Odeputado federal mais votado do Brasil, Nikolas Ferreira (PL-MG), 25 anos, se destaca quando o assunto é engajamento nas redes sociais. Ao todo, ele possui mais de 15 milhões de seguidores nas plataformas digitais, um alcance cobiçado pela maioria dos parlamentares. Usando um linguajar que o aproxima do eleitor jovem, o político mineiro tornou os seus perfis nas redes verdadeiros centros de informação sobre temas que geram polêmicas na sociedade, principalmente a pauta LGBT.
Depois de ser eleito para a Câmara Federal, Ferreira transportou o mesmo discurso das redes para o Parlamento, causando a ira dos deputados de esquerda. Foi o que aconteceu em 8 de março deste ano, Dia Internacional da Mulher. Ferreira subiu na tribuna da Casa usando uma peruca loira e defendeu as mulheres biológicas. O discurso, é claro, foi entendido pela esquerda como “transfóbico”, gerando até mesmo o início de um processo no Conselho de Ética.
O parlamento e a internet impulsionaram ainda mais o nome do deputado mineiro, que ganhou mais de 800 mil seguidores depois da fala “polêmica”. Desde 2020, quando entrou na política, Ferreira soube usar as redes sociais como aliada. De tal modo, que fez a esquerda tentar recriar um Nikolas Ferreira “progressista”: o deputado federal André Janones (Avante-MG).
“Janones é uma pessoa inútil, sem conteúdo, e nunca vi ele sendo atuante na Câmara dos Deputados. As poucas vezes que ele apareceu na CCJ não fez nenhum discurso, só tumultuou”
Janones já era membro da Câmara antes de Ferreira ser eleito. Durante as eleições de 2022, ele se tornou um grande aliado do presidente Lula e usou as redes sociais para, além de atacar o então presidente Jair Bolsonaro, disseminar ou compartilhar vídeos e “boatos” sobre Ferreira. Em um desses ataques a Nikolas, Janones comentou um vídeo, supostamente vazado por outra pessoa, em que um rapaz fazia sexo oral em seu parceiro. Com a ajuda do deputado de esquerda mineiro, a gravação foi atribuída a Ferreira — fato que foi desmentido posteriormente.
A notícia falsa rendeu um apelido de extremo mau gosto a Ferreira: “Chupetinha”. Algo que lhe perseguiu até a vida no Parlamento e fato que tornou a sessão de 28 de março na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) uma das mais inesquecíveis da Câmara.
A Oeste, Ferreira comentou o episódio lamentável ocorrido na CCJ, explicou qual tipo de relação existe entre ele e Janones, avaliou o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil, explicou o motivo de sempre comentar temas “polêmicos”, avaliou a possibilidade de se candidatar a prefeito de Belo Horizonte e muito mais. Confira os principais trechos.
Quais são as expectativas do senhor, depois do retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil?
Foi muito simbólico e importante. Isso retoma a nossa força nas ruas e na oposição. Ele continua sendo nosso líder e sendo o político que mais consegue arrebanhar pessoas em nosso país. É importante que ele cumpra uma agenda no Brasil, seja com motociatas, seja com comícios. Ele vai manter acesa a chama que incentivou em 2018.
Após sua participação na sessão da CCJ, que interrogou o ministro da Justiça, Flávio Dino, o senhor vem sofrendo muitos ataques?
Acredito que as pessoas que me ofendem na internet tenham liberdade para fazer isso. Jamais levaria alguém ao júri por conta de xingamentos. Contudo, aqui na Câmara, como é um âmbito com regras e limites, precisei tomar providências contra o Janones. Uma parte da internet que diz “o amor venceu” e exala o ódio ao pedir a minha morte. O discurso é incoerente e hipócrita. Graças a Deus, depois da minha fala em 8 de março, tive mais apoio do que represálias. Ganhei cerca de 800 mil seguidores somente no Instagram. Isso quer dizer que a maioria da população brasileira está de acordo com as minhas ideias. Por ser combativo, obviamente terei mais batalhas e mais lutas. No entanto, foi essa essência que me trouxe e que me manterá aqui.
Acredita que a oposição poderia ter se preparado mais para a sessão com o Dino?
Aquela sessão foi um grande aprendizado para que a gente se organize mais, visto que não ignoro a capacidade do nosso opositor. O Dino é uma pessoa capacitada. Mas, em nossa defesa, a sessão não foi tão eficaz como gostaríamos, pois os deputados perguntavam e o ministro tinha entre 12 e 15 minutos para responder a cada três questionamentos. Ele tinha uma vantagem de tempo muito grande, e não havia a opção de fazer uma tréplica dos deputados. Além disso, Dino se esquivou de todas as perguntas, inclusive da minha.
