétricas em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro: antes da pandemia, elas tinham cerca de duas horas de utilização diárias pelas pessoas. Atualmente, o uso passou de seis horas diárias.

a mobilidade sustentável…

No segundo semestre de 2021, a startup recebeu um aporte de R$ 430 milhões. Há dois meses, o banco Itaú renovou o patrocínio com a empresa para mais dez anos de parceria. Para Tomás Martins, presidente e cofundador da Tembici, sua startup chegou na hora certa diante de uma demanda global por elétricos. “Toda essa tendência de mobilidade sustentável ganhou muita tração, e a nossa empresa veio para mostrar que a opção da bicicleta elétrica é viável e vem se consolidando nas grandes capitais do mundo.”

Tomás Martins, presidente e cofundador da Tembici | Foto: Divulgação

e as cidades inteligentes

A ambição é expandir cada vez mais as bikes próximas aos transportes públicos, como metrôs. “As cidades inteligentes são possíveis, inclusive no Brasil. Quando falamos nelas, é para dar otimização à nossa cidade, dar eficiência e sustentabilidade”, diz Martins. “25% dos deslocamentos da Tembici começam e terminam perto de um transporte público. Isso é uma integração modal, é dar mais inteligência e eficiência para o transporte das cidades como um todo.” A ideia da startup veio, claro, da Holanda, a pátria das bicicletas, depois de Tomás passar uma temporada no país.

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Leia também “Um réveillon em Copacabana regado a Moët Chandon”

1 comentário
  1. Alecsei de Pieri
    Alecsei de Pieri

    Só resolver essa situação que estamos vivendo no Brasil e encerrar a conta no insta, whatsapp e facebook. Infelizmente mesmo com a censura por essa (s) empresa só conseguimos nos comunicar e divulgar o movimento do povo através dessas plataformas. Tirando revista oeste e gazeta do povo não sobra nada de decente.

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