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Fernando Haddad virou garoto-propaganda de fubá em feira do MST | Foto: Reprodução/redes sociais
Edição 165

A guerra contra o agro

Mais ideológico e raivoso, Lula rompe pontes com o maior setor da economia brasileira e usa o governo para fortalecer a militância do MST

Silvio Navarro
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu abrir uma guerra contra o principal segmento da economia brasileira: o agronegócio. Movido por uma mistura de ódio e ideologia ultrapassada, Lula afirma que o setor representa o fascismo, ainda que não exista nenhuma referência histórica entre as lavouras de soja, milho ou a pecuária e o movimento político que surgiu na Itália há exatamente um século e terminou na Segunda Guerra Mundial.

A aversão da esquerda ao empreendedorismo da agropecuária não é novidade nesta volta do PT ao poder. Historicamente, a esquerda nunca aceitou o sucesso da iniciativa privada no campo, porque é uma área que não pode controlar. O avanço do agro independe da mão do Estado, cujo papel se resume a fornecer condições de escoamento da produção — malha viária, férrea e infraestrutura portuária. O agro não precisa de decretos presidenciais nem sobrevive de incentivos fiscais, como a indústria, por exemplo.

Não há como brigar com a matemática: o grande salto no campo ocorreu justamente nos últimos 20 anos, o que inclui os governos do PT e a chamada explosão das commodities do início do milênio. Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor subiu de US$ 120 bilhões para US$ 500 bilhões (27% do país), o equivalente a uma Argentina. Um detalhe é fundamental nessa equação: a atividade rural tornou-se um motor da economia que não emperra — apesar dos políticos, dos impactos da pandemia ou do conflito na Ucrânia.

Aqui entra outro dado incontestável: no momento mais agudo da pandemia, a balança comercial brasileira se manteve positiva por causa do desempenho do agro. Naquele ano, com fábricas e o comércio com portas fechadas pela paranoia dos lockdowns, o homem do campo seguiu trabalhando. O resultado foi um superávit de US$ 105 bilhões do setor, o que salvou o déficit de US$ 44 bilhões da indústria e dos serviços paralisados.

O agro ainda gera empregos como nenhuma outra seara — hoje, representa cerca de 20% do país e há demanda por mão de obra em Estados do Centro-Oeste. Em Mato Grosso, a safra de 44 milhões de toneladas de soja classificaria o Estado, se fosse um país, como o terceiro maior produtor do planeta — segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil é o primeiro do ranking, com 151 milhões de toneladas, à frente dos Estados Unidos. 

Colheita da soja em Mato Grosso | Foto: Shutterstock

Além dos números da soja, o Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja e se consolidou como um dos pilares no fornecimento de café, milho, algodão, açúcar e proteína animal. Boa parte desses produtos, como a laranja, é produzida em São Paulo — 80% no cinturão cítrico, que se espraia para Minas Gerais, conforme o IBGE —, outro Estado cujo eleitorado tradicionalmente ergue uma muralha contra o PT nas eleições. 

Na virada do mês, São Paulo foi sede da Agrishow, o maior evento do ramo na América, em Ribeirão Preto (SP). Quando soube que Bolsonaro visitaria o local, o PT lançou a fake news de que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, havia sido desconvidado. Integrantes do governo que costumam reagir com o fígado, como Márcio França (Portos e Aeroportos) e Paulo Pimenta (Secom), pediram que o Banco do Brasil retirasse o patrocínio do pavilhão — numa clara confusão do papel do Estado com discussão típica de diretório partidário.

agrishow 2023 - números
Agrishow (2023)| Foto: Divulgação/Agrishow

O resultado foi que a feira movimentou R$ 13 bilhões em expectativas de negócios, de acordo com os organizadores. Bolsonaro foi ovacionado no interior paulista, sua primeira viagem desde o retorno ao Brasil. Lula não só não enviou nenhum representante do governo, como arrumou uma agenda na Bahia para discursar contra o agro.

“Tem a famosa feira da agricultura em Ribeirão Preto, que alguns fascistas, alguns negacionistas, desconvidaram meu ministro”, disse Lula. “Chego à Bahia e encontro os companheiros do agronegócio me entregando um convite para a segunda feira mais importante do país. Venho nesta feira só para fazer inveja aos maus-caracteres de São Paulo”

A conclusão já parece óbvia: embora os dados econômicos do setor sejam avassaladores, eles ficam em segundo plano, porque Lula sobrevive da guerra política. Mas resta ainda o MST.

