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Cena de vandalismo no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro, Brasília | Foto: Agência Brasil
Edição 179

Carta ao Leitor — Edição 179

O resgate de fatos que revelam a verdade sobre o 8 de janeiro e a reestatização da Eletrobras estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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O que levou parte da multidão de brasileiros acampados pacificamente nas cercanias de quartéis militares a agir como uma horda de vândalos enfurecidos? Por que as tropas encarregadas de proteger as sedes dos Três Poderes nada fizeram para impedir a invasão dos prédios públicos? Por que foram ignorados sucessivos alertas sobre possíveis erupções de violência no coração geopolítico da capital federal? 

Apesar das blindagens e manobras diversionistas articuladas por quem sabe as respostas, as peças reunidas até agora já permitem acreditar que logo estará montado o quebra-cabeça que mostra o que efetivamente aconteceu no 8 de janeiro em Brasília. Algumas atestam o envolvimento de autoridades do governo Lula. Outras informam que, quando a situação saiu do controle, figurões da aliança que assumiu o comando do país jogaram lenha na fogueira. É o que revela a reportagem de capa desta edição, assinada por Silvio Navarro e Rute Moraes. Um diálogo até agora inédito, por exemplo, inclui a intrigante reação do general Gonçalves Dias, que chefiava o Gabinete de Segurança Institucional, ao saber que mais de cem ônibus com manifestantes haviam chegado à cidade: “Vamos ter problemas”. O que fez depois de enunciar a frase de três palavras? 

É assustador o empenho do Executivo em manter escondidos pontos que continuam nebulosos. O Palácio da Justiça, por exemplo, contíguo à sede da Presidência da República, possui cerca de dez câmeras de segurança em cada andar. Embora a CPMI do 8 de janeiro tenha solicitado formalmente o material para checar a movimentação no local, o ministro Flávio Dino — que já declarou ter assistido a tudo que aconteceu naquele dia “de camarote” — continua ocultando o que pode esclarecer o que fez naquele domingo. 

Enquanto isso, no Judiciário, os ministros do STF decidiram permitir que eles mesmos e todos os magistrados do Brasil julguem casos de escritórios de cônjuges e parentes. Essa peculiaridade se junta a uma série de outras excentricidades da Suprema Corte brasileira. Uma das mais notáveis é a existência dos “capinhas”. É como são chamados os auxiliares dos ministros, que têm como função primordial carregar papéis e livros, “além de empurrar a poltrona até que sua excelência esteja devidamente sentada”. A reportagem de Cristyan Costa e Gabriel de Arruda Castro apresenta diversas outras.

Atualmente, o Executivo tem no Judiciário seu principal aliado. Está recorrendo a ele para, entre outras coisas, reverter a privatização da Eletrobras, revela a matéria de Carlo Cauti. Ou para ressuscitar o Imposto Sindical, lembra J.R. Guzzo. “O artigo 5º da Constituição, que estabelece os direitos fundamentais do cidadão brasileiro, diz que ninguém pode ser obrigado a associar-se a qualquer tipo de entidade ou a permanecer sócio se quiser sair”, observa Guzzo. “Se a pessoa tem o direito de não entrar no sindicato, por que teria a obrigação de pagar o imposto?”

Não é a única cláusula da Carta Magna que parece ter sido ignorada. O artigo 1º avisa por escrito que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Faz tempo que essa determinação constitucional está em recesso. Aos olhos dos ministros, a vontade popular não tem a menor importância. No momento, vale o mesmo que nada.

Boa leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 179 | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução
2 comentários
  1. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Vocês estão dando outro show de competência nesta edição .

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O cara ser pago com dinheiro público pra carregar papéis e afastar a cadeira pra ministro sentar nem no tempo de Nero. Estamos na quinta revolução industrial, ou não perceberam?

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