“Nenhum movimento na história da humanidade buscou a aprovação de 100% das pessoas. Os romanos sabiam que tinham opositores. O movimento LGBT deseja que todos se curvem diante das imposições deles”
O discurso do senhor na tribuna da Câmara em 8 de março gerou muitos comentários e ofensas, inclusive de parlamentares da própria direita, que disseram que o senhor “acertou no discurso, mas errou na forma”. Faria algo diferente se pudesse voltar?
Não mudaria nada. A mensagem foi dada, e a esquerda ficou completamente desesperada, pois eles trabalham esse tema há muito tempo, mas de forma silenciosa. Muitas pessoas que não sabiam o que estava acontecendo foram alertadas sobre a questão dos transgêneros nos esportes e nos banheiros. A esquerda ficou em polvorosa e tentou barrar o meu discurso. A atividade performática é feita há anos na política. Eu poderia ter usado uma máscara para falar sobre o piso da enfermagem ou uma algema para falar sobre segurança pública. Eles não ficaram nervosos por conta da peruca, até porque já aconteceu de deputados — como Jean Willis — cuspirem em outros colegas e não houve nenhuma reação da esquerda. O que incomodou foi o conteúdo do meu discurso.
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Ainda na campanha eleitoral de 2022, o senhor e o deputado André Janones já protagonizavam grandes discussões nas redes. Trata-se de uma rivalidade pessoal entre os dois, tendo em vista que ambos são de Minas Gerais?
É uma questão pessoal e de interesse. A publicação do Janones mais relevante nas redes sociais no último mês foi quando ele comparou a si próprio comigo. Ele sabe da relevância que ganha quando usa o meu nome. Janones tenta criar essa falsa rivalidade, que, na verdade, é uma disparidade. Tive sete vezes mais votos do que ele. Não perco muito tempo falando dele, mas sei que preciso responder a algumas questões. Janones corroborou com uma fake news de um vídeo em que um ator pornô gay, que ele seguia nas redes sociais, fazia sexo oral em outro homem. Isso ultrapassa o debate político. Ele é capaz de fazer de tudo por uma simples discordância de ideias. Ele é uma pessoa inútil, sem conteúdo, e nunca vi ele sendo atuante na Câmara dos Deputados. As poucas vezes que ele apareceu na CCJ não fez nenhum discurso, só tumultuou.
O senhor tem medo de ter seu mandato cassado?
Tirar 1,5 milhão de votos não é nada simples. E não há quebra de decoro no meu caso. A Comissão de Ética tem de ser justa, uma vez que eu deixei claro que meu discurso era sério. Não estava debochando. Apenas caracterizei meu discurso. Não tenho medo, mas tirar meu mandato seria calar a voz de mais de 1 milhão de mineiros. Medo eu tenho de Deus. Dessas demais coisas, não tenho nenhum juízo de valor e tenho esperanças de que meu mandato vai ser mantido
Antes de cogitar ser deputado federal, o senhor recebeu muitos votos como vereador. Agora, sendo o deputado mais votado do país, considera-se a próxima grande liderança da direita?
Não almejo liderança e não tomo atitudes buscando isso. As lideranças não são postas, mas são formadas de maneira natural. Faço o meu trabalho com retidão, caráter e afinco. Não sei a fórmula do sucesso, mas a do fracasso é querer agradar todo mundo. As pessoas sabem que sou combativo, mas também sou propositivo. A liderança é mais um peso do que um privilégio. Quero me preparar para caso isso ocorra.
As pautas identitárias são as que mais repercutem quando o discurso da esquerda é contrariado. Como surgiu seu interesse em falar tanto sobre esse assunto? (transexuais, ideologia de gênero…)
Nenhum movimento na história da humanidade buscou a aprovação de 100% das pessoas. Os romanos sabiam que tinham opositores. O movimento LGBT deseja que todos se curvem diante das imposições deles. Não existe nenhum movimento mais persecutório do que o ativismo LGBT. Eles caçam as pessoas. O deputado federal Maurício do Vôlei (PL-MG) perdeu o trabalho dele como jogador, pois ele era contra o personagem Super-Homem ser homossexual nos quadrinhos. O movimento LGBT também persegue pastores e cristãos. Isso me chama mais atenção, porque vejo o mal que vem crescendo. Esse ativismo persegue cada vez mais as pessoas. Não vou esperar eles dominarem tudo para começar a falar. Esse é um tema que me sensibiliza, pois afeta as crianças. Antigamente, o que o movimento queria era casar no civil. Hoje, vemos que eles querem a audiência de crianças, com desenhos que usam o pronome neutro e com drags queens dançando para os pequenos. Eles sabem que a infância molda o caráter da criança, e que elas daqui há 20 anos vão votar. Prezo pelo futuro dessa geração e pela nossa biologia. Eles pedem aceitação quando nem eles próprios se aceitam.