A farsa do MST

Nas últimas duas décadas, os produtores rurais — grandes ou pequenos — se acostumaram a ouvir a gritaria do PT: são os vilões do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, os latifúndios impedem a reforma agrária, privilegiam o lucro e as exportações e não combatem a fome no país. Por que a narrativa forjada em números fictícios da fome — mais de 30 milhões de pessoas, segundo Lula, ou 120 milhões, de acordo com a ministra Marina Silva — não é checada é um mistério. Agora, se tudo isso já parecia combustível suficiente para o eleitorado de esquerda, surgiu um dado aniquilador: o agro é “bolsonarista” — portanto é vil e não presta.

Em Mato Grosso, por exemplo, coração do agronegócio, Jair Bolsonaro teve o dobro dos votos de Lula no segundo turno. Em alguns municípios, o ex-presidente obteve quase 80% dos votos. O desempenho também se repetiu em cidades produtoras no Sul e no interior de São Paulo.

A narrativa do “agro é bolsonarista” virou a nova bandeira do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Sem o Partido dos Trabalhadores, o MST não existe — e um precisa do outro. Em menos de cinco meses de governo, o número de invasões de terras passou de 50, ante 24 em todo o mandato de Bolsonaro. As invasões tampouco têm a ver com a posse de terras: Bolsonaro entregou 362 mil títulos de propriedades, ante 100 mil de Lula e 166 mil de Dilma Rousseff.

João Stédile na comitiva de Lula na China | Foto: Palácio do Planalto

Desta vez, o MST parece estar ainda mais perto do poder: o líder do movimento, João Pedro Stédile, viajou com a comitiva do presidente para a China, bancada pelos pagadores de impostos. Em solo asiático, lançou uma ameaça, cumprida pelos seus seguidores, que invadiram dezenas de propriedades numa onda de crimes batizada de “Abril Vermelho”.

O MST também chegou aos gabinetes. Desde janeiro, foram trocados 19 superintendentes estaduais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A maioria dos nomes foi escolhida pelo movimento. Duas brigas, inclusive, chegaram a Brasília: em Alagoas e no Amapá. No primeiro caso, o dirigente é César Lira, primo do presidente da Câmara, Arthur Lira. A sede em Maceió foi invadida. No segundo, Flávio Muniz é cota do senador Davi Alcolumbre. Ambos se recusaram a entregar o cargo para o MST, e a confusão continua.

“Com a vitória de Lula, criou-se uma expectativa para um novo movimento do Incra em Alagoas. É notória a postura do superintendente atual, que está lá desde o golpe. Ele defende um projeto de reforma agrária bolsonarista”, afirmou Margarida da Silva, dirigente nacional do MST, em reunião com o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário — pasta criada para atender o MST).

Opinião do jornal Folha de S.Paulo (20/5/2023) | Foto: Reprodução

Reunião do MST com o ministro Paulo Teixeira em Alagoas | Foto: Divulgação/MST

A militância política também invadiu a Embrapa, empresa de pesquisa no campo. O MST tomou terras agricultáveis, em Petrolina (PE), no mês passado — a Justiça já ordenou o despejo. Paralelamente, há uma intensa queda de braço no conselho de administração. Os atuais dirigentes resistem em aceitar as novas indicações por problemas de currículo e temor de uso político da empresa pela esquerda. Dos quatro nomes apresentados para a diretoria, um foi aprovado na semana passada. A pesquisadora Ana Margarida Castro Euler é vinculada ao La Recherche Agronomique pour le Développement, instituto ligado ao governo da França, e teve um cargo de direção no WWF-Brasil. As duas instituições combatem o agronegócio brasileiro.

“A produção de arroz do MST não atende sequer à demanda da populosa zona leste de São Paulo, com mais de 5 milhões de habitantes”

A politização extrema do que até poderia ser um movimento de agricultura familiar chegou ao ápice no último fim de semana. O MST organizou uma feira num parque público da capital paulista com a presença de seis ministros de Lula, entre eles Fernando Haddad (Fazenda) e o vice-presidente, Geraldo Alckmin. No centro do parque foi realizado um teatro absurdo. Os militantes montaram uma cela para encenar a “prisão de bolsonaristas golpistas” na Papuda por causa dos protestos do dia 8 de janeiro.

