A esperança dos brasileiros que insistem em acreditar no Brasil sofreu um forte abalo na terça-feira 25 com a aprovação do regime de urgência para a votação do chamado Projeto de Lei da Censura pela Câmara dos Deputados. Até então, a aprovação da CPI do MST e a iminente instauração da CPMI do 8 de janeiro estimulavam a sensação de que o Congresso havia enfim acordado do período de hibernação, que começou no dia em que os parlamentares endossaram a prisão do deputado federal Daniel Silveira, determinada por um ministro do STF.
O PL da Censura é apenas mais um capítulo da história universal da infâmia, escrito pelos supostos representantes do povo. “A lei, para se falar em português claro e sem a muralha de hipocrisia que levantaram em torno dela, cria e entrega para o governo um mecanismo de censura no Brasil”, resume J.R. Guzzo, no artigo de capa desta edição. “Através dele o ‘Estado’, o que na prática quer dizer Lula e todo o seu Sistema, ganha o poder de decidir o que o cidadão pode ou não pode dizer na internet — e o que pode ler e ouvir.”
Alguns atos criminosos que levariam à punição dos autores são vagamente resumidos no texto do projeto de que trata a reportagem de Silvio Navarro: “A divulgação ou o compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados, que atinjam a integridade do processo eleitoral, inclusive os processos de votação, apuração e totalização de votos”.
Além do banimento das contas, um documento entregue ao presidente da Câmara pelo ministro Alexandre de Moraes propôs que as plataformas sejam multadas em R$ 100 mil a R$ 150 mil por hora. Parece uma piada de péssimo gosto. É coisa do Brasil real. Melhor: do país desenhado pelo Supremo Tribunal Federal, amparado por Lula, por boa parte do Congresso e pelos partidos de esquerda.
Enquanto isso, em São Paulo, as obras do Rodoanel avançam rumo à conclusão duas décadas depois do seu início. “O que era para ser a maior obra viária do Brasil tornou-se exemplo do que não fazer com o dinheiro público”, constata a reportagem de Joice Maffezzolli.
Joice percorreu vários quilômetros de asfalto e concreto para diagnosticar as disfunções que retardaram o final feliz de um projeto que enriqueceu boa parte do alto-comando do PSDB — especialmente o grão-tucano Paulo Vieira de Souza, vulgo Paulo Preto. Os desafios enfrentados pelo poder público são tão inquietantes quanto os encontrados por Dagomir Marquezi no litoral norte de São Paulo.
Dagô voltou à região quase três meses depois da tragédia que a devastou. Além de diversas famílias ainda sem lar, ele encontrou aqueles que preferiram voltar às áreas de risco a morar mais tempo em hotéis e alojamentos improvisados.
A esperança continua representando uma profissão para incontáveis brasileiros. Mas também isso tem limite.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
A Revista Oeste, é a nossa âncora de salvação, junto com poucos como a Jovem pan, contra o que está acontecendo
CARTA A OESTE
Desde que me entendo por gente nunca vi grandes nomes do jornalismo publicando sistematicamente, dia a dia, matérias apontando a miséria de salários e aposentadorias que recebem os trabalhadores no brazil e cobrando reajustes reais que devolvam o poder de compra e de uma vida digna dos cidadãos previstos na constituição. Não com o mesmo empenho, ênfase, como agora lutam, e é mais que justo, pela liberdade de expressão ameaçada pela agenda vermelha no poder. Será porque agora está em jogo a sobrevivência de muitos deles ? Será que estão realmente preocupados com a ‘liberdade’ do cidadão? Agora a constituição que garante a liberdade de expressão é diferente daquela que deveria garantir “um salário digno capaz de atender as suas necessidades vitais” ?? O que se sempre vimos foi o apoio da imprensa e desses ‘grandes nomes do jornalismo’ a cada maldade dos governos praticada contra os trabalhadores e aposentados. Redução de salários para ‘garantir empregos’, reajustes mínimos, redução de aposentadorias, aumento da idade para a aposentadoria, crime contra as pensões por morte, todas essas mentiras sempre foram apoiadas e defendidas pela ‘imprensa’. Nunca o consórcio ativista, a Oeste, Gazeta do povo, saiu em defesa dos trabalhadores e publicou ou publica uma campanha intensa verdadeiramente cobrando uma distribuição justa de renda. Por que ?? Por que agora os ‘jornalistas’ estão preocupados?? Esqueceram que o ‘porrete que bateu no Chico agora vai bater também no Antônio’ ???
Sem liberdade para reclamar dos salários acaba-se com o problema dos salários, ou assim deseja a “aristocracia” pública. O salário é um preço como outro qualquer que está sujeito às leis de mercado, se não está satisfeito com o valor procura outro que pague melhor ou mude de área de atuação. Já os impostos pagos para sustentar a burocracia estatal é que deveriam ser alvo de discussão. Imposto é roubo, mas as vezes é latrocínio.
O Brasil chegou a esse patamar porque permitiu-se. Desde que Bolsonaro proclamou-se candidato a presidente que o STF vem agindo ao arrepio da Lei e da Constituição. Bolsonaro como a maior autoridade do país, foi afrouxando as rédeas até a administração pública e a política tornarem-se insuportável e surreal. Agora cabe ao congresso, como poder, reverter esse processo
A CARTA AO LEITOR sempre é um bom começo aqui em Oeste. Os articulistas da minha preferência vêm em seguida. Depois, os outros que, a cada edição, também se superam. Mas hoje o elogio mais entusiasmado vai para as ilustrações da capa, das reportagens e artigos e da nova coluna INSTANTE.