O senhor é um dos parlamentares mais engajados nas redes. Como converter influência em uma boa atuação na Câmara?
Trabalhando duro. É necessário ter uma disciplina muito grande na agenda para equilibrar o tempo. Preciso me dividir entre o plenário, para defender as minhas pautas; na elaboração de proposições, requerimentos e convocações nas comissões; na fiscalização in loco em Minas Gerais; na atuação cultural, em que palestro em igrejas nos fins de semana; e na produção de conteúdo na internet.
O presidente Lula ainda tenta, com muito esforço, conquistar uma base no Congresso, em especial na Câmara. Por que ele não conseguiu?
Nos governos anteriores do Lula, existia o Mensalão. Então era mais fácil de acontecer a harmonia entre os Poderes. Um roubava, outro ficava em silêncio e o terceiro soltava. Atualmente, não é dessa maneira. Graças ao Bolsonaro, temos a maior bancada conservadora de deputados e uma grande bancada de senadores de direita. Isso dificulta, pois não estamos aqui pelo dinheiro. Governo fraco, pauta fraca. Lula sabe que não pode enviar qualquer pauta para o Congresso, pois vai perder. O Brasil deu o recado no âmbito federal, compondo uma boa base conservadora na Câmara. Lula enfrenta dificuldades, por conta da incompetência dos próprios ministros, e acho que ele não vai completar esse governo.
Qual a relação do senhor com os deputados governistas nos bastidores?
As pessoas têm dificuldade para entender que as redes sociais são apenas um recorte do que somos. Quando olhamos o perfil do ex-lutador Mike Tyson no Instagram, o vemos batendo nos boxeadores, mas, se o encontrarmos nas ruas, ele não vai nos dar um soco. Comigo acontece o mesmo. Converso com os parlamentares de esquerda, embora alguns sejam irredutíveis e não conversem com ninguém. A Câmara, muitas vezes, se assemelha à sala de aula, onde precisamos pedir uma borracha emprestada para alguns ou perguntar algo para outros. Sou firme nas minhas posições, mas sou flexível para dialogar com todos.
Qual a atuação o senhor deve ter nas eleições municipais de 2024?
Não será uma tarefa fácil. O PT já vem trabalhando incansavelmente para levantar prefeitos e vereadores em diversas cidades. Mas nós também estamos assim. Quero focar em levantar jovens parlamentares por todo o Brasil. A juventude se comunica melhor com a juventude. Estou fazendo um levantamento para apoiar, pelo menos, dois vereadores em cada capital. Além disso, vou focar em Minas Gerais, para eleger muitos prefeitos e vereadores. O Bolsonaro é uma peça fundamental para isso, e o PL também. O papel da Michelle Bolsonaro também é muito importante nessa pauta. Queremos pessoas capacitadas.
O senhor consideraria a possibilidade de se candidatar à prefeitura de BH no próximo ano?
Ainda estamos avaliando os cenários. Mas sirvo melhor ao Brasil na Câmara. Cheguei aqui agora e estou focado em mostrar meu trabalho mês após mês e dia após dia. Não descarto essa possibilidade, mas vejo que sou útil e consigo representar mais os brasileiros na Câmara Federal.
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Parabéns Nikolas. Orgulho ver a juventude simbolizada com sua presença na câmara.
Parabéns pelo caráter e pela atuação em prol do Brasil e dos brasileiros, deputado! E com certeza, pelo menos neste momento, o Sr é imprescindível no nosso parlamento. Sem dúvida em 2026 ocupará a vaga do vergonhoso Rodrigo Pacheco no Senado.
O deputado tem pouca idade e experiência na câmara, mas já provou que tem pedigree político para tornar-se uma liderança nacional, pode esperar.
Tenho 66 anos e quando vejo um jovem parlamentar como o Nikolas acredito que ainda temos um caminho.
Difícil com certeza mas se bem pavimentado os resultados aparecerão.
Tenho uma neta, um neto e alguns sobrinhos neto e desejo que eles desfrutem de país melhor e para isso necessitamos de políticos que trabalhem em busca da honra e da decência.
Num país onde o sol é a escuridão o crime é a decência o certo é errado o vinho é água a fraude é a lisura. Não dá pra dizer nada enquanto isso perdurar
Nicolas precisamos de mais jovens como vc na política. O seus discurso no dia 08/03 na Tribuna da Câmara em defesa da mulher foi perfeito, cada qual no seu espaço. VC me representa.
Uma liderança da direita honesta, a ser lapidada, e estimulada. Quisera tivéssemos uma centena como ele dentro do parlamento.
Parabéns, Deputado. Teve meu voto e, pelo visto, o terá por muito tempo.
Deputado Nikolas, precisamos de Vossa Excelência na Câmara Federal, para combater a esquerda.