Haddad estampa propaganda de fubá em feira do MST | Foto: Reprodução/Twitter
A ‘cela’ construída pelo MST | Foto: Reprodução/Redes sociais

“A instabilidade que Lula criou com o agro não vai cessar. Rompeu as pontes com o agronegócio porque governa como um sindicalista dos anos 1980”, afirma o deputado Evair de Melo (PL-ES), um dos líderes da bancada ruralista no Congresso

A imagem do ministro da Fazenda, com ar de galã de novela mexicana, fazendo propaganda de fubá de milho é outro retrato da demagogia. A produção de fubá e todos os demais produtos é ínfima para atender um país com dimensões continentais como o Brasil. O melhor exemplo é o arroz orgânico, livre de agrotóxicos. O MST espera colher 15 mil toneladas de safra neste ano. Considerando que o Brasil é o maior consumidor de arroz fora da Ásia — em média, 130 gramas por dia —, a produção do MST não atende sequer à demanda da populosa zona leste de São Paulo, com mais de 5 milhões de habitantes. O Brasil produziu 10 milhões de toneladas de arroz, apesar do impacto do clima no ano passado no Rio Grande do Sul.

Se é fato que o MST é muito mais uma massa de manobra política do PT do que uma frente de agricultura familiar sem CNPJ, quem financia o movimento? O lucro com a venda de centenas de bonés para jovens frequentadores dos bares da Vila Madalena (SP), do Leblon (RJ) ou de festas universitárias? A primeira resposta foi descoberta pela revista Veja na quarta-feira 17. A feira em São Paulo custou R$ 1,7 milhão. O dinheiro saiu do caixa do Incra — portanto, do pagador de impostos. A nota fiscal é a primeira prova de que Lula usou o governo para financiar o MST, além de levar João Pedro Stédile a passear na China. Outras tantas respostas guardadas a sete chaves há muito tempo podem vir à tona até o fim do ano: teve início a CPI do MST.

Leia também “A censura tem pressa. Eles vão tentar de novo”

9 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Até a aposentadoria de um trabalhador é saqueada pelo Incra. Todo mês uma parte da guia do INSS vai para o Incra.

  2. João Carlos Félix Souza
    João Carlos Félix Souza

    Não tenha dúvida que o problema do Agronegócio com Lula está na grande número de eleitores de Bolsonaro neste segmento.
    O Lula VINGATIVO não iria deixar isso passar.
    Esse ódio e pura vingança contra o Agronegócio.
    Lamentável, como essa pessoa pode ser o Presidente do Brasil?

  3. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Felizmente o DESgoverno dos PeTralhas irá ruir de podre. O agro ainda é desconhecido de grande parte da população e se alguns dos integrantes do MST receber uma enxada de presente, não saberá para que ela serve.
    Além de ser o setor mais produtivo da economia nacional e ter espaço para crescer sem desmatar e respeitando as leis ambientais brasileiras que são severas.
    O agricultor sabe melhor que ninguém que sem o meio ambiente preservado seu negócio não se mantém.
    O movimento do agro começa na jazida de minério de ferro que produzirá o aço para fabricação de máquinas e equipamentos. Tem os técnicos da EMBRAPA que pesquisam tecnologias e variedades de sementes. TI que desenvolve e aperfeiçoa sistemas operacionais. Química com a produção de fertilizantes. Fazendas especializadas em produção de sementes e embriões. Trabalhadores das fazendas que fazem a roda girar. Tradings que cuidam dos trâmites burocráticos para venda dos produtos ao mercado externo. Movimenta transportes, portos e aeroportos.
    O que a esquerda quer principalmente a europeia, leia-se França em primeiro lugar, é criar barreiras para o agro brasileiro.
    Para ficar em apenas um exemplo, uma tonelada de açúcar de cana brasileiro custa em média USD$ 330.00. Uma tonelada de açúcar de beterraba francês custa em média USD$ 660.00. E essa cotação se estende a praticamente todos os produtos. Não precisa muita análise para entender porque a França boicota o agro brasileiro, e pior, com aval do PRESOdente brasileiro.

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Como conviver com essa tipo de gente? Help parlamento!!!!

  5. Silas Veloso
    Silas Veloso

    Muito bem exposta as ações deletérias da esquerda contra o agro

  6. Pedro Hemrique
    Pedro Hemrique

    Só chorando! Não é possível que a autointitulada intelectualidade brasileira não consiga enxergar um plano se que à frente do nariz e convencer o seu ídolo, o condenado em todas as instâncias jurídicas e colocado como presidente pela STF, que o agronegócio brasileiro responde por 30% no PIB do Brasil?

  7. MNJM
    MNJM

    Lula é um boçal, simples assim. Haddad gosta de ser ridículo.

    1. Pedro Hemrique
      Pedro Hemrique

      Discordo! Boçal ele não é. É o maior espertalhão que temos conhecimento. Quanto ao poste? É só um poste!

  8. Edson Carlos de Almeida
    Edson Carlos de Almeida

    É a cara desse imbecil do taxadd , fazer propaganda dos terroristas.

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